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Bom dia, Passada a excitação
da véspera e do Dia de Natal, acordamos hoje num mundo que não mudou
magicamente. As guerras continuam, as injustiças persistem e o silêncio que
se segue à festa pode, por vezes, parecer pesado. Foi precisamente para
este momento que o Papa Leão XIV apontou na sua mensagem Urbi et Orbi,
ao citar Yehuda Amichai (1924–2000). A escolha de um poeta israelita, no
atual contexto de sofrimento no Médio Oriente, é um gesto de enorme
simbolismo diplomático e espiritual. Mas é a imagem do poema citado que fica
a ressoar neste 26 de dezembro: a “paz selvagem”. “Como quando no coração a excitação termina e apenas se pode
falar de um grande cansaço. [...] Venha de repente, como as flores selvagens,
porque o campo precisa dela: paz selvagem”. Na varanda central da
Basílica de São Pedro, o Papa não poupou nas palavras. Evocou o "povo
ucraniano massacrado", a crise em Gaza e as guerras esquecidas em
África. Leão XIV lembrou que Deus "não nos pode salvar sem nós" e
pediu que não nos deixemos vencer pela indiferença.
Por cá, de norte a
sul e nas ilhas, os bispos portugueses traduziram o mistério do Natal para os
desafios concretos do nosso tempo. Houve alertas contra a ditadura do
digital, apelos à inteligência espiritual e convites a desarmar o coração.
No Programa Ecclesia
de hoje (15h00, RTP2), recordamos três momentos chave que marcaram este ano
jubilar, a caminhar para o seu fim: o Jubileu dos Jovens, o Jubileu do Mundo
Missionário e o Jubileu da Catequese e do Mundo Educativo. Para fazer este
balanço e olhar o futuro, convidámos Pedro Carvalho, diretor do Departamento
Nacional da Pastoral Juvenil; Joana Peixoto, da Fundação Fé e Cooperação
(FEC);e Rita Santos, do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC). Voltando ao início
desta conversa, a liturgia não nos deixa adormecer na doçura do presépio.
Logo no dia seguinte ao Natal, a Igreja celebra Santo Estêvão, o primeiro
mártir. É um lembrete abrupto de que a incarnação de Deus é levada a sério
até às últimas consequências. A "paz selvagem" de que fala o Papa
exige, muitas vezes, a coragem de Estêvão: a coerência de vida, mesmo quando
o mundo responde com pedras. Despeço-me com votos
de boas notícias, sempre, Octávio Carmo |
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