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sexta-feira, 26 de dezembro de 2025

Uma «paz selvagem» para o dia seguinte

Bom dia,

Passada a excitação da véspera e do Dia de Natal, acordamos hoje num mundo que não mudou magicamente. As guerras continuam, as injustiças persistem e o silêncio que se segue à festa pode, por vezes, parecer pesado.

Foi precisamente para este momento que o Papa Leão XIV apontou na sua mensagem Urbi et Orbi, ao citar Yehuda Amichai (1924–2000). A escolha de um poeta israelita, no atual contexto de sofrimento no Médio Oriente, é um gesto de enorme simbolismo diplomático e espiritual. Mas é a imagem do poema citado que fica a ressoar neste 26 de dezembro: a “paz selvagem”.

“Como quando no coração a excitação termina e apenas se pode falar de um grande cansaço. [...] Venha de repente, como as flores selvagens, porque o campo precisa dela: paz selvagem”.

Na varanda central da Basílica de São Pedro, o Papa não poupou nas palavras. Evocou o "povo ucraniano massacrado", a crise em Gaza e as guerras esquecidas em África. Leão XIV lembrou que Deus "não nos pode salvar sem nós" e pediu que não nos deixemos vencer pela indiferença.

Por cá, de norte a sul e nas ilhas, os bispos portugueses traduziram o mistério do Natal para os desafios concretos do nosso tempo. Houve alertas contra a ditadura do digital, apelos à inteligência espiritual e convites a desarmar o coração.

No Programa Ecclesia de hoje (15h00, RTP2), recordamos três momentos chave que marcaram este ano jubilar, a caminhar para o seu fim: o Jubileu dos Jovens, o Jubileu do Mundo Missionário e o Jubileu da Catequese e do Mundo Educativo.

Para fazer este balanço e olhar o futuro, convidámos Pedro Carvalho, diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil; Joana Peixoto, da Fundação Fé e Cooperação (FEC);e Rita Santos, do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC).

Voltando ao início desta conversa, a liturgia não nos deixa adormecer na doçura do presépio. Logo no dia seguinte ao Natal, a Igreja celebra Santo Estêvão, o primeiro mártir. É um lembrete abrupto de que a incarnação de Deus é levada a sério até às últimas consequências. A "paz selvagem" de que fala o Papa exige, muitas vezes, a coragem de Estêvão: a coerência de vida, mesmo quando o mundo responde com pedras.

Despeço-me com votos de boas notícias, sempre,

Octávio Carmo

 

 


agencia.ecclesia.pt

      



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