Gerir o dia, com todas as solicitações, horas ocupadas com trabalho profissional, família, amigos, oração e vida interior. Tudo via como minha obrigação e aceitava com uma vontade muitas vezes forçada; tudo era feito porque sentia que era da minha responsabilidade. Quando descobri que não tinha de ser assim, andava eu a dar os primeiros passos no Caminho de São Josemaria. ‘Dizes que não podes fazer mais? - Não será que não podes fazer menos?’ (Caminho, ponto 23).
Por vezes faltava-me a vontade para ir às atividades de formação. Pensava: não estava nada a apetecer-me ir para Setúbal. Hoje está a chover, vou pensar se vou... O que é certo, é que fui sempre, porque sentia a responsabilidade à palavra dada de que iria. Dou graças a Deus porque o Espírito Santo me enviava.
Era um sentimento misto, pensava que devia aproveitar esse tempo para descansar, mas logo era impelida a deixar a minha zona de conforto. Partia de Sesimbra e lá ia eu até Setúbal, cansada, mas assim que entrava na igreja, começava a aquietar o meu coração e a interiorizar o que me levava ali. Conversava com o nosso Pai, contava-lhe os meus anseios e deceções, e Ele ali, que já esperava por mim (eu, tão pouca coisa). Ficava tão disposta a ouvir o sacerdote nesses benditos momentos de retiro mensal.
Vinha de lá cheia de vontade de trabalhar na vinha do Senhor, cheia de propósitos e muito alegria, uma alegria que quase não cabia em mim.
Entrar na Obra foi uma felicidade. Nesse dia 6 de outubro, escolhido por
ser aniversário da canonização de S. Josemaria, havia também uma grande festa
em Fátima, festejávamos os noventa anos da Obra. Eu estava lá, e foi uma
alegria redobrada, tantas felicitações das até então minhas amigas ou
conhecidas, e agora juntas nesta nova família. Estava nas nuvens, por assim
dizer...
A minha vida não mudou, o trabalho continua, a família cada vez com mais
solicitações, aos amigos uma palavra amiga ou somente momentos de escuta, o
apostolado com as crianças da catequese. Realmente quem mudou fui eu que percebi que tudo quanto São Josemaria nos
indica, veio de inspiração divina. Eu não posso fazer menos, eu posso fazer
muito mais. Todos podemos não fazer menos. A Oração é o interruptor. O tempo que lhe dedicamos acrescenta-nos tempo.
Orienta o nosso dia, e apercebemo-nos que conseguimos fazer tudo o que for
preciso, somos mais orientadas, temos mais vontade e alegria, mais crescimento
interior e sobretudo mais amor. Todos somos chamados a ser Santos, e neste caminho acredito que podemos
chegar mais perto. Caímos e levantamo-nos, sempre com a mão do Senhor que está
ali a apoiar-nos. Obrigada a todas que me têm ajudado nesta descoberta. Obrigada, São Josemaria. Que todos possamos fazer mais e mais.
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