A Igreja celebra a solenidade litúrgica de Todos os Santos, na qual recorda “os eleitos que se encontram na glória de Deus”, tenham ou não sido canonizados oficialmente.
As Igrejas do Oriente foram as primeiras (século IV) a promover uma festa conjunta de todos os santos; no Ocidente, foi o Papa Bonifácio IV a introduzir uma celebração semelhante em 13 de maio de 610, quando dedicou à Santíssima Virgem e a todos os mártires o Panteão de Roma, dedicação que passou a ser comemorada todos os anos.
A partir destes antecedentes, as diversas Igrejas começaram a solenizar em datas diferentes, celebrações com conteúdo idêntico.
A data de 1 de novembro foi adotada em primeiro lugar na Inglaterra do século VIII acabando por se generalizar progressivamente no império de Carlos Magno, tornando-se obrigatória no reino dos Francos no tempo de Luís, o Pio (835), provavelmente a pedido do Papa Gregório IV (790-844).
Segundo a tradição, em Portugal, no dia de Todos os Santos, as crianças saíam à rua e juntavam-se em pequenos grupos para pedir o ‘Pão por Deus’ de porta em porta: recitavam versos e recebiam como oferenda pão, broas, bolos, romãs e frutos secos, nozes, amêndoas ou castanhas, que colocavam dentro dos seus sacos de pano; nalgumas aldeias chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’.
Já no dia 2 de novembro tem lugar a ‘comemoração de todos os fiéis defuntos’, que remonta ao final do primeiro milénio: foi o Abade de Cluny, Santo Odilão, quem no ano 998 determinou que em todos os mosteiros da sua Ordem se fizesse nesta data a evocação de todos os defuntos ‘desde o princípio até ao fim do mundo’.
Este costume depressa se generalizou: Roma oficializou-o no século XIV e no século XV foi concedido aos dominicanos de Valência (Espanha) o privilégio de celebrar três Missas neste dia, prática que se difundiu nos domínios espanhóis e portugueses e também na Polónia. Durante a I Guerra Mundial, o Papa Bento XV alargou esta solenidade a toda a Igreja (1915).
Em contraste com esta festa católica está o ‘Halloween’, vindo dos Estados Unidos da América e agora muito celebrado também na Europa, no dia 31 de Outubro. Esta comemoração veio dos antigos povos celtas que habitavam a Grã-Bretanha há mais de 2000 anos. Hoje tem grande relevo e as opiniões dividem-se, mas de facto tem uma nítida influência pagã com contornos muito pouco católicos nas suas práticas e disfarces, que mais lembram a maldade e a superstição do que a bondade e a santidade.
É óbvio que as famílias cristãs podem — e devem — servir-se dessa ocasião, em suas casas, para restaurar o autêntico sentido católico do dia 31 de outubro: aproveitar a proximidade da festa de Todos os Santos para inspirar as crianças e os jovens a imitarem o exemplo desses amigos de Deus e aspirarem ao destino eterno que eles alcançaram.
Uma boa sugestão nesse sentido seria, ao invés de vestir os filhos com costumes dos condenados ao inferno, vesti-los com roupas de santos. Vesti-los de santos, sim, o que não significa necessariamente vesti-los com hábitos clericais ou religiosos, porque afinal, como nos ensina a história da Igreja, a santidade é para todas as pessoas, independentemente do estado de vida — e da faixa etária — em que se achem. Incentivando nossas crianças a celebrarem deste modo a véspera de Todos os Santos, começaremos a prepará-los desde já para a celebração plena desse mistério no Céu.
Maria d´Oliveira
Sem comentários:
Enviar um comentário