Passou um mês desde a assinatura da mais recente encíclica
do Papa Francisco, aquela que nos recorda que sermos irmãos é uma opção e que
convida todos os homens de boa vontade a viver um “amor que ultrapassa as
barreiras da geografia e do espaço”. A Agência ECCLESIA e o
Secretariado Nacional das Comunicações Sociais promoveram, ontem um debate
online que juntou a reflexão de Eugénia Costa Quaresma, Psicopedagoga e
diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (CEP); João Duque,
professor de Teologia e Pró-reitor da Universidade Católica Portuguesa; Tony
Neves, Missionário Espiritano e Coordenador para a Justiça, Paz e Integridade
da Criação e Diálogo Inter-religioso dos Missionários Espiritanos e Ricardo
Zózimo, professor de gestão, Nova SBE e do Grupo “A Economia de Francisco” a
que se juntou a moderação de Octávio Carmo, chefe de redação e vaticanista da
Agência ECCLESIA. Se não pode acompanhar a
reflexão, vai hoje poder encontrá-la na portal de informação da Ecclesia.
Esta encíclica, sabemos já, está a pontuar a vida de grupos de reflexão e
este contributo a várias vozes pode ajudar a aprofundá-la. Em curso a semana dos Seminários que acompanhamos indo ao encontro das realidades diocesanas, neste caso, da forma como a equipa do pré-Seminário de Penafirme, no Patriarcado de Lisboa, procura envolver os jovens que acompanha e as suas família em tempo de distanciamentos sociais. O caminho tem sido de procurar o melhor que as plataformas digitais permitem sem esquecer que o homem é um “animal de relação”. “As famílias agradecem a complementaridade do online e do presencial. Foi importante pormos as famílias rezarem a vocação com os filhos: não é dizerem aos filhos qual a sua vocação – pode ser uma tentação – mas rezarem com eles e desafiá-los a isso”, explica o padre Rodrigo Alves. Se em tempos de pandemia se vão
descobrindo formas alternativas de nos colocarmos em relação, como aquelas
também contadas
pelo padre Nuno Rosário Fernandes, há quem se sinta sozinho e enfrente lutos
e ausências difíceis de integrar em tempos inaugurais como estes. No início
desta semana demos início às «Conversas
do silêncio», aquele que se sente por não se conseguir encontrar palavras
ou se impõe perante uma falta. As interrogações, o luto, a
perda, o caminho de todos os dias, também os rituais são abordados pelo Frei
Hermínio Araújo, religioso franciscano, que nos acompanha esta semana todos
os dias às 17h no portal da Agência e a cada noite, na Antena 1, pela 22h45. São sempre limitadas as linhas
destas newsletter para o muito que se publica diariamente no site da Agência
Ecclesia onde encontra sempre mais para ler, ver e ouvir. Tenha um excelente dia. Cuide dos
outros, cuidando também de si. A saúde começa em cada um de nós! Até já! |
quarta-feira, 4 de novembro de 2020
Vamos aprofundar a «Fratelli Tutti»?
terça-feira, 3 de novembro de 2020
«Nos trajeron un bebé rescatado por un perro»: Sor Justina y su orfanato misionero en Senegal
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Más testimonios de misioneros aquí en OMP
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Aparições marianas em Portugal. Porquê?
Milagrosa independência
Segunda parte
Na Batalha de Aljubarrota, a 14 de Agosto de 1385, D. Nuno Álvares Pereira comandou a vanguarda do exército Português, que enfrentava um inimigo quatro a seis vezes mais poderoso, vencendo-o mais pelo poder da oração e da sua estratégia militar (táctica do combate em quadrado) do que pelo poder das armas.
Esta batalha viria a ser decisiva para o fim da instabilidade política de 1383-1385 e um marco muito importante na História de Portugal porque evitou que o País caísse nas mãos de Castela e perdesse a sua independência.
Finda a ameaça castelhana, D. Nuno Álvares Pereira permaneceu como Condestável do reino e tornou-se Conde de Arraiolos e Barcelos. Entre 1385 e 1390, ano da morte de D. João de Castela, dedicou-se a realizar incursões contra a fronteira de Castela, com o objectivo de manter a pressão e dissuadir o país vizinho de novos ataques. Por essa altura, em Outubro de 1385, foi travada em terreno castelhano a célebre batalha de Valverde. Conta-se que na fase mais crítica da batalha e quando já parecia que o exército português iria sofrer uma derrota completa, se deu pela falta de D. Nuno. Temendo-se o pior, o seu escudeiro acabou por encontrá-lo em êxtase, ajoelhado a rezar entre dois penedos. Quando o escudeiro aflito lhe chamou a atenção para a batalha que se perdia, o Condestável fez um sinal com a mão a pedir silêncio. Novamente chamado à atenção pelo escudeiro, que lhe disse: "Nada de orações, que morremos todos! Responde então D. Nuno, suavemente: "Amigo, ainda não é hora. Aguardai um pouco e acabarei de orar". Quando acabou de rezar, ergue-se com o rosto iluminado e dando as suas ordens, consegue que se ganhe a batalha de uma forma considerada milagrosa.
Diz-se que foi sua mãe quem bordou o famoso Estandarte com a Cruz de Cristo, a cena do calvário em que Cristo diz para São João “Eis a tua Mãe” e para a Virgem; “Eis o teu Filho”, e as imagens de Maria com o Deus Menino, e os seus patronos São Tiago e São Jorge. Era diante deste estandarte que D. Nuno se ajoelhava e orava fervorosamente, antes de todas as batalhas, pedindo mais a paz e o bem das almas dos que iriam combater e falecer, do que propriamente uma vitoria triunfal para os seus exércitos.
D. João I manda erguer, por sugestão de D. Nuno, o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, mais conhecido como Mosteiro da Batalha, em acção de graças à Virgem pela vitória de Aljubarrota. Luís de Camões faz referência ao Condestável várias vezes em «Os Lusíadas». O "forte Nuno", como Camões o designa, aparece logo evocado na 12ª estrofe do canto primeiro, "por estes vos darei um Nuno fero, que fez ao Rei e ao Reino um tal serviço", e no canto oitavo, estrofe 32, 5.º verso, "Ditosa Pátria que tal filho teve".
D. Nuno Álvares Pereira, Condestável do Reino, por ser devotíssimo da Virgem Santa Maria, que respondeu às suas preces em Valverde, Atoleiros e Aljubarrota, mandou construir a Igreja de N. ª Sr. ª da Conceição em Vila Viçosa, e encomendou, para o efeito, em Inglaterra a imagem de Nossa Senhora da Conceição. E quando ingressa no Convento do Carmo em Lisboa como irmão leigo, usa apenas o nome de Frei Nuno de Santa Maria.
Ao morrer a 14 de Agosto de 1433, aos 76 anos de idade, o primeiro Rei da dinastia de Avis, D. João I, sentia-se velho e alquebrado, devido a tantas lutas que teve de travar com Castela para garantir a independência da Pátria, mas também a nível interno, para garantir a unidade nacional e a supremacia da Coroa e ainda devido à difícil situação financeira de Portugal. Em todo este percurso, apoiou-se sempre na Padroeira, servindo-se das dificuldades para mais aprofundar a Consagração Mariana em que nasceu Portugal, tornando-se Nossa Senhora, a Madrinha da nossa independência.
A branca e luminosa Rainha do Santíssimo Rosário apareceu em Fátima para recordar aos homens que não obstante os tempos tempestuosos, A teriam sempre como Aliada e Vencedora de todas as batalhas. Daí a recomendação da reza do Terço e a devoção ao Seu Imaculado Coração para restabelecer a comunhão do mundo com Deus, superar a força do pecado e salvar o homem do próprio homem que perdeu o sentido de tudo o que era verdadeiramente humano e se brutalizou numa destruição e mortandade sem igual ao longo de toda a história: duas guerras mundiais com milhões de mortos e muito mais de feridos; o surgimento do totalitarismo- nazista, fascista e bolchevique- intrinsecamente violento e com os seus campos de concentração e genocídios; o ateísmo militante, com perseguições religiosas sistemáticas; a sequência de revoluções e guerras civis, incluindo o amplo uso da tortura; a corrida às armas nucleares que gerou o perigo duma guerra e ameaçou destruir o planeta e o flagelo do terrorismo que alastra nos nossos dias tornando-se uma calamidade sem fim à vista.
As aparições foram a última aliança de Nossa Senhora com Portugal, uma resposta do Céu às contínuas Alianças dum povo e duma nação que, desde os primórdios, elegeram a Virgem Maria como sua Padroeira.
«Nos perigos, nas angústias, nas dúvidas, pensa em Maria, invoca Maria. Não se afaste Maria da tua boca, não se afaste do teu coração; e, para conseguires a sua ajuda intercessora, não te afastes tu dos exemplos da sua virtude. Não te extraviarás se a seguires, não desesperarás se a invocas, não te perderás se nela pensas. Se Ela te sustiver entre as suas mãos, não cairás, se te proteger, nada terás a recear; não te fatigarás, se Ela for o teu guia; chegarás felizmente ao porto, se Ela te amparar». S. Bernardo
30º dia da Fratelli Tutti
Olá bom dia. Após a memória e a homenagem a quem já partiu, os olhares voltam-se hoje para propostas do Papa Francisco que permitem um futuro marcado pela fraternidade e pela amizade social. Há um mês, era publicada a encíclica Fratelli Tutti, cheia de desafios, de propostas para um mundo melhor e para dias felizes de cada pessoa e de todas as comunidades. Páginas a descobrir todos os dias que vão estar hoje no centro de uma conversa que vai decorrer no ambiente digital, aberta a todos! Saiba como aqui: www.ecclesia.pt/fratellitutti O debate online é moderado por Octávio Carmo, chefe de redação e vaticanista da Agência Ecclesia e vai contar com intervenções (breves) de: Eugénia Costa
Quaresma João Duque Tony Neves Ricardo Zózimo Depois esperamos uma
conversa animada e luminosa, que deixe pistas para concretizar o documento do
Papa todos os dias e em qualquer geografia Participe! Às
18h00 ligue-se aqui: https://zoom.us/j/95246202729 Votos de uma ótima
jornada! Paulo Rocha |
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
A família é essencial
É interessante que seja necessário um congresso em Londres para recordar aquilo que todos nós intuímos como verdadeiro: a família possui um efeito humanizador nos seus membros e naqueles que com eles convivem.
Foi no passado mês de outubro de 2019 que a International Federation for Family Development (IFFD) teve o seu XX Congresso Mundial com o título “A família, o rosto do humano”. No total estiveram presentes 1300 pessoas procedentes de 70 países (também estivemos representados) para compartilharem experiências e se formarem naquela que é de longe a empresa mais importante das suas vidas: a sua família.
Neste tempo sofisticado, tecnológico e, muitas vezes, confuso, que em muitas ocasiões exalta, e noutras humilha e procura anular, o que é especificamente humano, vale a pena voltar àquilo que é essencial, para não corrermos o risco de nos perdermos nos caminhos da vida.
E a família
é essencial, por muito que atualmente haja pessoas que nos tentem convencer com
sofisticadas fórmulas sociológicas e psicológicas de que esta afirmação é um
bocado exagerada e com cheiro a mofo.
Como diz o
próprio título do congresso, a família é o rosto do humano: é o lugar onde a
pessoa humana está chamada a nascer, crescer, amar e morrer. Nada mais nada menos
do que as “atividades” mais importantes da nossa curta passagem por este mundo.
Ao contrário
da maioria dos animais, nós nascemos biologicamente indigentes. Necessitamos de
uma mãe que nos acolha com um amor consciente e esforçado e nos mantenha vivos durante
os primeiros anos. Além disso, ao contrário dos animais, não nos bastam o
alimento e o refúgio para sobrevivermos.
Necessitamos
de algo especificamente humano e profundamente humanizador: o carinho, o
contacto, a voz, a carícia. Sem isto, como demonstraram funestas experiências
sociológicas, não conseguimos sobreviver.
E
conscientes de que somos da nossa mãe graças também ao nosso pai, necessitamos de
que este rodeie a nossa mãe desse amor que um dia lhe prometeu e permaneça ao
nosso lado como alguém que nos protege e nos ajuda a crescer.
Mentiras que rendem
A noção geral consagrada que se transmite nos livros académicos e na média sobre o golpe de 1964 não passa de uma gigantesca operação de despistamento, calculada para enfatizar uma duvidosa ingerência americana de modo a ocultar das atenções populares a mais que provada intromissão do bloco soviético nos conflitos nacionais da época. Criação de ativistas que mal escondem seu comprometimento político, ela é obra de pura propaganda destinada a inculcar no público, em consonância com a orientação geral da desinformação comunista, a impressão tácita de que a Guerra Fria não se travou entre os EUA e as potências comunistas, mas entre os EUA e heróicos movimentos nacionalistas do Terceiro Mundo. Digo “impressão tácita” porque, admitida em voz alta, essa premissa se autodesmascararia no ato; por isto é preciso disfarçá-la sob mil e uma conclusões que se tiram dela sem declará-la.
A prova mais patente da falsificação é o contraste entre o número de conjeturas que circulam sobre a ação local da CIA nesse período, fundadas em indícios circunstanciais sem uma só prova documental ou testemunhal, e a omissão completa e sistemática de referências à dos serviços secretos comunistas, malgrado a profusão de documentos que a confirmam.
Quantos livros, artigos, reportagens e entrevistas circulam sobre “a CIA no Brasil”? Milhares. Quantos sobre “a KGB no Brasil”? Nenhum.
Numa década em que a abertura dos arquivos soviéticos vem comprovando a veracidade de praticamente tudo o que a velha esquerda estigmatizava como “mentiras imperialistas”, o desinteresse dos historiadores brasileiros por averiguar essa parte suja da história revela sua compulsão de varrer para baixo do tapete os fatos politicamente inconvenientes.
Entre esses fatos, a simples confissão do espião checo Ladislav Bittman de que em 1964 o serviço secreto de seu país tinha na sua folha de pagamento um pequeno exército de jornalistas brasileiros e controlava um jornal inteiro já bastaria para derrubar toda a mitologia consagrada. Esta só permanece de pé porque os perdedores se tornaram retroativamente vencedores através da manipulação da história.
Mas a nova hegemonia esquerdista que possibilitou esse estado de coisas não é fenómeno exclusivamente brasileiro. Em 1997 David Horowitz observava: “A situação nas universidades era espantosa. Os marxistas e socialistas que tinham sido refutados pelos acontecimentos históricos eram agora o establishment oficial do mundo académico. O marxismo tinha produzido os mais sangrentos e opressivos regimes da história humana — mas, após sua queda, havia mais marxistas no corpo docente das universidades americanas do que em todo o antigo bloco comunista”.
Idêntica esquisitice nota-se na França, em Portugal, na Itália — na Europa ocidental inteira, com exceção da Inglaterra, onde os intelectuais conservadores fizeram 40 anos atrás sua própria “revolução cultural” (na base, aliás, da pura luta de argumentos e sem recorrer aos truques sujos da “ocupação de espaços”, tão caros às almas gramscianas).
Derrotado como regime político-económico, o socialismo ganhou uma miraculosa sobrevida como mitologia cultural do capitalismo. Dois fatores contribuíram para isso: o prodigioso florescimento da indústria cultural, que deu espaço para a multiplicação sem fim da pseudo-intelectualidade universitária e mediática; e a distribuição de uma parcela considerável das verbas da KGB, privatizadas discretamente logo antes da queda da URSS e espargidas por toda parte como uma bênção urbi et orbi de São Gorbatchov.
Mas, em parte, o fenómeno é inerente à natureza do capitalismo, que prospera industrializando sua própria autoflagelação como uma espécie de vacina anti-socialista. O comércio de mitos esquerdistas pode coexistir indefinidamente com o crescimento do capitalismo porque vicia as classes letradas em lucrar com o abuso das liberdades capitalistas. Os beneficiados por esse comércio sabem que ele não sobreviveria um dia ao advento do regime comunista, o qual por isto mesmo se torna tanto mais influente como mito inspirador da produção cultural quanto mais a tentação de realizá-lo como proposta económica vai desaparecendo do horizonte visível. A força dos mitos, afinal, depende precisamente de que ninguém os submeta ao teste da prática.
Assim, o socialismo perdeu toda substância própria ao tornar-se puro ódio fingido ao capitalismo que o alimenta. Nenhuma profissão, hoje, tem futuro garantido como a de intelectual de esquerda: quanto mais você ganha dinheiro, fama e autoridade moral falando mal do capitalismo, mais está livre do risco de que a ditadura do proletariado venha tirá-lo do seu confortável patamar de classe média ascendente. Se Marx exagerou ao dizer que as bases económicas da vida determinam a consciência dos homens, é verdade que elas determinam a de alguns. Principalmente a desse tipo de intelectuais: não é de espantar que indivíduos cuja subsistência profissional depende de uma farsa sejam também mentirosos, compulsivamente, no conteúdo daquilo que dizem e escrevem.
A todos aqueles que, lutando contra a ditadura militar brasileira, foram pedir ajuda e inspiração ao governo de Fidel Castro, prometo solenemente jamais voltar a escrever uma só palavra contra o socialismo se vocês me provarem as seguintes coisas:
1. Que em Cuba havia mais liberdade de imprensa que no Brasil.
2. Que em Cuba havia menos prisioneiros políticos que no Brasil (se vocês não quiserem, não precisam nem mesmo levar em conta a diferença de população dos dois países; contento-me com números absolutos).
3. Que em Cuba havia um partido de oposição funcionando com a liberdade, mesmo limitada, do MDB.
4. Que a ditadura militar brasileira matou mais gente que a ditadura cubana (novamente, aceito números absolutos).
Se vocês me provarem essas coisas, prometo inscrever-me no PT e tornar-me o mais devotado dos seus militantes. Se não provarem, terei todo o direito e até o dever de continuar julgando que vocês são uns embrulhões e mentirosos; que vocês não lutavam pela democracia coisíssima nenhuma e que tudo o que vocês queriam era fazer aqui o que Fidel Castro fez em Cuba, com a única diferença de que vocês próprios estariam no papel de Fidel Castro.
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Olavo de Carvalho |
Celebrar a vida de quem nos antecedeu
Bom dia a si, que nos
acompanha nesta jornada nacional de luto, convocada para homenagear
todos os falecidos, em especial as vítimas da pandemia. A celebração acontece
num dia especial para os católicos, a comemoração litúrgica dos Fiéis
Defuntos, que se celebra depois da solenidade de Todos os Santos. Uma
indicação de que se evoca não um fim, mas a comunhão que ultrapassa a vida
terrena. As atuais circunstâncias exigem acompanhamento específico e o tema vai estar em destaque no Programa ECCLESIA, na RTP2, em entrevista a Hugo Lucas, psicólogo clínico no Instituto de São João de Deus. Na Antena 1 da rádio pública e nas Conversas na ECCLESIA nesta primeira semana de novembro, convido o franciscano frei Hermínio Araújo para falar sobre a dor, a morte e o seu sentido espiritual. A primeira conversa é publicada no nosso portal, pelas 17h00. Se não viu o programa 70x7 este domingo, a emissão está disponível no YouTube. Uma conversa sobre as celebrações que marcam o início de novembro. O mesmo tema marcou a entrevista conjunta Renascença/Ecclesia, agora com emissão e publicação a cada domingo. Vale a pena ler.
“Uno-me assim
espiritualmente a quantos, nestes dias, observando as normas sanitárias, que
são importantes, vão rezar junto das sepulturas dos seus entes queridos, em
todo o mundo”, explicou Francisco. Despeço-me propondo a
oração que a Ecclesia lhe propõe para este dia, uma forma diferente de fazer
memória e prestar homenagem a quem já partiu. Octávio Carmo |
domingo, 1 de novembro de 2020
Obispo sirio sobre la ofensiva turca contra los kurdos: «Los cristianos sufrimos las consecuencias»
Jesus e a pomba de Stalin
Quando Cristo disse: “Na verdade amais o que deveríeis odiar, e odiais o que deveríeis amar”, Ele ensinou da maneira mais explícita que os sentimentos não são guias confiáveis da conduta humana: antes de podermos usá-los como indicadores do certo e do errado, temos de lhes ensinar o que é certo e errado. Os sentimentos só valem quando subordinados à razão e ao espírito.
Razão não é só pensamento lógico: reduzi-la a isso é uma idolatria dos meios acima dos fins, que termina num fetichismo macabro. Razão é o senso da unidade do real, que se traduz na busca da coesão entre experiência e memória, percepções e pensamentos, atos e palavras etc. A capacidade lógica é uma expressão parcial e limitada desse senso. Também são expressões dele o senso estético e o senso ético: o primeiro anseia pela unidade das formas sensíveis, o segundo pela unidade entre saber e agir. Tudo isso é razão.
Espírito é aquilo que inspira a razão a buscar a chave da unidade da visão do mundo no supremo Bem de todas as coisas e não num detalhe acidental qualquer, tomado arbitrariamente como princípio de explicação universal, como algumas escolas filosóficas fazem com a linguagem, outras com a História, outras com o inconsciente etc. O espírito é o topo do edifício da razão, que por ele se abre para o sentido do Bem infinito, libertando-se da tentação de enrijecer-se num fetichismo trágico ou utópico.
Nem a razão nem o espírito se impõem. Só nos abrimos a eles por livre vontade. A abertura para a razão vem essencialmente da caridade, do amor ao próximo, pelo qual o homem renuncia a impor seu desejo e aceita submeter-se ao diálogo, à prova, ao senso das proporções e, em suma, ao primado da realidade. A abertura para a razão é educação. Educação vem de ex ducere, que significa levar para fora. Pela educação a alma se liberta da prisão subjetiva, do egocentrismo cognitivo próprio da infância, e se abre para a grandeza e a complexidade do real. A meta da educação é a conquista da maturidade. O homem maduro — o spoudaios de que fala Aristóteles — é aquele que tornou sua alma dócil à razão, fazendo da aceitação da realidade o seu estado de ânimo habitual e capacitando-se, por esse meio, a orientar sua comunidade para o bem. Este ponto é crucial: ninguém pode guiar a comunidade no caminho do bem antes de tornar-se maduro no sentido de Aristóteles. Líderes revolucionários e intelectuais ativistas são apenas homens imaturos que projetam sobre a comunidade seus desejos subjetivos, seus temores e suas ilusões pueris, produzindo o mal com o nome de bem.
A abertura ao espírito é um ato de confiança prévia no bem supremo da existência, ato sem o qual a razão perde o impulso ascendente que a anima e, fugindo do infinito, se aprisiona em alguma pseudototalidade, mais alienante ainda que o egoísmo subjetivo inicial. O nome religioso desse ato de confiança é fé, mas a confiança que eleva a razão à busca do infinito transcende o sentido da mera adesão a um credo em particular e tem antes uma dimensão antropológica: tudo o que o ser humano fez de bom, fez movido pela fé e por meio da razão.
O espírito e a razão educam os sentimentos. Os sentimentos do homem amadurecido pelo espírito e pela razão são diferentes dos do homem imaturo, porque aquele ama o que deve amar e odeia o que deve odiar, enquanto o segundo ama ou odeia às tontas, segundo as inclinações arbitrárias da sua subjetividade moldada pelas pressões e atrativos do meio social.
Mas o que atrai a alma para a abertura ao espírito e à razão é a esperança, e o despertar da esperança é um mistério. Homens submetidos à mais dura opressão e aos mais tormentosos sofrimentos conservam sua esperança, enquanto outros a perdem à primeira frustração de um desejo tolo. A esperança não está sob o nosso controle. Seu advento depende do espírito mesmo, que sopra onde quer. Todos os enredos humanos, da vida e da ficção, giram em torno do mistério da esperança.
A esperança, a fé e a caridade educam os sentimentos para o amor ao que deve ser amado. O culto idolátrico dos sentimentos é um egocentrismo cognitivo, um complexo de Peter Pan que recusa a maturidade. Quanto mais o homem busca afirmar sua liberdade por meio da adesão cega a seus sentimentos e desejos, mais se torna escravo da tagarelice ambiente. O caminho da liberdade é para cima, não para baixo. Libertar-se não é afirmar-se: é transcender-se.
Das várias formas de escravidão a que o homem se sujeita pelo culto dos sentimentos, a pior é a escravidão às palavras. Por meio do falatório em torno o homem pode ser adestrado para ter certos sentimentos e emoções à simples audição de determinadas palavras, independentemente dos fatos e do contexto. Paz e guerra, por exemplo, suscitam reações automáticas. Por isso as massas imaturas aceitam com a maior credulidade os novos regimes de governo que prometem acabar com as guerras e instaurar a paz. Mas é só nominalmente que guerra significa morticínio e paz significa tranquilidade e segurança. As guerras, no século XX, mataram 70 milhões de pessoas. É muita gente. Mas 180 milhões, mais que o dobro disso, foram mortos por seus próprios governos, em tempo de paz e em nome da paz.
O homem maduro sabe que as relações entre guerra e paz são ambíguas, que só um exame criterioso da situação concreta permite discernir a dosagem do bem e do mal misturados em cada uma delas a cada momento. Ele sabe que a Pomba da Paz, oferecida à adoração infantil nas escolas, foi um desenho encomendado a Pablo Picasso por Josef Stalin com o intuito de fazer com que o símbolo da Pax soviética — a ordem social totalitária construída sobre trabalho escravo, prisões em massa e genocídio — se sobrepusesse, na imaginação dos povos, ao símbolo cristão do Espírito Santo. O homem maduro sabe que, tanto quanto a Pomba da Paz, também manifestos pela paz, discursos pela paz e até missas pela paz são, muitas vezes, blasfémias e armas de guerra. No dicionário, os sentidos da guerra e da paz estão nitidamente distintos, mas o homem maduro não se refugia da complexidade das coisas no apelo pueril a absolutos verbais.
Igualdade, liberdade, direito, ordem, segurança e milhares de outras palavras foram também incutidas na mente das massas como programas de computador para acionar nelas automaticamente as emoções desejadas pelo programador, fazendo com que amem o que deveriam odiar e odeiem o que deveriam amar. Até a esperança, chave da fé e da caridade, se torna aí uma arma contra o espírito, quando se coisifica na expectativa de um mundo melhor, de uma sociedade mais justa ou, no fim das contas, de ganhar mais dinheiro. Jesus deixou claro que não era nenhuma dessas esperanças a que Ele trazia. Era a esperança de fazer de cada um de nós um novo Cristo, encarnação e testemunha do espírito. Quem aceitar menos que isso só ganhará, em vez da paz de Cristo, uma bandeirinha da ONU com a pomba de Stalin.
Homenagear quem morreu, cuidar responsavelmente de todos
A Igreja inicia hoje uma semana em que quer convidar a
olhar para a realidade dos Seminários e para as vocações. Conversámos com o secretário da
Comissão Episcopal Vocações e Ministérios que nos disse que está em elaboração
um plano nacional de formação (ratio), auscultando os Seminários diocesanos, partilhando
experiências que possam ser colocadas ao serviço de todos. “Na linha da ‘Ratio Fundamental’
da Igreja, está a ser desenvolvida por uma comissão de reitores, sob a
responsabilidade do presidente da Comissão Episcopal, que trabalhou os temas
que irão ser reunidos num único texto que necessitará, depois, da leitura e
aprovação da Conferência Episcopal Portuguesa e da Santa Sé”, explicou à
Agência ECCLESIA o padre António Jorge Almeida, secretário da Comissão
Episcopal Vocações e Ministérios (CEVM). O sacerdote da Diocese de Viseu
falou-nos ainda sobre a oportunidade que as plataformas digitais podem ser
para “encontros personalizados” em tempo de pandemia. Este será um tema que vamos
acompanhar ao longo da semana procurando experiências em diferentes locais. Outro tema que marca a atualidade, social e religiosa, é a
vivência das celebrações de Todos os Santos e dos Fiéis Defuntos, em tempo de
pandemia, que obriga a restrições nas homenagens que as pessoas gostam de
fazer aos seus familiares e amigos falecidos. Há vários dias que a Conferência
Episcopal Portuguesa pediu que os cemitérios não fossem encerrados,
permitindo a realização de homenagens, mas apelou também à responsabilidade e
ao respeito pelas indicações das autoridades de saúde para que as visitas se
possam realizar por estes dias. Foram vários os bispos que se dirigiram
aos seus diocesanos, indicando horas e formas de se unirem em oração para
prestar homenagem aos seus falecidos. O tema do luto vai estar em
destaque este domingo, no programa ECCLESIA pelas 06h00, na Antena 1 da rádio
pública, e no programa 70×7, pelas 17h35, na RTP 2. Ao longo da semana e dos próximos
dias vamos propor-lhe diferentes perspetivas sobre o tema, acompanhando
também o dia 2 de novembro, dia de luto nacional, “como forma de prestar
homenagem a todos os falecidos, em especial às vítimas da pandemia”, e a
celebração de uma Eucaristia de sufrágio pelas vítimas da pandemia em
Portugal, no dia 14 de novembro, às 11h00, na Basílica da Santíssima Trindade
do Santuário de Fátima. A encerrar o mês que a Igreja católica dedica às missões fique a conhecer a reflexão do cardeal José Tolentino Mendonça, convidado de um ciclo de conferências promovido pelos Institutos Missionários Ad Gentes. “Não podemos abandonar a pandemia
mas devemos tornar a pandemia terra de missão. O aqui e o agora são sempre os
lugares onde Deus fala”, disse o arquivista e bibliotecário da Biblioteca
Vaticana, na conferencia no âmbito de um ciclo intitulado «A falta que um
rosto faz…» O arquivista e bibliotecário da
Biblioteca Vaticana questionou o “aqui e agora” da Igreja e os caminhos para
chegar às periferias físicas e existenciais, tendo o desafio da fraternidade
como “escolha ética”. Para ler
e ouvir no site da Agência Ecclesia. Eu desejo-lhe um excelente dia e
uma ótima semana. Proteja-se e proteja os seus. Todos dependemos de todos. |