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sábado, 4 de novembro de 2017

Dia Mundial da Filosofia - 16 Novembro

O Dia Mundial da Filosofia foi implementado pela UNESCO em 2002 e comemora-se todos os anos na terceira quinta-feira de Novembro, com o objectivo de os governos de todo o mundo incluírem o pensamento filosófico nos planos de estudo do ensino obrigatório, como forma de reflexão e de questionamento.

A Filosofia é o estudo de problemas fulcrais para o homem, como a realidade, a existência, o conhecimento, a razão e a linguagem. A palavra filosofia advém do grego, significando amor pela sabedoria ou amigo do saber. O objetivo desta efeméride é enaltecer a importância da Filosofia na vida do homem e na vida em sociedade, propiciar o desenvolvimento do pensamento crítico, reflexivo, para os problemas éticos e políticos que preocupam as nações e os indivíduos em todo o mundo.

Após a IIª Guerra Mundial, foi convicção da UNESCO de que a Filosofia tinha um papel moral e político fundamental. Por isso, foi considerado prioritário o apoio ao desenvolvimento do pensamento filosófico, quer criando condições para o contacto e a partilha entre filósofos, quer através da publicação de livros e outros documentos que permitissem a disseminação da filosofia. Mas, foi também solicitado à Filosofia que desempenhasse um papel na consciencialização da opinião pública, em particular através da consolidação do seu ensino, para a importância dos direitos humanos.

«O que distingue o desenvolvimento do atraso é a aprendizagem. O aprender a conhecer, o aprender a fazer, o aprender a viver juntos e a viver com os outros e o aprender a ser constituem elementos que devem ser vistos nas suas diversas relações e implicações. Isto mesmo obriga a colocar a educação durante toda a vida no coração da sociedade – pela compreensão das múltiplas tensões que condicionam a evolução humana. O global e o local, o universal e o singular, a tradição e a modernidade, o curto e a longo prazo, a concorrência e a igual consideração e respeito por todos, a rotina e o progresso, as ideias e a realidade – tudo nos obriga à recusa de receitas ou da rigidez e a um apelo a pensar e a criar um destino comum humanamente emancipador. Devemos, assim, compreender os sete pilares que Edgar Morin considera numa cultura de autonomia e responsabilidade: prevenção do conhecimento contra o erro e a ilusão; ensino de métodos que permitam ver o contexto e o conjunto, em lugar do conhecimento fragmentado; o reconhecimento do elo indissolúvel entre unidade e diversidade da condição humana; aprendizagem duma identidade planetária considerando a humanidade como comunidade de destino; exigência de apontar o inesperado e o incerto como marcas do nosso tempo; educação para a compreensão mútua entre as pessoas, de pertenças e culturas diferentes; e desenvolvimento de uma ética do género humano, de acordo com uma cidadania inclusiva. As humanidades hoje têm de ligar educação, cultura e ciência, saber e saber fazer. O processo da criação e da inovação tem de ser visto relativamente ao poeta, ao artista, ao artesão, ao cientista, ao desportista, ao técnico – em suma à pessoa concreta que todos somos. Um perfil de base humanista significa a consideração de uma sociedade centrada na pessoa e na dignidade humana como valores fundamentais. Daí considerarmos as aprendizagens como centro do processo educativo, a inclusão como exigência, a contribuição para o desenvolvimento sustentável como desafio, já que temos de criar condições de adaptabilidade e de estabilidade, visando valorizar o saber. E a compreensão da realidade obriga a uma referência comum de rigor e atenção às diferenças. (…)

As competências na área de pensamento crítico requerem observar, identificar, analisar e dar sentido à informação, às experiências e às ideias e argumentar a partir de diferentes premissas e variáveis. As competências na área de pensamento criativo envolvem gerar e aplicar novas ideias em contextos específicos, abordando as situações a partir de diferentes perspetivas, identificando soluções alternativas e estabelecendo novos cenários.

As competências associadas ao pensamento crítico e pensamento criativo implicam que os alunos sejam capazes de: pensar de modo abrangente e em profundidade, de forma lógica, observando, analisando informação, experiências ou ideias, argumentando com recurso a critérios implícitos ou explícitos, com vista à tomada de posição fundamentada; convocar diferentes conhecimentos, utilizando diferentes metodologias e ferramentas para pensarem criticamente; prever e avaliar o impacto das suas decisões; desenvolver novas ideias e soluções, de forma imaginativa e inovadora, como resultado da interação com outros ou da reflexão pessoal, aplicando-as a diferentes contextos e áreas de aprendizagem».

(In: Perfil dos alunos à saída da Escolaridade Obrigatória. Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho criado nos termos do Despacho n.º 9311/2016, de 21 de Julho).


Maria Susana Mexia



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