Num estabelecimento de ensino, mais uma vez, deu-se um grave acontecimento em consequência de sucessivas situações vulgarmente denominadas por bullying. Tendo a respectiva directora convocado uma reunião de pais, referiu os lamentáveis factos e as graves consequências da situação, e desesperada exclamou: “Como pode Deus permitir que estas barbaridades aconteçam nas nossas escolas?”
Um pai atento e preocupado, não só com a situação em causa mas também com a expressão usada, decidiu responder à aparente questão de retórica:
«Eu creio que Deus também está muito triste com tudo o que tem acontecido aqui e em todos os outros estabelecimentos de ensino. Porém, convém recordar que há alguns anos, nós pedimos a Deus que se fosse embora das escolas e Ele, respeitando a nossa liberdade, obedeceu.
Mais tarde, quando começaram a pedir que não se rezasse no início das aulas nós achámos bem, tal como quando quiseram acabar com as aulas de religião e de moral todos concordámos que seria aceitável, bem como serem retirado os crucifixos existentes dentro das salas de aula. Tudo pacífico.
Vieram depois algumas “opiniões especializadas” defendendo que seria um atentado à liberdade e dignidade dos filhos não permitir que eles vissem todos os programas de televisão que quisessem, não saíssem à noite com os amigos, não experimentassem “todas as coisas”, consideradas normais por essas ditas opiniões e até chegou a ser sugerido colocar uma máquina de preservativos nas escolas, ou então nas farmácias porque era muito, muito importante para evitar a sida, e todos nós, mais ou menos, achámos bem, ou não nos importámos com essas “brilhantes decisões tão úteis quanto necessárias para as crianças e os jovens crescerem e se formarem em todo o seu esplender e harmonia”…
Também fomos informados de que a lei já não proibia as nossas filhas de fazerem a interrupção voluntária da gravidez, o que até era fácil e afinal também era um direito que lhes assistia como seres livres que são…
Veio ainda um “aliciante” programa de educação sexual nas escolas que muito aceleradamente foi logo posto em actividade em alguns locais ditos evoluídos, desinibidos avançados e ausentes de preconceitos…
Posto isto e outras tantas e brilhantes ideias que foram surgindo e fomos deixando implementar, como é possível surpreendermo-nos por os nossos filhos não saberem distinguir entre o bem e o mal.
O que está a acontecer nesta e noutras escolas é exactamente o resultado do que semeámos e do que devíamos ter plantado e não plantámos».
E quem diz nas escolas diz na sociedade e no mundo!
Prescindir de Deus é não admitir nada nem ninguém superior às nossas opções e decisões, é julgarmo-nos deuses, sabedores e autores das nossas vidas e das dos outros, o que fazemos sempre de acordo com os nossos interesses subjectivos e com toda a mesquinhez que habita no ser humano, quando recusa as referências de Bem e Verdade que o transcendem e lhe são, não só superiores, mas também balizadoras e normativas.
Tiremos Deus do mundo. Que fica? Um ser grotesco que se contradiz em mil particularidades, impregnado pelo veneno da dor e do sofrimento e em cujo têrmo se levanta o espantalho do horror à morte. Tudo vacila, onde falta a fé! Mais fácil é construir um castelo de areia do que uma sociedade sem fé em Deus.
ImageÉ o resultado da pobreza espiritual dos nossos dias, chamada ‘ditadura do relativismo’, que deixa cada um como a medida de si mesmo, colocando em perigo a convivência entre os homens. Pois se “Deus não existe, tudo é permitido".
O grande problema do nosso tempo não é de natureza política nem económica, mas de carácter cultural, moral e, em última análise, religioso. Desta polémica emergem duas visões do mundo: a visão dos que acreditam que há princípios e valores imutáveis e a visão daqueles que sustentam que não existe coisa alguma que seja estável e permanente, sendo todas as coisas relativas ao tempo, aos lugares, às circunstâncias.
Não existindo valores absolutos nem direitos objectivos, a vida humana reduz-se à satisfação egoísta de instintos e "necessidades" subjectivas, que aparecem sob a forma de novos "direitos".
Uma nova tirania "a ditadura do relativismo”, que não reconhece coisa alguma como definitiva, embora tenda a absolutizar-se com o furor de quem não conhece nada nem ninguém superior aos seus próprios caprichos autoritários e impositivos.
Maria Susana Mexia |
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