Páginas

terça-feira, 10 de outubro de 2017

João Paulo II

S. João Paulo II é festejado no dia 22 de outubro que, este ano, coincide com um Domingo. Como é santo, ficará muito contente, lá no céu, pois o que sempre quis ao longo da sua vida foi a glória de Deus, não a sua. Mas os portugueses não o esquecem e vamos ter a oportunidade de venerar uma relíquia sua, na Basílica da Santíssima Trindade, do Santuário de Fátima

Como viveu este santo o objectivo de glorificar a Deus? Não foi isso mesmo o que fizeram todos os santos? Sim, mas cada um à sua maneira e, claro, à maneira que Deus esperava de cada um. É curiosa esta forma de Deus lidar com os homens: um a um. Ensina o bem e a verdade, aprecia as virtudes humanas, mas deixa que cada homem siga um caminho diferente. Deus não usa papel químico ou, numa versão computorizada, “copy&paste”. Mas existem sempre dois elementos comuns que nunca faltam na vida dos santos: a alegria e o sofrimento.

Logo que o novo papa apareceu na varanda, reconhecemos nele algo inédito: era um actor, mas nada nele era fingido. Tinha a presença, a voz, a dicção, a linguagem corporal de um actor, mas usava estas suas “posses”, esses dons, para dar glória a Deus, dando-O a conhecer de modo que ninguém “tivesse medo”. Medo de quem ou de quê? A resposta estava no seu gesto de erguer o báculo: de Cristo e da Cruz.

Ele próprio deu exemplo de coragem heroica ao longo da sua vida e, de modo bem visível, durante o seu papado. Dedicou a sua vida ao serviço da Fé, da Liberdade, da Verdade e sempre contra corrente. O perigo era real. Sofreu um atentado que lhe deixou pesadas sequelas até ao final da vida. Não escondeu a sua velhice e decadência física por detrás de uma falsa dignidade. O seu amor aos homens dava-lhe forças para continuar a aparecer e pregar para as multidões da Praça de S. Pedro.

Outros santos, seus contemporâneos, respeitavam-no e, à sua maneira, apoiavam-no. Recordo um encontro de João Paulo II com a madre Teresa de Calcutá e o beato Álvaro del Portillo. A Igreja reconheceu, anos mais tarde, a santidade dos primeiros dois e beatificou o terceiro, embora sendo tão diferentes uns dos outros. Naquele momento, o Papa brincou: “Parece-me que tenho diante de mim a pessoa mais amada e a mais odiada pela opinião pública”. De facto, os olhos dos homens nem sempre conseguem reconhecer as inúmeras luzes da grandeza divina que os santos refletem como vidros prismáticos. Enquanto Santa Teresa defendia a vida de doentes paupérrimos e crianças por nascer, o beato Álvaro sofria incompreensões. Os três eram conhecidos pela sua alegria contagiante e profunda, e os três tinham a sua cruz pessoal e única.

O Papa Francisco está a viver momentos difíceis e, com ele, sofre a Igreja. O seu sorriso habitual manifesta que está sereno. Certamente, no dia 22 de outubro, irá pedir a S. João Paulo II que o ajude a levar por diante a Igreja fundada por Cristo com a mesma sabedoria, prudência e garbo dos seus antecessores. Também nós pediremos a intercessão de Karol Wojtyla para que ampare o Papa Francisco na difícil missão de ser Pedro, pedra.

Isabel Vasco Costa





Sem comentários:

Enviar um comentário