S. João Paulo II é
festejado no dia 22 de outubro que, este ano, coincide com um Domingo. Como é
santo, ficará muito contente, lá no céu, pois o que sempre quis ao longo da sua
vida foi a glória de Deus, não a sua. Mas os portugueses não o esquecem e vamos
ter a oportunidade de venerar uma relíquia sua, na Basílica da Santíssima
Trindade, do Santuário de Fátima
Como viveu este
santo o objectivo de glorificar a Deus? Não foi isso mesmo o que fizeram todos
os santos? Sim, mas cada um à sua maneira e, claro, à maneira que Deus esperava
de cada um. É curiosa esta forma de Deus lidar com os homens: um a um. Ensina o
bem e a verdade, aprecia as virtudes humanas, mas deixa que cada homem siga um
caminho diferente. Deus não usa papel químico ou, numa versão computorizada,
“copy&paste”. Mas existem sempre dois elementos comuns que nunca faltam na
vida dos santos: a alegria e o sofrimento.
Logo que o novo
papa apareceu na varanda, reconhecemos nele algo inédito: era um actor, mas
nada nele era fingido. Tinha a presença, a voz, a dicção, a linguagem corporal
de um actor, mas usava estas suas “posses”, esses dons, para dar glória a Deus,
dando-O a conhecer de modo que ninguém “tivesse
medo”. Medo de quem ou de quê? A resposta estava no seu gesto de erguer o
báculo: de Cristo e da Cruz.
Ele próprio deu
exemplo de coragem heroica ao longo da sua vida e, de modo bem visível, durante
o seu papado. Dedicou a sua vida ao serviço da Fé, da Liberdade, da Verdade e
sempre contra corrente. O perigo era real. Sofreu um atentado que lhe deixou
pesadas sequelas até ao final da vida. Não escondeu a sua velhice e decadência
física por detrás de uma falsa dignidade. O seu amor aos homens dava-lhe forças
para continuar a aparecer e pregar para as multidões da Praça de S. Pedro.
Outros santos,
seus contemporâneos, respeitavam-no e, à sua maneira, apoiavam-no. Recordo um
encontro de João Paulo II com a madre Teresa de Calcutá e o beato Álvaro del
Portillo. A Igreja reconheceu, anos mais tarde, a santidade dos primeiros dois
e beatificou o terceiro, embora sendo tão diferentes uns dos outros. Naquele
momento, o Papa brincou: “Parece-me que tenho
diante de mim a pessoa mais amada e a mais odiada pela opinião pública”. De
facto, os olhos dos homens nem sempre conseguem reconhecer as inúmeras luzes da
grandeza divina que os santos refletem como vidros prismáticos. Enquanto Santa
Teresa defendia a vida de doentes paupérrimos e crianças por nascer, o beato
Álvaro sofria incompreensões. Os três eram conhecidos pela sua alegria contagiante
e profunda, e os três tinham a sua cruz pessoal e única.
O Papa Francisco
está a viver momentos difíceis e, com ele, sofre a Igreja. O seu sorriso
habitual manifesta que está sereno. Certamente, no dia 22 de outubro, irá pedir
a S. João Paulo II que o ajude a levar por diante a Igreja fundada por Cristo
com a mesma sabedoria, prudência e garbo dos seus antecessores. Também nós
pediremos a intercessão de Karol Wojtyla para que ampare o Papa Francisco na
difícil missão de ser Pedro, pedra.
Isabel Vasco Costa |
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