
Com tolerância do Governo
Juliana Batista | 18/08/2025
Apesar da liberdade religiosa ser oficialmente garantida no Laos, os cristãos deste país do Sudeste Asiático estão a ser violentamente expulsos das suas casas, no que alguns veem como uma flagrante apropriação de terras. Num país dominado pelo budismo, o cristianismo é frequentemente encarado como uma importação ocidental.
Agências cristãs de ajuda humanitária, como a Barnabas Aid International e a Open Doors, estão a intervir. Trabalhadores humanitários e grupos cristãos referem que o governo do Laos está a tolerar os abusos. “Muitas vezes, eles só querem a terra. Os cristãos são um alvo fácil. São uma minoria. Ninguém os protegerá. E os chefes das aldeias e as autoridades locais têm ligações com o governo”, disse um trabalhador humanitário à agência UCA News, que pediu para não ser identificado. Alguns dos que foram expulsos das suas casas esconderam-se em florestas. “Ninguém deveria ter que viver assim. Crianças na selva e na chuva. É desumano”, acrescentou o funcionário.
Segundo Anthony Williams, um investigador da Barnabas Aid, as autoridades locais têm liberdade para agirem como pretendem. “A perseguição no Laos é pior nas áreas rurais, onde os líderes locais têm mais liberdade para agir contra os cristãos, especialmente os convertidos de uma religião tradicional”, disse o responsável à UCA News. “A lei é frequentemente ignorada em aldeias rurais, seja por ignorância ou malícia. O governo está, em grande parte, a ignorar a expulsão de cristãos das suas casas. O governo discrimina os cristãos, recusando-se a conceder certidões de nascimento e outros documentos necessários. O medo e o ódio aos cristãos fazem com que os líderes e comunidades locais estejam dispostos a ignorar a lei. Na maioria dos casos, os governos central e provinciais não agem para fazer cumprir a lei”, alerta Anthony Williams.
Além dos despejos, há registo de prisões e torturas. Em julho do ano passado, o pastor Thongkham Philavanh, presidente do grupo de Igrejas Evangélicas do Laos, foi mortalmente baleado em sua casa. Philavanh tinha acabado de retomar as reuniões, depois de cumprir uma pena de quatro anos de prisão por pregar o Evangelho. “Muitas vezes, um aumento no número de convertidos leva a níveis mais altos de perseguição”, disse Williams, que considera que “se a Igreja continuar a crescer, a perseguição aumentará, tanto em escala quanto em intensidade”. Contudo, há exceções. No passado mês de fevereiro, uma multidão atacou uma igreja no distrito de Xonboury. Surpreendentemente, apenas um mês depois da destruição, as autoridades distritais permitiram a sua reconstrução e o culto pacífico.
Texto publicado ao abrigo da parceria 7MARGENS/Fátima Missionária.
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