Durante o encontro com o clero da diocese 
de Caserta, sábado passado, o Papa Francisco recomenda aos sacerdotes 
manter um bom relacionamento com o seu bispo
Com uma boa dose de senso de humor o Papa Francisco exortou 
no encontro do sábado passado (26), com o clero da Diocese de Caserta, 
que aconteceu na Capela Palatina dela Reggia.
Após o discurso de boas vindas do bispo de Caserta, monsenhor 
Giovanni D'Alise, o Santo Padre brincou sobre a extensão da visita em 
dois dias (domingo e segunda-feira).
"Estou feliz e me sinto um pouco culpado de ter causado tantos 
problemas no dia da festa do padroeiro", disse ele, observando que 
preferiu adiar para a segunda-feira o encontro com o pastor Giovanni 
Traettino, para não coincidir, por razões de oportunidade, com a festa 
da padroeira Santa Ana.
"E imediatamente pensei: No dia seguinte, estará nos jornais: na 
festa da padroeira de Caserta o Papa foi com os protestantes. Bonito 
título, hein?", Brincou o Papa.
Respondendo a uma pergunta do vigário-geral, monsenhor Antonio 
Pasquarello, sobre alguns conflitos territoriais e burocráticos 
encontrados na diocese de Caserta, o Santo Padre recordou que é "feio 
quando os bispos brigam um contra o outro, ou fazem lobby”: dessa 
maneira “se rompe a unidade da Igreja”.
Lembrou depois os primeiros Concílios, quando muitos bispos "chegavam
 até mesmo aos socos" e acrescentou: "Eu prefiro que se gritem quatro 
coisas daquelas bem fortes e que depois se abracem e não que se falem 
secretamente um contra o outro”.
É justo que os bispos estejam de acordo entre si, explicou o Santo 
Padre, enquanto “na unidade”, não na uniformidade. Cada um tem o seu 
carisma, cada um o seu modo de pensar, de ver as coisas: esta variedade,
 às vezes, é fruto de erros, mas muitas vezes é fruto do mesmo 
Espírito”.
Perguntado por um pároco sobre a possibilidade de uma “pastoral que 
sem sufocar a piedade popular, possa relançar a primazia do Evangelho", o
 Papa citou a Evangelii Nuntiandi, de Paulo VI, que lembrava como então a
 piedade popular tenha que ser, em certo sentido, "evangelizada", de 
modo a evitar o risco de que ela possa “não ter uma expressão de fé 
forte”.
Falando dos apostolados da juventude, em particular com base em sua 
experiência na diocese de Buenos Aires, Bergoglio afirmou que nestas 
iniciativas há "algo de piedade popular".
Mesmo nos "santuários", acrescentou, é possível encontrar "pessoas 
simples, pecadoras, mas santas” das quais pode ver um “sentido 
evangélico": por trás das "misérias" narradas em um confessionário por 
estes fiéis, há sempre "a graça de Deus que os leva a este momento".
Em uma conversa posterior, Francisco destacou o dom da "criatividade"
 que tem sido de grande ajuda para muitos apóstolos do passado, 
começando com Pedro e Paulo, e que só é possível alcançar por meio da 
oração.
A criatividade espiritual tem uma dimensão de "transcendência", tanto
 no que diz respeito a Deus do que ao próximo. "Não devemos ser uma 
Igreja fechada em si, que olha para o próprio umbigo, uma Igreja 
auto-referencial, que olha para si mesma e não é capaz de transcender", 
reiterou o Santo Padre.
Fazer apostolado significa lidar com o "diálogo", que, no entanto, 
exige que não se renuncie nunca à própria "identidade", que, porém, não 
deve ser confundida com o "proselitismo", que é uma "armadilha". A 
Igreja, de fato, como já havia dito Bento XVI, "não cresce por 
proselitismo, mas por atracção". E a atracção reside precisamente na 
"empatia humana, que é guiada pelo Espírito Santo."
O sacerdote do século XXI, então, será principalmente um "homem de 
criatividade", que, através da oração, "se aproxima das pessoas".
Na última pergunta, o Papa Francisco recomendou que os sacerdotes 
diocesanos sejam capazes de tecer uma relação alegre, construtiva, 
franca e segundo os preceitos da obediência com o próprio bispo, para 
além das possíveis divergências de carácter.
Também nestas dinâmicas, o "maior inimigo" são "as fofocas" que, 
muitas vezes, de acordo com o Papa são o "resultado de uma vida de 
celibato vivida como esterilidade, não como fecundidade".
A amargura e a raiva podem marcar também a vida dos sacerdotes, no 
entanto, deve sempre prevalecer neles a "dupla fidelidade" e a "dupla 
transcendência" da ligação com Deus e com os homens.
  (30 de Julho de 2014) © Innovative Media Inc. 
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