O limite legal é o uso de «ameaças e coacção»
| Na
Alemanha e outros países há patrulhas para fomentar a sharia... A chave está na linha que separa o exortar e recomendar com o amedrontar e forçar |
Actualizado 8 de Setembro de 2014
Juan Carlos Barrena/Colpisa
Patrulham vestidos com coletes reflectores de cor laranja e a inscrição «Shariah Police». Semearam o centro da cidade de cartazes amarelos com a advertência «Shariah Controlled Zone» e advertem neles os jovens muçulmanos de que a lei islâmica proíbe o álcool, o jogo, a música, os concertos, a pornografia, a prostituição e as drogas.
Mas isto não sucede em Riade, capital da Arábia Saudita, nem nas localidades do Iraque ou Síria controladas pelos yihadistas do Estado Islâmico, mas sim em Wuppertal, Alemanha, no coração da bacia do Ruhr. Toda uma provocação para as autoridades locais e o próprio governo federal.
Sem dúvida, a polícia de verdade e a fiscalização de Wuppertal admitem que pouco podem fazer, já que «aconselhar o cumprimento de regras religiosas não é um delito», reconheceu um porta-voz da Justiça nessa localidade da Renânia do Norte-Westfalia.
Para deitar-lhes a mão faz falta que ultrapassem os limites da ameaça e da coacção.
Apesar disso, a polícia abriu uma investigação contra onze homens por manifestação ilegal, assim como contra três presumíveis polícias religiosos, de entre 19 e 33 anos, por passear-se com uniformes ilegais, todos eles membros do grupo salafista de Wuppertal, a cidade alemã com maior concentração de radicais islamitas.
Radicais islâmicos na Alemanha
Calcula-se que no estado mais povoado da Alemanha residem uns 1.800 salafistas.
Entretanto, os ministros do Interior e Justiça reagiram indignados. «Não pensamos tolerar algo assim em solo alemão», disse o titular do Interior, Thomas de Maizière, enquanto o seu colega da Justiça, Heiko Maas, sublinhou que «não pensamos tolerar uma justiça paralela».
O alcaide de Wuppertal, o cristão-democrata Peter Jung, mostrou-se alarmado porque «essas pessoas querem atemorizar-nos para impor a sua ideologia. Não pensamos permiti-lo».
O responsável da integração no seu município, Hans Jürgen Lemmer, advertiu de que os impulsionadores dessa «polícia religiosa» são «uma tropa altamente perigosa que recruta para a guerra santa».
De bombeiro a pregador salafista
O presumível cabecilha do grupo é o alemão convertido ao Islão Sven Lau, um antigo bombeiro de 33 anos que agora exerce como pregador e é um dos porta-vozes mais populares do crescente grupo salafista na Alemanha.
Lau foi presidente da associação fundamentalista «Convite ao paraíso» e é observado sistematicamente desde há anos pela polícia e os serviços de inteligência interior.
O movimento salafista há anos que tomou a rua na Alemanha, onde oferecem traduções do Corão ao alemão e partilham pasquins para seduzir os jovens de religião muçulmana e inclusive animar à conversão aqueles que não o são.
Ameaças a raparigas e alguma pancada
Esta situação já se viveu no passado Verão no bairro de Tannenbusch, em Bonn. Jovens salafistas patrulharam pelas suas ruas, ameaçaram raparigas por não levar coberta a cabeça e inclusive deram uma tareia num adolescente por tomar álcool numa festa.
A polícia de Wuppertal fez um apelo aos cidadãos para que denunciem a presença da «Sharia Police».
Os seus membros actuam com tal sentimento de impunidade que publicaram na internet um vídeo de vários minutos para publicitar as suas patrulhas, as quais também apresentam com fotografias nas redes sociais.
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