Páginas

sábado, 4 de outubro de 2014

Pedófilia / Pornografia

“A exploração sexual é uma das mais graves formas de violência cometida contra as crianças. A pornografia é uma das suas manifestações com particular dimensão.” (…) «Se até há bem pouco tempo os abusadores precisavam se deslocar para se manterem em contacto com crianças e adolescentes, hoje, alguns minutos de navegação pelo ciberespaço oferecem informações, dados e fotos que permitem ao pedófilo escolher exactamente o perfil da sua vítima”.
Decorria o ano de 1996, quando foi identificado um dos processos-crime que teve maior impacto na comunicação social, o qual ocorreu nos EUA, no Estado da Califórnia, sendo identificado como o “Caso Cathedral”. (um entre muitos)

As investigações tiveram origem num pequeno episódio, que à partida parecia isolado, mas que acabou por envolver várias centenas de investigadores, de vários países, face ao número incalculável de vítimas.

A história deste processo judicial inicia-se com a visita de uma criança de 10 anos a casa de uma amiga da escola, para aí passar o fim de semana. Durante essa visita o pai da amiga fechou a criança no seu quarto, onde se encontrava um computador ligado à Internet equipado com uma webcam (câmara de filmar que projecta as imagens em tempo real nos computadores que se encontrem ligados a um determinado sítio na Internet). No seu quarto, o pai da amiga abusou sexualmente da criança, tendo filmado os abusos e difundido os mesmos, em tempo real, para o Ciberespaço, através da referida câmara de filmar. Durante o abuso sexual, o agressor recebeu instruções das pessoas que estavam a assistir pela Internet, relativamente aos abusos que deveriam ser praticados com a criança. As imagens foram difundidas num website, denominado Orchid Club. O agressor gravou as imagens do acto que praticou e vendeu-as a troco de quantias monetárias através da Internet. A investigação descobriu o que sucedeu através do testemunho da criança em causa e o agressor foi condenado a 100 anos de prisão. “ (pág. 22)

Tão fascinante quanto perigoso, o Ciberespaço é encarado por muitos como território sem lei, onde as crianças e os adolescentes correm perigo, em particular quanto a abusos de natureza sexual.

Na busca de soluções, partindo de casos de investigação relacionados com a temática, Manuel Aires Magriço, Magistrado do Ministério Público com larga experiência na matéria, dá-nos a conhecer o ambiente, o modo de pensar dos criminosos, o modo de investigar os crimes e recolher provas, alertando os pais, educadores e o público em geral para os perigos existentes para as crianças no mundo em rede".

No passado dia 30 de Setembro, no Centro de Estudos Judiciários, em Lisboa, realizou-se o lançamento do livro: "A exploração sexual de crianças no Ciberespaço" da autoria de Manuel Aires Magriço. A obra foi apresentada pelo Prof.º Dr. Luís Larcher e contou com a presença da vice-presidente do Instituto de Apoio à Criança, Dra. Dulce Rocha.

Um livro tão útil quanto necessário, dada não só a pertinência deste flagelo em expansão, como ainda a premência da necessidade de todos juntos nos devermos comprometer com esta causa que, com pezinhos de lã, ganhou foros de epidemia.

Maria Susana Mexia


Sem comentários:

Enviar um comentário