Nesta terça-feira, Francisco comentou a parábola do paralítico e dos fariseus e nos alertou contra o formalismo e a inércia dos cristãos
Cidade do Vaticano, 01 de Abril de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora
Os “cristãos anestesiados” fazem mal à Igreja com os seus
formalismos; é necessário vencer a inércia espiritual e se arriscar, em
primeira pessoa, para anunciar o evangelho. Esta foi a proposta do papa
Francisco na missa rezada hoje na Casa Santa Marta.
A homilia se baseou no evangelho, que narra o encontro de Jesus com
um homem que, havia 38 anos, estava paralítico. O homem não encontrava
ninguém que o submergisse nas águas; alguém sempre lhe passava na
frente. Jesus então lhe ordenou levantar-se. O milagre despertou as
críticas dos fariseus, por ter sido feito em um sábado, dia de descanso
obrigatório.
O pontífice declarou que encontramos aqui duas doenças espirituais
sérias. Por um lado, a resignação do enfermo, que, triste, apenas se
lamentava. O papa enfatizou: “Penso em tantos cristãos, tantos
católicos, que, sim, são católicos, mas sem entusiasmo, tristes. Que
dizem: 'É a vida, é assim... Vou à missa todos os domingos, mas é melhor
não me meter com a fé dos outros; eu mantenho a minha fé por motivos de
saúde e não tenho necessidade de transmiti-la para os outros... É
melhor cada um na sua casa, tranquilo da vida... Além disso, se você faz
alguma coisa, corre o risco de ser criticado. Não, é melhor não
arriscar...'”.
Esta é a doença da indolência, da indiferença dos cristãos. Esta
atitude paralisa o zelo apostólico. “São pessoas anestesiadas. São
cristãos tristes, pessoas não luminosas, pessoas negativas. E esta é uma
enfermidade dos cristãos. Vamos à missa todos os domingos, mas dizemos:
‘Por favor, não nos incomodem’. Esses cristãos sem zelo apostólico não
fazem bem à Igreja. Há muitos cristãos que são egoístas, só para eles
mesmos. O pecado da indiferença é contrário ao zelo apostólico, de
transmitir a novidade que Jesus nos trouxe, que eu recebi de graça”.
Nesta passagem do evangelho, explicou o papa, encontramos também
outro pecado, quando vemos que Jesus é criticado porque realizou uma
cura em dia de sábado. É o pecado do formalismo. “Cristãos que não abrem
espaço para a graça de Deus. E a vida cristã, para essa gente, é ter
todos os documentos em ordem, todos os certificados (...) Os cristãos
hipócritas, como eles, se interessam só pelas formalidades. Era sábado?
Então não pode fazer milagre. A graça de Deus não pode agir no sábado. E
então eles fecham a porta para a graça de Deus”.
“Temos tantos assim na Igreja, tantos! É outro pecado. Primeiro, os
que não têm zelo apostólico, porque decidiram ficar parados neles
mesmos, nas suas tristezas, ressentimentos. E esses outros que não são
capazes de transmitir a salvação porque fecham a porta para ela”.
Para eles, só contam as formalidades. E nós? “Tantas vezes fomos
apáticos ou hipócritas como os fariseus. São tentações, e temos que
conhecê-las para nos defender delas (...) Jesus se aproxima e pergunta
apenas: ‘Queres a cura?’ E dá a graça. E depois, quando encontra o
paralítico de novo, Ele só diz: 'Não peques mais'”.
“As duas palavras cristãs são estas: ‘Queres a cura?’ e ‘Não peques
mais’. Mas primeiro Jesus cura e depois diz para não pecarmos mais.
Palavras de ternura e de amor. E este é o caminho cristão, o caminho do
zelo apostólico: ir em busca de tantas pessoas feridas, neste hospital
de campo [que é a vida], e tantas vezes feridas por homens da Igreja! É
uma palavra de irmão e de irmã: queres a cura? E depois Ele diz: 'Não
peques mais, porque não te faz bem'. É muito melhor assim. As duas
palavras de Jesus são mais bonitas do que a atitude da indiferença e da
hipocrisia”.
(01 de Abril de 2014) © Innovative Media Inc.
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