Cadeia perpétua por matar os pais de um amigo
| Kent Wimberly aspira à liberdade condicional: a sua vida mudou para sempre. |
Actualizado 29 de Março de 2014
ReL
O passado dia 9 de Março, o arcebispo de São Francisco, Salvatore Cordileone, deslocou-se a uma das prisões mais célebres do mundo, San Quintín, para administrar o sacramento da confirmação a quatro presos. Entre eles, um condenado de dois assassinatos: Kent Wimberly, de 52 anos, sentenciado em 1979 a cadeia perpétua por matar, quando tinha 17, os pais do seu melhor amigo.
Ao longo do processo da sua conversão teve um papel relevante outro recluso, John Grein, de 54 anos, entre barras com a mesma pena e também por assassinato. E os dois, a perguntas do Catholic San Francisco, respondem em uníssono pelas razões da sua mudança: "A Eucaristia".
"Sempre senti que a comunhão era muito mais que um gesto puramente simbólico", confessa Wimberly, que cresceu numa família protestante de San Diego onde se lia habitualmente a Bíblia e se ia ao templo aos domingos. E Grein, educado como católico mas que logo na prisão se fez protestante e trabalhou como pastor, antes de voltar à Igreja em 2004, corrobora esses motivos também no seu caso: "A Eucaristia não representa o corpo e o sangue de Cristo. É o corpo e o sangue de Cristo".
Um retiro interessado
Como chegou Kent a este passo, depois de passar trinta e cinco anos na cadeia?
Tudo começou em 2005, quando já tinha passado mais de um quarto de século desde o dia em que cometeu o seu crime. Queria a todo o custo a liberdade condicional, assim que se inscreveu num retiro da Kairos, uma associação protestante que partilha cursilhos de cristianismo a presos de todo o país e também fora dos Estados Unidos com um lema: mudar corações para transformar vidas.
Naquele momento considerava-se um budista zen, e portanto não acreditava num Deus transcendente. Durante as palestras, sem dúvida, pediu a Deus que, se era "real", se lhe revelasse. E nesse momento, sentado e com os olhos fechados, sentiu uma luz cada vez maior e mais brilhante que o invadia: "Tanto, que literalmente pensei que ia morrer. Foi como uma pincelada do céu. Naquele dia encontrei-me com Cristo".
Pela sua formação fundamentalista, isso para ele traduziu-se sobretudo no estudo da Bíblia: completou os seus cursos de Sagradas Escrituras e logo instruiu nelas outros internos.
Sensação de pertença
Um dia recebeu o convite de assistir na capela católica. Era a sua primeira missa, mas algo se passou: "Senti como que era ali onde devia estar". E quando no ano passado foi transferido para San Quintín, começou a frequentar a companhia do capelão jesuíta, George Williams, que lhe permitiu participar nas actividades do grupo católico ainda sabendo que ele não o era nem tinha intenção clara de sê-lo.
Com o tempo esse contacto levou-o a ler vários catecismos da biblioteca da prisão, até decidir empreender essa via. "Sempre me tinha identificado como protestante", explica, "mas quando terminei de ler o catecismo perguntei-me a mim mesmo: exactamente, de que estou protestando?". Compreendeu que era um "protestante que praticava o catolicismo", assim decidiu transformar o obrar em ser. Pouco depois conheceu John Grein, ele que se converteu em seu guia para o caminho da conversão, que desembocou há duas semanas na sua confirmação por monsenhor Cordileone.
Kent reconhece que, dentro e fora dos muros de San Quintín, muitos duvidam destas conversões, considerando-as interessadas e oportunistas. "Alguns, tanto funcionários como reclusos, riem-se de nós por ter encontrado a Jesus ali. Conheceram na sua vida demasiados aldrabões e farsantes", lamenta. Mas o certo é que, se bem a administração penitenciária californiana informou favoravelmente a sua liberdade condicional o ano passado, o governador do estado rejeitou-a, ainda que ao longo deste ano pode rever a sua decisão.
É o momento que espera Kent para incorporar-se numa comunidade católica e participar activamente nela como parte da vida renovada em Cristo que quer levar 35 anos depois de participar num duplo assassinato.
ReL
O passado dia 9 de Março, o arcebispo de São Francisco, Salvatore Cordileone, deslocou-se a uma das prisões mais célebres do mundo, San Quintín, para administrar o sacramento da confirmação a quatro presos. Entre eles, um condenado de dois assassinatos: Kent Wimberly, de 52 anos, sentenciado em 1979 a cadeia perpétua por matar, quando tinha 17, os pais do seu melhor amigo.
Ao longo do processo da sua conversão teve um papel relevante outro recluso, John Grein, de 54 anos, entre barras com a mesma pena e também por assassinato. E os dois, a perguntas do Catholic San Francisco, respondem em uníssono pelas razões da sua mudança: "A Eucaristia".
"Sempre senti que a comunhão era muito mais que um gesto puramente simbólico", confessa Wimberly, que cresceu numa família protestante de San Diego onde se lia habitualmente a Bíblia e se ia ao templo aos domingos. E Grein, educado como católico mas que logo na prisão se fez protestante e trabalhou como pastor, antes de voltar à Igreja em 2004, corrobora esses motivos também no seu caso: "A Eucaristia não representa o corpo e o sangue de Cristo. É o corpo e o sangue de Cristo".
Um retiro interessado
Como chegou Kent a este passo, depois de passar trinta e cinco anos na cadeia?
Tudo começou em 2005, quando já tinha passado mais de um quarto de século desde o dia em que cometeu o seu crime. Queria a todo o custo a liberdade condicional, assim que se inscreveu num retiro da Kairos, uma associação protestante que partilha cursilhos de cristianismo a presos de todo o país e também fora dos Estados Unidos com um lema: mudar corações para transformar vidas.
Naquele momento considerava-se um budista zen, e portanto não acreditava num Deus transcendente. Durante as palestras, sem dúvida, pediu a Deus que, se era "real", se lhe revelasse. E nesse momento, sentado e com os olhos fechados, sentiu uma luz cada vez maior e mais brilhante que o invadia: "Tanto, que literalmente pensei que ia morrer. Foi como uma pincelada do céu. Naquele dia encontrei-me com Cristo".
Pela sua formação fundamentalista, isso para ele traduziu-se sobretudo no estudo da Bíblia: completou os seus cursos de Sagradas Escrituras e logo instruiu nelas outros internos.
Sensação de pertença
Um dia recebeu o convite de assistir na capela católica. Era a sua primeira missa, mas algo se passou: "Senti como que era ali onde devia estar". E quando no ano passado foi transferido para San Quintín, começou a frequentar a companhia do capelão jesuíta, George Williams, que lhe permitiu participar nas actividades do grupo católico ainda sabendo que ele não o era nem tinha intenção clara de sê-lo.
Com o tempo esse contacto levou-o a ler vários catecismos da biblioteca da prisão, até decidir empreender essa via. "Sempre me tinha identificado como protestante", explica, "mas quando terminei de ler o catecismo perguntei-me a mim mesmo: exactamente, de que estou protestando?". Compreendeu que era um "protestante que praticava o catolicismo", assim decidiu transformar o obrar em ser. Pouco depois conheceu John Grein, ele que se converteu em seu guia para o caminho da conversão, que desembocou há duas semanas na sua confirmação por monsenhor Cordileone.
Kent reconhece que, dentro e fora dos muros de San Quintín, muitos duvidam destas conversões, considerando-as interessadas e oportunistas. "Alguns, tanto funcionários como reclusos, riem-se de nós por ter encontrado a Jesus ali. Conheceram na sua vida demasiados aldrabões e farsantes", lamenta. Mas o certo é que, se bem a administração penitenciária californiana informou favoravelmente a sua liberdade condicional o ano passado, o governador do estado rejeitou-a, ainda que ao longo deste ano pode rever a sua decisão.
É o momento que espera Kent para incorporar-se numa comunidade católica e participar activamente nela como parte da vida renovada em Cristo que quer levar 35 anos depois de participar num duplo assassinato.
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