Boutros Raï pede retorno ao pacto que permitiu a fundação de um país plurireligioso
Roma, 16 de Julho de 2013
O patriarca de Antioquia dos Maronitas, Bechara Boutros Raï,
lançou um novo alerta sobre o destino do Líbano em sua homilia
dominical de 14 de Julho, em Harissa. Segundo ele, qualquer exército não
estatal deve ser considerado “ilegítimo”, para evitar que o país
retorne à “lei da selva” e continue sofrendo com “o aumento da
delinquência, um fenômeno que, infelizmente, já estamos registando”.
A agência de notícias Fides reproduziu hoje a exortação do
patriarca às facções políticas para se reconciliarem mediante um novo
contrato social baseado no Pacto Nacional de 1943. Com o pacto, os
cristãos e muçulmanos do Líbano concordaram com a gestão conjunta do
poder político e das estruturas institucionais do país, então
recém-declarado independente da França.
De acordo com o patriarca, o conflito entre as facções políticas está
contribuindo para a “destruição do país”, que só pode ser freada com a
volta ao pacto fundacional “com que os libaneses construíram sua nação
na base da convivência, preservando a liberdade do Líbano de qualquer
amarra com outros países do leste ou do oeste”.
Conforme o procurador patriarcal maronita junto à Santa Sé, François
Eid, as referências históricas da homilia do patriarca Raï têm um
vínculo claro com a dramática situação que o país vive na actualidade:
“Em 1943”, comenta Eid em conversa com a Fides, “os libaneses decidiram
permanecer independentes dos blocos geopolíticos e dos poderes regionais
que exerciam a sua influência no Oriente Médio".
Prossegue: “Cristãos e muçulmanos assinaram o acordo sobre a gestão
do poder em igualdade de condições. Esta colocação das coisas foi
ratificada pelo Tratado de Taif, depois da guerra civil. Mas agora, com
base em considerações demográficas, muitos dizem que essa linha tem que
ser deixada de lado para adoptarmos uma gestão tripartite do poder, que
dividiria os cargos e os postos de responsabilidade entre cristãos,
xiitas e sunitas”.
Por outro lado, de acordo com Eid, a referência aos exércitos
confessionais, feita pelo patriarca na homilia, toca num ponto
nevrálgico da crise do Líbano: “As milícias xiitas do Hezbolá ficaram do
lado do regime sírio, mas as milícias salafistas foram para a Síria
lutar junto com os rebeldes. O nosso país já está imerso nesse conflito
terrível. E isto, para o Líbano, pode ser devastador”.
in
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