O papa Francisco recebeu nesta quinta-feira no Vaticano os bispos da Conferência Episcopal de Ruanda, que estão em Roma em visita ad limina.
Roma, 03 de Abril de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora
O papa Francisco recebeu nesta quinta-feira no Vaticano os
bispos da Conferência Episcopal de Ruanda, que estão em Roma em ‘visita
ad limina’.
O Santo Padre, depois de ter recordado que "Ruanda comemorara em
poucos dias o vigésimo aniversário do começo do terrível genocídio que
causou tanto sofrimento e as feridas que ainda estão longe de curar-se”,
indicou que se une “com todo o meu coração em luto e lhes asseguro a
minha oração por vocês, suas comunidades muitas vezes amarguradas, por
todas as vítimas e seus familiares, por todos os ruandeses,
independentemente da sua religião, opção étnica ou política”.
O Papa convidou à reconciliação e a cura de tantas feridas que sem
dúvida continuam sendo a prioridade da Igreja em Ruanda. “Encorajo-os a
perseverar neste compromisso, e lutar por muitas iniciativas”, disse.
Neste país localizado na África Central, com cerca de 12 milhões de
habitantes, depois da dominação belga que permitia a educação somente à
etnia tutsi, subiu ao poder o rei Mutara II da etnia hutu e que reinou
por quase trinta anos. Depois da sua morte em 1959, os tutsi recuperaram
o poder. Em 1961, com o apoio dos colonos belgas, a maioria hutu voltou
ao poder e declarou a independência e aboliu a monarquia tutsi. O ódio
entre as etnias foi crescendo e com a sucessão dos diversos eventos
começou uma escalada de violência que, em 1994 causou o genocídio mais
sangrento da história em proporção à sua duração. Em só 100 dias
cometeram mais de 800 mil assassinatos e houve deslocamentos, como de
cerca de dois milhões de hutus para os países vizinhos.
Um período da reconciliação começou por volta do ano 2000 com a
criação do Tribunal Penal Internacional para Ruanda (TPIR) e a
reintrodução de Gacaca, uma justiça tradicional popular de aldeia.
O Papa indicou aos bispos da Ruanda a necessidade do “perdão dos
pecados e da reconciliação verdadeira, que pode parecer impossível aos
olhos humanos, depois de tanto sofrimento”. Entretanto, destacou que a
reconciliação “é um dom possível que Cristo pode dar, através da fé e a
oração, mesmo se o caminho for cumprido e precise de diálogo recíproco”.
Lembrou que, portanto, a Igreja tem o seu lugar na reconstrução da
sociedade ruandesa reconciliada "com toda a força de sua fé e da
esperança cristã" e que, no contexto da reconciliação nacional é também
necessário reforçar as relações de confiança entre a Igreja e o Estado,
por meio de um diálogo genuíno e construtivo com as autoridades para
reconstruir a sociedade "sobre os valores da dignidade humana, da
justiça e da paz".
O Papa concluiu agradecendo "o trabalho perseverante dos institutos
religiosos que, com tantas pessoas de boa vontade, estão dedicados a
todas aquelas vítimas da guerra, na alma ou no corpo, especialmente das
viúvas e dos órfãos, e também dos anciãos, os enfermos e as crianças”.
Porque "a vida religiosa por meio da oferta de adoração e oração,
torna credível o testemunho que a Igreja dá de Cristo ressuscitado e do
seu amor para todas as pessoas, especialmente os mais pobres”. E
convidou a dirigir-se a ‘Nossa Senhora das Dores’ para que conceda o dom
da reconciliação e da paz.
[Trad.TS]
(03 de Abril de 2014) © Innovative Media Inc.
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