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sexta-feira, 4 de abril de 2014

Crise na Venezuela: os bispos destacam que a repressão não é o caminho

A Conferência Episcopal da Venezuela considera valioso o papel de mediação da Santa Sé


Roma, 03 de Abril de 2014 (Zenit.org) Ivan de Vargas


A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) divulgou um comunicado nesta quarta-feira, (2), com treze pontos sobre a situação de "extrema gravidade" que o país enfrenta. Para os bispos, a causa fundamental da actual crise “é a pretensão do partido oficial e das autoridades da República de implantar o chamado “Plano da Pátria”, por trás do qual se esconde a promoção de um sistema de governo totalitário, que coloca em dúvida o seu perfil democrático”.

Em uma aparição perante os meios de comunicação, o arcebispo de Cumaná e presidente da CEV, monsenhor Diego Padrón destacou também outros motivos da crise política que desde meados de Fevereiro deixa a Venezuela em um interrogante: “as restrições às liberdades civis, especialmente da informação e opinião; a falta de políticas públicas adequadas para enfrentar a insegurança jurídica e cidadã; os ataques à produção nacional, que levou nosso país hoje a importar toda espécie de produtos; a brutal repressão da dissidência política; a tentativa de “pacificação” ou de apaziguamento através da ameaça, da violência verbal e da repressão física”.

"Nós lamentamos as mortes de civis e de Guardas Nacionais ocorridas nas manifestações. (...)Da mesma forma rejeitamos a criminalização do protesto cidadão e a negação prática dos direitos humanos no tratamento dos manifestantes”, afirmou o prelado. “Denunciamos a repressão abusiva e excessiva contra eles, as torturas a que foram submetidos muitos dos detidos e a repressão judicial aos prefeitos e Deputados contrários ao oficialismo”, acrescentou durante a leitura do documento.

Diante desses fatos, mons. Padrón destacou que “o Governo erra ao querer resolver a crise por meio da força. A repressão não é o caminho. Com ela não pôde evitar as manifestações de protestos nem dar resposta ao descontentamento e rebelião das pessoas".

"O caminho para sair da crise é claro: o diálogo sincero do Governo com todos os sectores do país, com uma agenda prévia e condições de igualdade, e com gestos concretos, mensuráveis ​​no tempo, como sinais da necessária rectificação", considera o episcopado em sua nota.

Por este motivo, assegura a presidência da CEV, “consideramos oportuna e de grande valor a participação da Santa Sé no diálogo entre o Governo e a oposição. O povo venezuelano apreciará muito tal participação e saberá reconhecer a valiosa contribuição da Igreja”.

Além disso, os bispos fazem uma chamada “a todos os venezuelanos, especialmente aos dirigentes do Governo e da oposição, para considerar a extrema gravidade do momento presente, e a evitar que o país continue sangrando e entre em colapso pela violência”.

Mais ainda, “os exortamos ao diálogo e a colocar todo o seu esforço para construir novas relações baseadas no mútuo reconhecimento, a reconciliação e a busca da normalização da situação nacional".

Caracas e várias cidades do país atravessam uma onda de protestos que já duram várias semanas. As manifestações começaram no Estado Táchira e depois se espalharam por todo o país.

O incêndio começou no dia 12 de Fevereiro quando dezenas de milhares de estudantes venezuelanos aproveitaram o Dia da Juventude para protestar contra as políticas do Governo de Nicolás Maduro.

As manifestações contra o regime demonstraram não somente a crise que se vive nas ruas, mas também os excessos das forças de segurança pública para reprimir os protestos, que deixaram pelo menos 39 mortos e centenas de feridos.

[Trad.TS]

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