A Conferência Episcopal da Venezuela considera valioso o papel de mediação da Santa Sé
Roma, 03 de Abril de 2014 (Zenit.org) Ivan de Vargas
A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) divulgou um
comunicado nesta quarta-feira, (2), com treze pontos sobre a situação de
"extrema gravidade" que o país enfrenta. Para os bispos, a causa
fundamental da actual crise “é a pretensão do partido oficial e das
autoridades da República de implantar o chamado “Plano da Pátria”, por
trás do qual se esconde a promoção de um sistema de governo totalitário,
que coloca em dúvida o seu perfil democrático”.
Em uma aparição perante os meios de comunicação, o arcebispo de
Cumaná e presidente da CEV, monsenhor Diego Padrón destacou também
outros motivos da crise política que desde meados de Fevereiro deixa a
Venezuela em um interrogante: “as restrições às liberdades civis,
especialmente da informação e opinião; a falta de políticas públicas
adequadas para enfrentar a insegurança jurídica e cidadã; os ataques à
produção nacional, que levou nosso país hoje a importar toda espécie de
produtos; a brutal repressão da dissidência política; a tentativa de
“pacificação” ou de apaziguamento através da ameaça, da violência verbal
e da repressão física”.
"Nós lamentamos as mortes de civis e de Guardas Nacionais ocorridas
nas manifestações. (...)Da mesma forma rejeitamos a criminalização do
protesto cidadão e a negação prática dos direitos humanos no tratamento
dos manifestantes”, afirmou o prelado. “Denunciamos a repressão abusiva e
excessiva contra eles, as torturas a que foram submetidos muitos dos
detidos e a repressão judicial aos prefeitos e Deputados contrários ao
oficialismo”, acrescentou durante a leitura do documento.
Diante desses fatos, mons. Padrón destacou que “o Governo erra ao
querer resolver a crise por meio da força. A repressão não é o caminho.
Com ela não pôde evitar as manifestações de protestos nem dar resposta
ao descontentamento e rebelião das pessoas".
"O caminho para sair da crise é claro: o diálogo sincero do Governo
com todos os sectores do país, com uma agenda prévia e condições de
igualdade, e com gestos concretos, mensuráveis no tempo, como sinais
da necessária rectificação", considera o episcopado em sua nota.
Por este motivo, assegura a presidência da CEV, “consideramos
oportuna e de grande valor a participação da Santa Sé no diálogo entre o
Governo e a oposição. O povo venezuelano apreciará muito tal
participação e saberá reconhecer a valiosa contribuição da Igreja”.
Além disso, os bispos fazem uma chamada “a todos os venezuelanos,
especialmente aos dirigentes do Governo e da oposição, para considerar a
extrema gravidade do momento presente, e a evitar que o país continue
sangrando e entre em colapso pela violência”.
Mais ainda, “os exortamos ao diálogo e a colocar todo o seu esforço
para construir novas relações baseadas no mútuo reconhecimento, a
reconciliação e a busca da normalização da situação nacional".
Caracas e várias cidades do país atravessam uma onda de protestos que
já duram várias semanas. As manifestações começaram no Estado Táchira e
depois se espalharam por todo o país.
O incêndio começou no dia 12 de Fevereiro quando dezenas de milhares
de estudantes venezuelanos aproveitaram o Dia da Juventude para
protestar contra as políticas do Governo de Nicolás Maduro.
As manifestações contra o regime demonstraram não somente a crise que
se vive nas ruas, mas também os excessos das forças de segurança
pública para reprimir os protestos, que deixaram pelo menos 39 mortos e
centenas de feridos.
[Trad.TS]
(03 de Abril de 2014) © Innovative Media Inc.
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