Lançada a recompilação dos textos do então cardeal Bergoglio sobre a educação (2008-2011)
Roma, 13 de Março de 2014 (Zenit.org)
Um verdadeiro "manual sobre como educar": o livro de Jorge
Mario Bergoglio, “A beleza educará o mundo”, chega às livrarias
italianas neste dia do primeiro aniversário da eleição do cardeal de
Buenos Aires ao papado. O texto é inédito em italiano.
Com linguagem muito coloquial e rica em referências intelectuais
(Homero, a bíblia, a história da Argentina, o saber pedagógico), o agora
papa Francisco insiste na necessidade, totalmente "laica", de "educar
na e para a esperança". "Educar é, em si, um ato de esperança, não só
porque se educa para construir um futuro, apostando em um futuro, mas
principalmente porque o próprio ato de educar é repleto de esperança.
Caros educadores, desejo que a inquietação, imagem do desejo que move
toda a existência do homem, abra o seu coração e os dirija para a
esperança que nunca trai".
Bergoglio convida todos os educadores a não suprimir o desejo nos
próprios educandos com métodos de ensino rígidos demais: "A disciplina é
um meio necessário, mas não pode se transformar em mutilação do desejo.
Este é a presença de um bem positivo que sempre cresce, que se
estrutura e que se põe em movimento rumo a um ‘mais’. O desejo da
verdade é o que procede, ‘de encontro a encontro’; a disciplina não deve
cortar as asas da imaginação, da saudável fantasia e da criatividade".
Nos textos, escritos entre 2008 e 2011, o futuro papa convida o
educador a evitar a armadilha do fundamentalismo: "A posse da verdade de
tipo fundamentalista carece de humildade: ela tenta se impor aos outros
com um gesto que, em si mesmo e por si, é auto-defensivo. A verdade não
se tem, não se possui: a verdade se encontra".
Eis, portanto, a prática essencial em todo gesto educativo: o
diálogo, que é oposto a todo fundamentalismo: "Os fundamentalismos são
sistemas de pensamento e de conduta absolutamente embalsamadores, que
servem como refúgio. O fundamentalismo se organiza a partir da rigidez
de um pensamento único. Não admite matizes nem repensamentos,
simplesmente porque tem medo: em concreto, ele tem medo da verdade".
O que deve ser praticado, em vez disso, é "o diálogo, que não
significa relativismo, mas ‘logos’ que se compartilha, razão que se
oferece no amor, para construir uma realidade cada vez mais libertadora.
A escuta atenta, o silêncio respeitoso, a empatia sincera, o autêntico
pôr-se à disposição do estranho e do outro são virtudes essenciais a
cultivar e transmitir no mundo de hoje".
O texto conta com posfácio de Vittorino Andreoli, um dos mais reconhecidos psiquiatras da Itália.
(13 de Março de 2014) © Innovative Media Inc.
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