Católico e especialista em Bioética
O segundo na linha sucessória no Luxemburgo acabou estudando no Pontifício Ateneo Regina Apostolorum. Agora é um especialista em Bioética.
Actualizado 5 de Maio de 2013
Javier Lozano / ReL
Num momento no qual a juventude é vítima principal da secularização e se vai estendendo a todos os estratos sociais, ver um Príncipe falando sem complexos da fé e do debate entre esta e a razão mostra que ainda há muito jovem que se pergunta, que se interroga sobre a vida, sobre o porquê e para quê e vai em busca destas respostas.
Actualmente há na Europa cinco casas reais católicas. Espanha, Bélgica, Luxemburgo, Liechtenstein e Mónaco. Sem dúvida, na prática, actualmente só o grão-duque do Luxemburgo arriscou o seu trono e a sua posição por uma questão de consciência.
É amplamente conhecida a oposição pública e frontal da Casa Real do Luxemburgo ao aborto e à eutanásia. De facto, em 2008 o grão-duque Henry anunciou que como chefe de Estado se negaria a assinar a lei aprovada nas Cortes e que aprovava a eutanásia. A consequência da sua valente decisão foi que o Governo limitou-lhe desde então os seus poderes para que não voltasse a estorvar numa situação similar. O certo é que a sua assinatura não chegou a estar nunca nesta lei pois actuou como o seu tio, Balduíno da Bélgica, e se declarou incapaz temporalmente de exercer as suas funções.
Procurando resposta às suas perguntas
No teor desta actuação concreta não é de estranhar que os seus cinco filhos considerem a importância dos valores e da fé na sua vida. Particularmente preocupado com isto pode-se ver o Príncipe Félix, segundo filho do grão-duque, de 28 anos.
Bonito, com fama e com um trabalho muito bem remunerado numa multinacional não deixava de fazer-se perguntas. Não era por aí por onde queria focar a sua vida. Atraído pela beleza da filosofia deixou o seu trabalho e decidiu estudar Bioética em Roma e no seio da Igreja Católica, concretamente no Pontifício Ateneo Regina Apostolorum. Desde então, está fascinado com esta nova faceta da sua vida.
O príncipe Félix foi no passado mês de Março à Universidade Católica de Valência para dissertar sobre a ‘Necessidade do estudo da Bioética, perante os desafios actuais’, uma conferência que se enquadrava nas Jornadas ‘Evangelho e Ecologia’. Antes do acto foi recebido em audiência pelo arcebispo de Valência, monsenhor Carlos Osoro, com o qual manteve uma longa conversa.
“A fé ajuda a ciência a compreender”
Durante a conversa falou como especialista na matéria mas também desde a sua experiência pessoal, o que permite entender a sua evolução. Falou da relação entre Biologia, Fé e Bioética. O segundo na linha sucessória ao trono assegurou que se bem não seja indispensável ter fé para estudar Bioética “sei que amplia o tratado por esta ciência. Temos de ser conscientes de que há coisas que a ciência jamais poderá explicar e que a fé pode ajudar a compreender aspectos que a ciência trata de entender”.
Seguindo com isto, o príncipe centro-europeu indicou que “o mais importante que me trouxe o estudo da Bioética é que o seu centro é o ser humano. Primeiro estuda o detalhe científico, depois vem a Filosofia, que interpreta o facto biológico. Se só se estuda Biologia não se vê na pessoa um ser humano mas sim a sua parte material, e o homem não é só matéria, possuí espiritualidade”.
Por isso, acrescentou que “a Biologia e a Filosofia estão conectadas e não podem separar-se; se o fazes, tens um problema. Inclusive se estudas só o imaterial filosoficamente não chegas a nada”.
“Com a filosofia aprendi a raciocinar”
Depois de falar sobre esta relação, o príncipe Félix também se abriu e desde o seu âmbito pessoal explicou o caminho que o levou a encontrar esta senda. “Antes não dava importância à Filosofia. De facto, se alguém me tivesse dito há uns anos que ia estudá-la ter-me-ia deitado a rir. Não entendia o conceito a que se referia o termo filosofia mas desde que comecei a estudá-la, abriram-se-me os olhos e o meu horizonte. Aprendi a raciocinar, a pensar de outra maneira completamente diferente e a debater”.
E com isso mudou o seu estilo de vida também. “Há quatro anos encontrava-me trabalhando para uma empresa de gestão de eventos, um trabalho estupendo, mas todavia não sabia que fazer com a minha vida, não era o suficientemente maduro”, contava.
No relato da sua vida, o jovem príncipe afirmava que “as minhas prioridades, no princípio dirigiam-se a ganhar um salário para ser independente e esse pensamento tomou dianteira ao que eu realmente desejava fazer para ser feliz. Dei-me conta disso quatro anos depois de começar a trabalhar e comecei a fazer-me perguntas com maior profundidade. A maturidade necessária para tomar a decisão de estudar Bioética chegou bastante tarde, quando tinha 25 anos. Nesse momento dei-me conta de que, na realidade, queria algo mais na minha vida que trabalhar na gestão de eventos”.
O seu carinho ao Papa e o seu casamento
Esta é a história de um jovem que apesar dos seus títulos e ascendência não deixa de pensar e colocar-se coisas que nem o dinheiro nem o poder podem dar. Igualmente, apesar da sua situação é uma pessoa que se manteve simples. No próximo mês de Setembro casar-se-á com uma jovem alemã, a sua namorada desde o instituto e que também quis estudar Bioética.
A catolicidade da família real luxemburguesa é conhecida mas Félix destacou-se nos últimos meses por querer acompanhar os seus pais ao Vaticano. A renúncia de Bento XVI e a eleição de Francisco levaram a Roma uma multidão de chefes de Governo e de Estado. Junto aos seus pais e o seu irmão mais velho, o príncipe quis despedir-se de Bento ainda que a surpresa fosse maior quando também quis estar presente no início de Pontificado do Papa Francisco. Pois em Roma, Félix encontrou o seu caminho.
O segundo na linha sucessória no Luxemburgo acabou estudando no Pontifício Ateneo Regina Apostolorum. Agora é um especialista em Bioética.
Actualizado 5 de Maio de 2013
Javier Lozano / ReL
Num momento no qual a juventude é vítima principal da secularização e se vai estendendo a todos os estratos sociais, ver um Príncipe falando sem complexos da fé e do debate entre esta e a razão mostra que ainda há muito jovem que se pergunta, que se interroga sobre a vida, sobre o porquê e para quê e vai em busca destas respostas.
Actualmente há na Europa cinco casas reais católicas. Espanha, Bélgica, Luxemburgo, Liechtenstein e Mónaco. Sem dúvida, na prática, actualmente só o grão-duque do Luxemburgo arriscou o seu trono e a sua posição por uma questão de consciência.
É amplamente conhecida a oposição pública e frontal da Casa Real do Luxemburgo ao aborto e à eutanásia. De facto, em 2008 o grão-duque Henry anunciou que como chefe de Estado se negaria a assinar a lei aprovada nas Cortes e que aprovava a eutanásia. A consequência da sua valente decisão foi que o Governo limitou-lhe desde então os seus poderes para que não voltasse a estorvar numa situação similar. O certo é que a sua assinatura não chegou a estar nunca nesta lei pois actuou como o seu tio, Balduíno da Bélgica, e se declarou incapaz temporalmente de exercer as suas funções.
Procurando resposta às suas perguntas
No teor desta actuação concreta não é de estranhar que os seus cinco filhos considerem a importância dos valores e da fé na sua vida. Particularmente preocupado com isto pode-se ver o Príncipe Félix, segundo filho do grão-duque, de 28 anos.
Bonito, com fama e com um trabalho muito bem remunerado numa multinacional não deixava de fazer-se perguntas. Não era por aí por onde queria focar a sua vida. Atraído pela beleza da filosofia deixou o seu trabalho e decidiu estudar Bioética em Roma e no seio da Igreja Católica, concretamente no Pontifício Ateneo Regina Apostolorum. Desde então, está fascinado com esta nova faceta da sua vida.
O príncipe Félix foi no passado mês de Março à Universidade Católica de Valência para dissertar sobre a ‘Necessidade do estudo da Bioética, perante os desafios actuais’, uma conferência que se enquadrava nas Jornadas ‘Evangelho e Ecologia’. Antes do acto foi recebido em audiência pelo arcebispo de Valência, monsenhor Carlos Osoro, com o qual manteve uma longa conversa.
“A fé ajuda a ciência a compreender”
Durante a conversa falou como especialista na matéria mas também desde a sua experiência pessoal, o que permite entender a sua evolução. Falou da relação entre Biologia, Fé e Bioética. O segundo na linha sucessória ao trono assegurou que se bem não seja indispensável ter fé para estudar Bioética “sei que amplia o tratado por esta ciência. Temos de ser conscientes de que há coisas que a ciência jamais poderá explicar e que a fé pode ajudar a compreender aspectos que a ciência trata de entender”.
Seguindo com isto, o príncipe centro-europeu indicou que “o mais importante que me trouxe o estudo da Bioética é que o seu centro é o ser humano. Primeiro estuda o detalhe científico, depois vem a Filosofia, que interpreta o facto biológico. Se só se estuda Biologia não se vê na pessoa um ser humano mas sim a sua parte material, e o homem não é só matéria, possuí espiritualidade”.
Por isso, acrescentou que “a Biologia e a Filosofia estão conectadas e não podem separar-se; se o fazes, tens um problema. Inclusive se estudas só o imaterial filosoficamente não chegas a nada”.
“Com a filosofia aprendi a raciocinar”
Depois de falar sobre esta relação, o príncipe Félix também se abriu e desde o seu âmbito pessoal explicou o caminho que o levou a encontrar esta senda. “Antes não dava importância à Filosofia. De facto, se alguém me tivesse dito há uns anos que ia estudá-la ter-me-ia deitado a rir. Não entendia o conceito a que se referia o termo filosofia mas desde que comecei a estudá-la, abriram-se-me os olhos e o meu horizonte. Aprendi a raciocinar, a pensar de outra maneira completamente diferente e a debater”.
E com isso mudou o seu estilo de vida também. “Há quatro anos encontrava-me trabalhando para uma empresa de gestão de eventos, um trabalho estupendo, mas todavia não sabia que fazer com a minha vida, não era o suficientemente maduro”, contava.
No relato da sua vida, o jovem príncipe afirmava que “as minhas prioridades, no princípio dirigiam-se a ganhar um salário para ser independente e esse pensamento tomou dianteira ao que eu realmente desejava fazer para ser feliz. Dei-me conta disso quatro anos depois de começar a trabalhar e comecei a fazer-me perguntas com maior profundidade. A maturidade necessária para tomar a decisão de estudar Bioética chegou bastante tarde, quando tinha 25 anos. Nesse momento dei-me conta de que, na realidade, queria algo mais na minha vida que trabalhar na gestão de eventos”.
O seu carinho ao Papa e o seu casamento
Esta é a história de um jovem que apesar dos seus títulos e ascendência não deixa de pensar e colocar-se coisas que nem o dinheiro nem o poder podem dar. Igualmente, apesar da sua situação é uma pessoa que se manteve simples. No próximo mês de Setembro casar-se-á com uma jovem alemã, a sua namorada desde o instituto e que também quis estudar Bioética.
A catolicidade da família real luxemburguesa é conhecida mas Félix destacou-se nos últimos meses por querer acompanhar os seus pais ao Vaticano. A renúncia de Bento XVI e a eleição de Francisco levaram a Roma uma multidão de chefes de Governo e de Estado. Junto aos seus pais e o seu irmão mais velho, o príncipe quis despedir-se de Bento ainda que a surpresa fosse maior quando também quis estar presente no início de Pontificado do Papa Francisco. Pois em Roma, Félix encontrou o seu caminho.
in
Sem comentários:
Enviar um comentário