O Papa respondeu 15 perguntas dos jornalistas no voo de volta da Coreia. Ele falou sobre a paz na Terra Santa, suas futuras viagens, sua vida e férias em Santa Marta. A viagem ao México, talvez, quando vá para os EUA
Roma, 18 de Agosto de 2014 (Zenit.org) Rocio Lancho García
O Santo Padre Francisco concedeu a habitual conferência de
imprensa no voo de volta da Coreia. Durante uma hora, o papa respondeu
as 15 questões dos 72 jornalistas que o acompanharam no voo.
Entre outros temas, o Papa falou sobre a situação das minorias
religiosas obrigadas a abandonar o Iraque, a violência do Estado
Islâmico, os bombardeamentos americanos. Sobre a guerra em Gaza depois da
oração pela paz; as relações com a China; suas próximas viagens; a causa
de beatificação de Romero; e sobre a sua vida e ‘férias’ em Santa
Marta.
Referindo-se aos ataques do Estado islâmico contra as minorias
cristãs no Iraque e as bombas americanas, Francisco disse que "nestes
casos, em que há uma agressão injusta, só posso dizer que é lícito
'parar' o agressor injusto. Enfatizo a verbo 'parar', não digo
bombardear, fazer a guerra, mas impedi-lo". Mas, alertou que "só uma
nação não pode julgar como parar um agressor injusto". Portanto,
recordou o papel das Nações Unidas, que é onde se deve discutir e
perguntar-se se há um agressor injusto e como pará-lo. Sobre as minorias
que estão sofrendo esta situação afirmou que "nem todos são cristãos, e
todos são iguais perante Deus".
Além do mais, o Papa disse que "estou disposto a ir ao Iraque". Após o
comunicado enviado a todas as nunciaturas, sua carta ao
Secretário-Geral das Nações Unidas e a decisão de mandar um enviado
pessoal, o Cardeal Filoni, “dissemos que, se fosse necessário, depois da
viagem para a Coreia, eu poderia ir lá; era uma das possibilidades.
Estou disposto! Neste momento não é o melhor, mas estou disposto a
fazê-lo", explicou.
Outro tema discutido foi a oração pela paz com Mahmoud Abbas e Shimon
Peres. Perguntaram-lhe se foi um fracasso, e o Papa respondeu que “a
oração pela paz não foi absolutamente nenhum fracasso. Estes dois homens
são homens de paz, são homens que crêem em Deus e que viveram muitas
coisas ruins, muitas coisas ruins, e estão convencidos de que a única
saída para os problemas é a da negociação, do diálogo, da paz”.
Francisco afirmou que "Eu acho que a porta está aberta". Assim, ele
observou que "a paz é um dom de Deus, que merece o nosso trabalho, mas é
um dom".
Agora – disse - "a fumaça das bombas e das guerras não deixam ver
essa porta, mas a porta ficou ali, aberta, desde aquele momento. Creio
em Deus, creio no Senhor, essa porta está aberta, e peçamos para nos
ajudar”.
Sobre as vítimas da guerra, o Papa afirmou que "hoje a bomba vai e
mata o inocente e o culpado, a criança com a mulher, com a mãe, mata
todos”. E por isso pediu para se parar de pensar um pouco no nível da
crueldade, aonde fomos parar? Isso deveria assustar-nos. Por outro lado,
observou que a “tortura é um pecado contra a humanidade” e convidou os
presentes a realizar em seus ambientes uma reflexão sobre qual é hoje o
nível de crueldade da humanidade, e o que eles pensam sobre a tortura”.
O Santo Padre também recordou na viagem de ida para a Coreia, quando o
piloto pedia permissão para entrar no espaço aéreo chinês, que é uma
coisa normal que sempre deve ser feita em cada país. Depois “rezei
muito, por esse lindo povo chinês: um povo sábio”. “Que se quero ir à
China?”, perguntou-se Francisco. “Mas, claro! Amanhã! Nós respeitamos o
povo chinês. A Igreja somente pede a liberdade para o seu ministério,
para o seu trabalho. Nenhuma outra condição. E recordou a carta que
enviou aos chineses o Papa Bento XVI e que seria bom voltar a lê-la.
O Bispo de Roma falou sobre suas futuras viagens. Sobre Albânia
explicou que há duas razões importantes para a sua visita a este país em Setembro. "Em primeiro lugar, porque conseguiram fazer um governo de
unidade nacional entre muçulmanos, ortodoxos, católicos, com um conselho
inter-religioso que ajuda muito e que é equilibrado". E a segunda
razão: “pensemos na história da Albânia, o único dos países comunistas
que em sua Constituição tinha o ateísmo prático. Se você fosse à missa,
era inconstitucional! e, depois, me dizia um dos ministros, que foram
destruídas um número exacto de 1820 igrejas ortodoxas e católicas.
Naquele tempo muitas igrejas foram transformadas em cinemas, teatros,
salões de festa”.
Para o próximo ano, Francisco também expressou seu desejo de ir para a
Filadélfia, para o encontro das famílias, talvez as três cidades
juntas: Filadélfia, Washington e Nova York". Com relação a essa viagem,
afirma que os mexicanos também querem que ele vá à Virgem de Guadalupe",
e poderia se aproveitar, mas não é certeza”. E, finalmente, para a
Espanha. "Os reis convidaram-me, o episcopado também me convidou, mas
não decidimos, mas há uma chuva de convites da Espanha... Talvez seja
possível, mas não está decidido. Na parte da manhã, poderíamos visitar
Ávila e Alba de Tormes e retornar a Roma no início da tarde. Seria
possível".
Falando sobre a sua relação com Bento XVI, Francisco confirmou que
"temos um relacionamento normal". E acrescentou que acredita que "o Papa
emérito continue sendo uma instituição, porque nossa vida se estende e
em uma certa idade já não temos a capacidade de governar bem, porque o
corpo está cansado... A saúde pode ser boa, mas perde-se a capacidade de
levar adiante todos os problemas de um governo como o da Igreja”. E se
ele sentisse que não consegue mais continuar, disse, “faria o mesmo”.
Durante o voo papal, Francisco reconheceu que "a última vez que saiu
de férias com a comunidade jesuíta, foi em 1975". E explica "sempre tiro
férias, mas na minha casa, mudo de ritmo: durmo mais, leio coisas que
gosto, escuto música, rezo mais. E descanso assim”.
Sobre sua vida no Vaticano, o Santo Padre explicou que em Santa Marta
tem "a vida normal de trabalho, de descanso". Apesar de reconhecer que
no princípio sim se sentia prisioneiro, agora não, “caíram alguns
muros”. E colocou um exemplo: “o Papa não podia usar o elevador sozinho,
rapidamente alguém vinha para acompanha-lo. ‘Você, volte para o seu
lugar, que eu desço sozinho!’. E essa história acabou. É assim... a
normalidade, a normalidade”.
"Para mim, Romero é um homem de Deus", disse o Papa quando
questionado sobre a causa de beatificação de Oscar Arnulfo Romero, bispo
de El Salvador assassinado em 1980. Deste modo, Francisco explicou que a
causa estava bloqueada, dizia-se, pela prudência, na Congregação para a
Doutrina da Fé. Agora está desbloqueada. Passou para a Congregação para
os Santos e continua o caminho normal de um processo, depende de como
se movimentem os postuladores”.
(18 de Agosto de 2014) © Innovative Media Inc.
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