
Paquistão
7MARGENS | 22/08/2025
Passaram dois anos sobre aquela que foi descrita como “a pior vaga de violência contra cristãos” na história do Paquistão, mas nenhum dos mais de cinco mil suspeitos de ter perpetrado atos de violência foi levado à justiça, enquanto cristãos continuam a ser vítimas de perseguição e assédio no país. A denúncia é feita pelo bispo Indrias Rehmat, responsável pela diocese de Faisalabad, à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.
Os cristãos no distrito de Jaranwala, no Punjab, querem “gritar e clamar” em protesto contra a aparente falha em aplicar a justiça após a violência de 16 de agosto de 2023, que causou danos em 26 igrejas, 80 casas de cristãos, salões paroquiais, residências de sacerdotes e até campas cristãs, sublinha o prelado.
As suas declarações surgem dois meses depois de o Tribunal Anti-Terrorismo de Faisalabad ter absolvido mais dez pessoas, acusadas de ter incendiado uma das igrejas. Dos 5.213 acusados em ligação com o massacre, mais de 380 foram presos, muitos libertados sob fiança, mas até agora não houve uma única condenação, refere a fundação pontifícia.
Na verdade, as únicas pessoas condenadas em ligação com o massacre de 2023 foram cristãos. Entre eles, os irmãos Rocky e Raja Masih – acusados e depois absolvidos de blasfémia pelo suposto ato de profanação do Alcorão que desencadeou a violência – e Ehsan Masih (sem parentesco), considerado culpado de divulgar na internet uma imagem do texto sagrado danificado.
O bispo assinala ainda que vários cristãos têm recebido ameaças físicas e assédio por parte de extremistas locais por ousarem exigir justiça. O padre Khalid Rashid Asi, diretor da delegação diocesana de Faisalabad da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), confirma: “Há pessoas na região que dizem aos nossos fiéis para não irem aos tribunais, e eles têm medo porque os terroristas e fundamentalistas muçulmanos são muito fortes. As ameaças existem. Mas o nosso povo está muito zangado. Passados dois anos, continuam à espera de justiça. Os muçulmanos acusados não foram condenados. Os restantes saíram em liberdade sob fiança”.
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