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terça-feira, 5 de março de 2013

Cora Evans, a mórmon que se converteu ao catolicismo e poderia ser beatificada

Promoveu a «humanidade mística» de Cristo
O seu marido, os seus dois filhos e numerosos familiares e amigos seguiram-na no seu caminho até à Igreja.

Actualizado 22 de Agosto de 2012

C.L. / ReL

As aspirações de Mitt Romney à Casa Branca, suportadas por sondagens que o situam muito próximo de Barack Obama na intenção de voto, não se viram ressentidas pela sua condição de mórmon. Seria, com efeito, o primeiro presidente membro da Igreja dos Santos dos Últimos Dias, fundada pelo jovem Joe Smith em 1820 e que goza de especial relevância no estado do Utah.

Curiosamente, em 29 de Março, quando as primárias republicanas começavam a revelar Romney como o candidato com melhores expectativas à nomeação (que disputou até ao final com o católico Rick Santorum), a Congregação para as Causas dos Santos remetia uma carta ao bispo de Monterrey (Califórnia), Richard García, autorizando a abertura de uma investigação para determinar as virtudes heróicas de Cora Evans, uma mórmon convertida ao catolicismo em 1935 e que assegurou ter tido em 1946 uma visão na qual Jesus a impulsionou a difundir a devoção à sua "humanidade mística".

Dez anos de procura
Cora nasceu em 1904 e morreu em 1957. Tinha rejeitado o mormonismo em 1924 justo ao casar-se com o seu marido e descobrir os rituais secretos do matrimónio mórmon no templo de Salt Lake City, capital do Utah. Nesse momento a decepcionaram os ensinamentos sobre Deus da sua comunidade, e empreendeu uma procura da verdadeira religião que durou dez anos, e onde ao princípio não contava com o catolicismo, pelo qual sentia uma grande aversão.


Cora Evans
Mas o momento chave chegou em 9 de Dezembro de 1934. Naquele dia a sintonia do seu rádio encontrava-se numa estação católica californiana, e ela estava na cama, doente e sem forças para mudar de emissora. O que ouviu pelas ondas nessa manhã não tinha nada a ver com o que lhe tinham ensinado sobre a Igreja, assim que quando se recuperou foi à próxima paróquia de São José informar-se.

Foi assim que descobriu a verdade que andava procurando, e em 20 de Março de 1935 baptizou-se junto com os seus dois filhos em Odgen (Utah). Mack, o seu marido, fê-lo pouco depois, e com o passar do tempo muitos familiares e amigos mórmones imitaram-na.

"Cora amava os mórmones, considerava-se herdeira deles. Queria que conhecessem Jesus e comungassem. Rezava muito pelos mórmones", afirmou em Março Mike McDevitt, impulsionador da sua causa de beatificação, ao diário Catholic San Francisco.

As visões

Em 24 de Dezembro de 1946, Cora Evans recebeu uma visão. Jesus apareceu-lhe para pedir-lhe que impulsionasse a devoção à "humanidade mística de Cristo" ou "divina habitação", segundo a qual Cristo está sempre entre nós e devemos comportar-nos sempre como se estivesse presente, uma espiritualidade muito centrada também na santa missa.

O processo aberto deve agora determinar a realidade desta visão. Dele se encarregará o sacerdote Joseph Grimaldi, a quem monsenhor García designou como postulador da causa a nível diocesano. Cora deixou abundantes escritos onde relatava as suas visões (aquela não foi a única, mas sim que recebeu também algumas aparições de santos). Segundo o padre Grimaldi, já foram examinados por um teólogo sem encontrar erros, ainda que se realizarão novos estudos, como em qualquer processo desta natureza.

Segundo Grimaldi, um canonista com experiência que já participou na investigação do milagre de canonização do Padre Damião (São Damião de Molokai), o caso de Cora Evans "parece muito animador, apesar de que ela é relativamente desconhecida".

"É conhecida particularmente pela sua espiritualidade", continua Grimaldi: "Poderia ser um bom exemplo de alguém casado que levou uma vida muito boa e muito santa fazendo as coisas ordinárias de forma extraordinária", ainda que segundo os relatórios também padeceu dos estigmas da Paixão.

Uma das causas da esperança de que o processo chegue a bom termo é que os mais de oitenta retiros que pregou McDevitt sobre a "mística humanidade de Cristo" estão sendo, segundo Grimaldi "muito bem recebidos".


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