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quarta-feira, 3 de junho de 2020

Do arco-íris ao negro


Vemos os sinais de indignação que transformam fotos «Tudo vai ficar bem», em negro de luto por causa de mais uma vítima de racismo, nos Estados Unidos da América.

Não, nem tudo vai ficar bem, nem tudo está bem e, infelizmente, citando a psicóloga Margarida Cordo, com quem esta semana conversamos no programa Ecclesia, a cada noite na Antena 1, «o ser humano tem um ténue memória para a dor». Quer isto dizer que os comportamentos de mimetizamos traem-nos e, apesar de ser necessário afirmar a esperança e resiliência, também no que ao racismo diz respeito, que pede a denúncia e o ativismo de cada um, há situações que não se compadecem de emoção momentânea.

Os bispos nos Estados Unidos vieram a público condenar a morte de George Floyd, na sequência de brutalidade policial, questionando a persistência de atitudes racistas na sociedade norte-americana.

«Floyd, um homem negro de 46 anos, morreu a 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante largos minutos, apesar dos seus alertas de que não conseguia respirar»

Fazemos parte desta sociedade, que também por cá, imita comportamentos acima descritos, e que continua a olhar para o lado enquanto prémios e dividendos são distribuídos por baixo de uma legalidade imoral


A Comissão Nacional Justiça e Paz critica este procedimento branco e a “imagem” de tantas ações que se revestem com uma responsabilidade social desresponsabilizante.

Importa não esquecer que enquanto o confinamento para uns foi de ricos, para outros foi de angústia, fome, pobreza, desigualdade, insónia, contaminação. A coesão nacional depende de todos.

“A responsabilidade social não é teórica, não é imagem ou política da parte das empresas mas é um compromisso que exige coerência e demonstra-se em situações como esta. É um apelo que fazemos perante esta divisão de dividendos que não contempla os trabalhadores”, afirmou Pedro Vaz Patto.

Também sobre a promoção e proteção das famílias, escreveu D. Manuel Clemente uma carta à diocese de Lisboa.

D. Manuel Clemente salienta que esta é uma prioridade “especialmente agora”, quando a crise sanitária e económica “atinge fortemente a muitos e dificulta a sobrevivência de tantos”, quanto ao trabalho e “a tudo o mais que garanta a vida das pessoas e suas famílias”.

A ação da Igreja, e por isso, de todos os crentes, tem sido desconfinada e isso mesmo lhe vamos dando conta a cada dia no portal de notícias da Agência Ecclesia. Na caminho que nos leva à construção do «normal», encontramo-nos lá.

Tenha um excelente dia!

Lígia Silveira




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