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domingo, 4 de agosto de 2019

O Papa na Roménia ao encontro dos ortodoxos

 
Frescos no tecto da igreja do Mosteiro de Cocos (Niculițel, Roménia), representando a Última Ceia e a Morte da Virgem. Foto © Diego Delso/Wikimedia Commons
O Papa Francisco inicia esta sexta-feira mais uma viagem pastoral, desta vez dedicada integralmente à Roménia, país de maioria ortodoxa, onde os católicos não representam mais de quatro por cento. Quase 20 anos depois da viagem que ali fez João Paulo II, em condições bastante difíceis (várias décadas de ilegalização e perseguição, recém conquista da liberdade recentemente conquistada e abertura ao Ocidente), Francisco terá o ecumenismo como um dos pontos centrais da sua agenda de contactos e de intervenções, não deixando, também, de sublinhar as raízes cristãs da Europa, como notou o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin.
Um momento alto será a deslocação a Blaj, considerado o centro histórico da Igreja Greco-Católica, onde beatificará sete bispos no decorrer de uma celebração da divina liturgia, em rito bizantino. A beatificação é o reconhecimento do preço pago pelos bispos que foram presos por causa da sua fidelidade ao Papa e, ao mesmo tempo, pela resistência da comunidade católica a todas as formas de pressão e perseguição nos últimos 300 anos, como recorda Félix Lungu, romeno e diretor de comunicação da Ajuda à Igreja que Sofre, em entrevista à Renascença.
Esta é a 30ª viagem realizada pelo Papa Bergoglio, desde que foi eleito em 2013 – uma média de cerca de seis viagens por ano, facto notável para uma pessoa de mais de 80 anos. Numa contabilidade feita há dias pelo jornalista e editor da edição do La Croixem língua inglesa, Robert Mickens, Francisco fez já mais cinco viagens do que Bento XVI nos seus oito anos de papado e mesmo João Paulo II, conhecido como globetrotter, e sendo bastante mais novo, precisou de sete anos para realizar o número de viagens do actual Papa. Note-se que Francisco tem ainda, além da Roménia, duas deslocações exigentes previstas para este ano: África (Moçambique, Madagáscar e Ilhas Maurícias) em setembro e Japão em novembro. Recentemente deixou expresso o desejo de se deslocar ainda ao Sudão do Sul juntamente com o arcebispo anglicano de Cantuária.
Em lugar de abrandar e reduzir, o Papa tem vindo a aumentar o ritmo e a exigência. Comentando estes factos, o editor de La Croixescrevia: “A maioria [das viagens] foi para o sul global ou para as periferias. Em geral, ele evitou os centros de poder e riqueza do mundo, com poucas exceções, como a sua visita aos Estados Unidos em 2015. As viagens de Francisco por toda a Europa limitaram-se principalmente aos países mais pobres, menores e mais marginalizados do Velho Continente. Mais uma vez, houve exceções, como o caso das visitas a organizações internacionais em França (Parlamento Europeu) e Suíça (Conselho Mundial de Igrejas). Também participou em eventos católicos globais em algumas das principais cidades europeias, como Cracóvia (Jornada Mundial da Juventude) e Dublin (Encontro Mundial das Famílias). Mas, principalmente, o papa jesuíta viajou com destino a lugares onde católicos e até cristãos de qualquer denominação são uma minoria”.

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