Nos
nossos tempos, em consequência do contacto cada vez mais frequente com outras
religiões, com os seus diversos estilos e métodos de oração, muitos fiéis começaram
a interrogar-se sobre o valor que pode representar para os cristãos outras
formas não cristãs de meditação.
Esta dúvida refere-se
sobretudo aos métodos usados nas religiões orientais, alguns inspirados no Induísmo
e no Budismo, como o «Zen» ou a «Meditação transcendental», ou o «Yoga».
Tratam-se, portanto, de métodos de meditação do Extremo Oriente não cristão,
que hoje são usados frequentemente também por parte de alguns cristãos por
motivos terapêuticos.
Num
mundo agitado, stressante e ruidoso, onde a inquietude espiritual duma vida
submetida ao ritmo agitado da sociedade tecnologicamente avançada, é cada vez
maior o número de cristãos a procurar em tais métodos um caminho de distensão
interior, de equilíbrio psíquico, de recolhimento espiritual e dum profundo
contacto com o mistério divino.
Perante este
fenómeno, convém dispor de critérios seguros, de carácter doutrinal e pastoral,
que permitam conduzir e educar no sentido de oração nas suas variegadas
manifestações, mas permanecendo na luz da verdade revelada em Jesus, segundo a
genuína tradição da Igreja.
A
oração cristã é sempre determinada pela estrutura da fé cristã, na qual
resplandece a verdade de Deus Pai Criador e a do homem como criatura. Por isso
mesmo, a oração assume a forma dum diálogo pessoal, íntimo e profundo, entre o
homem e Deus.
Nesta comunhão que se
funda sobre o Baptismo e sobre a Eucaristia, fonte e cume da vida da Igreja,
encontra-se implícita uma atitude de conversão, um êxodo do eu para o Tu, de
Deus. Com muita clareza, os autores do Novo Testamento falam sempre da revelação
de Deus em Cristo, no âmbito duma visão iluminada pelo Espírito Santo.
A
oração cristã é também e sempre ao mesmo tempo autenticamente pessoal e
comunitária. Por esta razão, recusa técnicas impessoais ou centradas sobre o
eu, as quais tendem a produzir automatismos, nos quais o orante fica
prisioneiro dum espiritualismo intimista, incapaz duma livre abertura para o
Deus transcendente, passando depois a sentir-se ele mesmo um igual a Deus, na
medida em que nestas meditações de origem oriental há o predomínio do
panteísmo, onde tudo é Deus e no qual o ser humano se considera seu igual,
procurando assim a iluminação divina.
S.
Paulo já nos advertia de que o «Mistério de Deus é Cristo no qual se acham
escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento» (Col. 2, 3) e
continua —: «Digo isto para que ninguém vos engane com argumentos capciosos» (ibidem,
v. 4).
É
antiga a tentação do homem se querer igualar a Deus, minimizando o Criador e
exaltando a criatura, neste caso fundir
a meditação cristã com a não cristã, adorar a Deus em Jesus Cristo, que nos
transcende não é o mesmo que mergulhar no vazio da mente em busca dum nada,
procurando estados psíquicos alegadamente superiores ou ambicionando tornar-se
num iluminado, como foi Buda, entre outros.
Santo Agostinho diz
sobre este tema: “Se queres encontrar a Deus abandona o mundo exterior e entra
em ti mesmo. Todavia, não fiques em ti mesmo, mas vai mais além, porque tu não
és Deus: Ele é mais profundo e maior do que tu. «Procuro a sua substância na minha
alma e não a encontro; meditei, todavia, sobre a pesquisa de Deus e, inclinado
para Ele, procurei conhecer, através das coisas criadas, `a realidade invisível
de Deus’. «Fechar-se em si mesmos»: eis o verdadeiro perigo. Com efeito, Deus
está em nós e connosco, mas transcende-nos no seu mistério.
Estas
propostas ou outras análogas de harmonização entre a meditação cristã e as
técnicas orientais, deverão ser continuamente examinadas mediante um cuidadoso
discernimento de conteúdos e de método, para evitar a queda num pernicioso
sincretismo ao jeito das novas correntes culturais muito divulgadas entre nós,
num misto de fusão entre filosofias e tendências orientais de cariz politeísta,
se não mesmo pagão em alguns casos, em que o seu aproveitamento ou exploração redundou
numa amálgama exotérica de tratamentos e de negócios, sem qualquer credibilidade
científica ou religiosa.
Maria Susana Mexia |
Uma análise muito pertinente da grande confusão dos nossos dias sobre "espiritualidade". Há dias lia, infelizmente já não me lembro da fonte, as palavras de um mestre hindú que afirmava não haver yoga cristão. Também dá que pensar que há quem olhe para a sociedade oriental com desejo de imitação e despreza a riqueza da cultura ocidental. Se olharmos para as profundas assimetrias sociais é no mínimo desconcertante!
ResponderEliminarÉ mesmo remar contra a maré...mas felizmente ainda há quem tenha o bom senso e o saber para nos esclarecer das confusões e artimanhas com que nos quer enganar esse poder global que para aí anda há umas décadas a minar a são doutrina.
ResponderEliminarCristianismo é Cristianismo, rezar é falar com Deus, nosso Pai que está nos Céus, por isso nos deixou o Pai Nosso - oração predilecta de Jesus Cristo, Seu Filho muito amado e nosso salvador. Com todo o respeito pelas outras religiões, não posso admitir que se confundam, misturem e se comparem, pq isso é o que nos querem fazer, para relativizar e minimizar a Fé dos Cristãos. Buda foi um Iluminado, mas Jesus Cristo é Filho de Deus, festejámos o seu nascimento pelo Natal, nada de confusões...e termino com o " não nos deixeis cair em tentação e livrai-nos Senhor de todo o mal, do maligno, (destas seduções impostas pelo politicamente correcto).