Há cento e poucos anos atrás, em
França, um jovem universitário toma o seu lugar no comboio com destino a Paris.
No banco em frente, voltado para si, viajava um outro passageiro, um homem de
ar austero. Embora muito composto no trajar, pensou o jovem que se trataria de
um camponês, não só pelo seu aspecto, mas também porque na mão segurava um
Terço, que de conta em conta ia rezando.
O jovem estava ansioso por meter conversa com o companheiro de viagem, vendo
nele alguém com provável capacidade para entender as suas académicas ideias.
Assim que aquele senhor, de certa idade, terminou de rezar o terço, estabeleceu
com ele o tão desejado diálogo.
Começando por dizer-lhe que via
nele uma pessoa capaz da abertura necessária ao entendimento da evolução,
disse-lhe que era uma perda de tempo o que estava a fazer e ainda acreditar
nessas coisas de religião; que o progresso estava na ciência; e que ele, que
era estudante universitário, sabia muito bem do que falava. Convidou o ancião
devoto a deixar-se de orações, a atirar o terço pela janela fora, porque a
religião era um atraso que só convém à Igreja para não ter a oposição de quem
pode saber mais. E para lhe provar, sugeriu que ele lhe desse o seu endereço,
pois teria muito gosto em lhe enviar alguma literatura científica que
desmistificaria a sua crença na religião.
Acedendo ao pedido, o devoto passageiro disse-lhe que não era necessário
anotar o seu endereço, que o tinha ali à mão, e deu-lhe um cartão onde já
estavam impressos os dados pretendidos.
Estupefacto ficou o jovem quando
ao olhar para o cartão, viu que tinha diante de si o investigador e grande
cientista Louis Pasteur.
Maria Susana Mexia |
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