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sexta-feira, 20 de abril de 2018

A Importância de Criar Rotinas

A criação de rotinas, regras, projetos de continuidade, que permitem de algum modo e ainda reforçam as diferentes ligações à sociedade envolvente, não só facilitam quebrar o isolamento bem como manter-se com atividade, ajudando assim, a perspetivar o futuro com mais otimismo e esperança, recordando sempre que o homem é um ser social. O Papa Francisco recentemente referiu: “Que a nossa vida seja sempre florida, com flores de esperança, de fé, de boas obras”. Passo a fundamentar este meu pensamento. Ao quebrarmos as rotinas, sem perspetivar um projeto alternativo de continuidade, pode-se criar um vazio existencial ao nível das relações, do trabalho e das ocupações. Interrompidos que foram estes laços, torna-se posteriormente mais complicado reativá-los, se o projeto alternativo em que nos envolvemos não tiver alcançado os resultados esperados, conduzindo assim, a um maior isolamento ou mesmo à solidão. Dou um exemplo. Há algum tempo uma pessoa amiga com um emprego estável, muito bem inserida na sociedade, com uma família que a apoiava, resolveu deixar tudo o que tinha conquistado, prosseguindo um sonho pouco estável, noutro país, que lhe oferecia melhores condições financeiras. Constituía, segundo ela, uma oportunidade excelente que não queria de todo perder. Assim sendo partiu rumo ao desconhecido. Passado o primeiro entusiasmo, começou a sentir umas saudades enormes da família, dos amigos, do nosso clima, da alimentação, até do trabalho anterior. Sentia que tinha perdido tudo o que tinha conquistado, em prol da melhoria da sua qualidade de vida numa perspetiva economicista. Acabou por se deprimir, sentindo que não se estava a adaptar, que tinha corrido atrás de um sonho que não correspondia às suas expetativas. Desiludida, considerou que o melhor mesmo seria regressar a Portugal, tentar reconquistar o que tinha deixado para trás. Sabia que não seria fácil, contudo nem tudo era negativo. Tinha ganho experiência, maturidade, outra visão do mundo, nomeadamente dos aspetos culturais e de outra vivência em sociedade. Também fazia jus ao provérbio: “Nem tudo o que luz é ouro”. Há diferentes contornos e perspetivas a considerar antes de se aventurar.

Face a este contexto, devemos em prol do nosso bem-estar físico e mental, acautelar a possibilidade de não nos adaptarmos, de um possível regresso às origens. Nenhuma vida humana é uma vida isolada, entrelaça-se com os outros. Claro que devemos amar o mundo, ir atrás dos nossos sonhos, mas com os pés assentes na terra. Cada situação humana é irrepetível, deve-se viver com intensidade. Acredito que todos nós temos sonhos, objetivos para concretizar, planos para o futuro. Também, na realidade, nem todos somos iguais. Uns possuem um espirito bem mais aventureiro, uma maior facilidade de adaptação, mas na verdade, torna-se importante analisar os prós e os contras bem como o modo como vamos executar os nossos planos de ação que não é de todo bom deixar ao sabor do acaso, de um impulso pouco sólido. Torna-se importante saber como iremos desenvolver as nossas ações carecendo de uma programação prévia, que ajuda muito a alcançarmos os nossos propósitos pré-estabelecidos. Claro que também existem outras situações. Hoje em dia com a globalização, assistimos a muitos jovens que partem com bolsas de estudo permanecendo vários anos fora. Alguns adaptam-se, e mantêm-se no estrangeiro construindo aí as suas vidas. Outros regressam, às vezes, com processos de adaptação complicados, sentindo-se desinseridos da sociedade. Alguém dizia que os bolsistas são os novos pobres da sociedade, com habilitações académicas elevadas, sem que estas sejam consideradas para efeitos de subsídio de desemprego enquanto se procuram integrar novamente. Recentemente tive oportunidade de ver num noticiário na televisão o depoimento de uma bolsista de um Pós-doutoramento, que tinha regressado a Portugal. Esta académica afirmava quase em tom de desespero: “Faço qualquer trabalho, preciso de me sustentar”! São as diferentes mutações temporais da sociedade, as novas realidades. Será que acolhemos bem os novos cientistas, que os valorizamos, que lhes concedemos novas oportunidades de trabalho com caráter de dignidade? Espero que sim, que não seja necessário partirem novamente, que sejam devidamente integrados e reconhecidos enquanto país reconhecido como acolhedor e solidário, não irá certamente descurar o futuro dos seus jovens, criando medidas e incentivos que lhes permitam na sua área de estudo, perspetivar o futuro com esperança.

Termino este artigo, solicitando a bênção da Virgem Mãe para estes jovens e suas famílias, enquanto penhor seguro do sumo bem. Santa Maria, vós sois a rosa do puro amor suave aspirando celeste odor. Iluminai os nossos governantes para que sejam criadas condições. Sois a nossa luz, ó Mãe querida de Jesus. Rogai por todos nós.

Maria Helena Paes



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