Páginas

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

A menina que queria uma família

“O Reino de Deus já está no meio de nós, como uma semente escondida a um olhar superficial e cujo crescimento acontece no silêncio. Mas quem tem olhos, tornados limpos pelo Espírito Santo, consegue vê-lo germinar e não se deixa roubar a alegria do Reino por causa do joio sempre presente.” Estas são algumas das palavras do Papa Francisco para o dia mundial das Comunicações Sociais em Maio de 2017.

Parece-me que neste tempo do Advento, tempo de esperança, é bom fortalece-la reflectindo que o Deus Menino que vai nascer nos trouxe e nos traz esse Reino de Deus, Reino de Paz, de Amor e Verdade.

Ainda que o mal, esse joio de que fala o Papa, possa perseguir-nos nunca esqueçamos que Esse Deus que se fez Homem, o fez por nós, por mim e por ti. E mesmo que tenhamos dificuldade em acreditar porque a vida às vezes é madrasta, como se costuma dizer, se olharmos para Maria, se olharmos para a Senhora do Amparo, se lhe pedirmos socorro, Ela não deixará de nos dar a mão, não deixará de nos envolver no seu manto de misericórdia. 

Este tempo que vivemos será verdadeiramente tempo de encontro, de família, de união. 

“Constitui um sinal particularmente reconfortante dos nossos tempos o facto de os crentes e pessoas de boa vontade se sentirem cada vez mais chamados a cooperar na formação duma cultura do encontro, diálogo e colaboração ao serviço da família humana. Isto requer mais do que simples tolerância; estimula-nos a estender a mão ao outro numa atitude de mútua confiança e compreensão, para construir uma unidade que considere a diversidade, não como ameaça, mas como potencial fonte de enriquecimento e crescimento. Anima a exercitar-nos na abertura do coração, para ver os outros como um caminho e não como um obstáculo.” Disse recentemente o Papa na sua visita a Myanmar e Bangladesh.

Ao ler estas palavras veio-me à memória uma história muito simples duma criança que queria uma família.

Ela já a havia possuído, mas as dificuldades da vida, o desemprego, levaram os pais a separar-se e agora ela vivia apenas com a mãe.

Na escola e na catequese falavam de Natal, mas que Natal teria ela! Como era esperta e lhe tinham dito que Deus não negava nada às crianças resolveu escrever uma carta ao pai e outra à mãe em que os textos eram semelhantes. Referia-lhe as saudades de quando viviam todos juntos, dizia-lhes que sabia que eram diferentes, que não gostavam das mesmas coisas, mas que agora separados, era bem pior. Até tinha saudades dos castigos que lhe davam e até de os ver discutir. Não poderiam eles ter mais compreensão e tolerância pelos defeitos um do outro, pelas coisas que faziam menos bem? Não poderiam aprender a perdoar-se? Porque é que não se abriam a uma ajuda mútua, em que as diferenças seriam um modo de se completarem e ajudarem nas dificuldades.

Simultaneamente com o envio das cartas, começou a fazer a novena da Imaculada Conceição de 30 de Novembro a 8 de Dezembro e depois a do Menino Jesus que começa 9 dias antes do Natal. Dizia à Senhora e ao Deus Menino que gostaria de ter como prenda de Natal a reconciliação dos seus pais, não queria mais nada. Rezava desabafando com Jesus e a Mãe do Céu, contando-Lhes a sua vida, o seu desgosto, os seus desejos.

Na noite de Natal quando se preparava para ir com a mãe para a Missa do Galo bateram à porta…..Era o pai que voltava para casa.

Maria Teresa Conceição
professora aposentada



Sem comentários:

Enviar um comentário