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terça-feira, 14 de novembro de 2017

Mensagem do Papa Francisco para o «Primeiro Dia Mundial dos Pobres» “Não amemos com palavras, mas com obras”!...

No dia 19 de Novembro, 2017, vamos celebrar o Primeiro Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco com a carta `Misericordia et mísera`, com que assinalou o final do ano da misericórdia em novembro de 2016.

O título “ Não amemos com palavras, mas com obras”, é retirado da primeira carta de São João: “Meus filhinhos, não amemos com palavras nem com a boca, mas com obras e com verdade”. No documento, o Papa insiste no escândalo da pobreza, pede uma “nova visão da vida e da sociedade”, dizendo que os pobres “não são um problema” mas antes um recurso para “acolher e viver a essência do Evangelho” patente na Doutrina Social da Igreja, desde longa data.

Recordamos que a expressão “doutrina social”, designa o conjunto de orientações da Igreja Católica para os temas sociais. Ela reúne os pronunciamentos do magistério católico sobre tudo o que implica a presença do homem na sociedade e no contexto internacional. Trata-se, como sabemos, de uma reflexão feita à luz da fé e da tradição eclesial. A função da doutrina social é o anúncio de uma visão global do homem e da humanidade e a denúncia do pecado de injustiça e de violência que, de vários modos, atravessa a sociedade.

Não é uma ideologia, nem se confunde com as várias doutrinas políticas construídas pelo homem. Poderá encontrar pontos de concordância com as diversas ideologias e doutrinas políticas quando estas buscam a verdade e a construção do bem comum, mas irá denunciá-las sempre que se afastarem destes ideais.

A Doutrina Social da Igreja “situa-se no cruzamento da vida e da consciência cristã com as situações do mundo e exprime-se  nos esforços que indivíduos, famílias, agentes culturais e sociais, políticos e homens de Estado realizam para lhe dar forma e aplicação na história (João Paulo II, Carta encicl. Centesimus annus, 59).

A DSI  busca “o desenvolvimento humano integral, que é o desenvolvimento do homem  todo e de todos os homens” (Paulo VI, Carta encicl. Populorum Progrssio, 42; Bento XVI, Carta encicl. Caritas in Veritate, 8).

Ao anunciar o Evangelho à sociedade em seu ordenamento político, económico, jurídico e cultural, a Igreja quer atualizar no curso da história a mensagem de Jesus Cristo. Ela procura colaborar na construção do  bem comum, iluminando as relações sociais com a luz do Evangelho.

A expressão “doutrina social” remonta a Pio XI (Carta encicl. Quadragesimo anno, 1931). Designa o corpus doutrinal referente à sociedade, desenvolvido na Igreja a partir da Encíclica Rerum  novarum (1891), de Leão XIII. Em 2004, foi publicado o Compêndio de Doutrina Social da Igreja, organizado pelo Pontifício Conselho Justiça e Paz, que apresenta, de forma sistemática, o conteúdo da doutrina  social da Igreja produzido até aquela ocasião. A partir daí, este tornou-se o documento de referência obrigatório para quem deseja aprofundar neste campo.

Considerado o primeiro grande documento da doutrina social da Igreja, a Rerum novarum aborda a questão operária no fim do século XIX. Leão XIII denuncia a penosa situação dos trabalhadores das fábricas, afligidos pela miséria, num contexto profundamente transformado pela revolução industrial. Depois da Rerum novarum, apareceram diversas encíclicas e mensagens referentes aos problemas sociais.

É evidente que, com a sua doutrina social, a Igreja não quer impor-se à sociedade, mas sim fornecer critérios de discernimento para a orientação e formação das consciências. O seu propósito é religioso, sendo matéria do campo da teologia moral. A sua finalidade é interpretar as realidades da existência do homem, examinando a sua conformidade com as linhas do ensinamento do Evangelho. É uma doutrina dirigida em especial a cada cristão que assume responsabilidades sociais, para que atue com justiça e caridade.

Conforme diz o Santo Padre na sua mensagem, o amor não admite álibis: quem pretende amar como Jesus amou, deve assumir o seu exemplo, sobretudo quando somos chamados a amar os pobres. Aliás, é bem conhecida a forma de amar do Filho de Deus:”Ele nos amou primeiro, a ponto de dar a Sua vida por nós”.

Neste sentido, o Santo Padre faz diversas referências à vida de Jesus, que ecoou, desde o princípio, na primeira Comunidade eclesial, que assumiu a assistência e o serviço aos pobres, com base no ensinamento do Mestre, que proclamou os pobres “bem-aventurados e herdeiros do Reino dos Céus”.

Contudo, aconteceu que alguns cristãos não deram a devida atenção a este apelo, deixando-se contagiar pela mentalidade mundana. Mas, o Espírito Santo inspirou muitos homens e mulheres que, de várias formas, dedicaram toda a sua vida ao serviço dos mais pobres. É o que na sua Mensagem o Papa nos recorda também, dizendo que nestes dois mil anos, numerosas páginas da história foram escritas por cristãos que, com simplicidade e humildade, se colocaram ao serviço dos seus irmãos mais abandonados. Deste modo o Santo Padre, Francisco, lembra que, para os cristãos, discípulos de Cristo, a pobreza é, antes de tudo, uma vocação; é seguir Jesus pobre; é o metro para avaliar o uso correto dos bens materiais.

O nosso mundo, muitas vezes, não consegue identificar a pobreza dos nossos dias, com as suas trágicas consequências: sofrimento, marginalização, opressão, violência, torturas, prisão, guerra, privação da liberdade e da dignidade, ignorância, analfabetismo, enfermidades, desemprego, tráfico de pessoas, escravidão, exílio e miséria. A pobreza é fruto da injustiça social, da miséria moral, da avidez de poucos e da indiferença generalizada!

Diante deste cenário, não se pode permanecer inertes e resignados, afirmou Francisco. Todos estes pobres – como dizia o Beato Paulo VI – pertencem à Igreja por “direito evangélico” e a obriga à sua opção fundamental.

Por isso, o Papa conclui a sua Mensagem para o Dia Mundial dos Pobres convidando toda a Igreja a fixar o seu olhar, neste dia, em  todos os que estendem as suas mãos invocando ajuda e solidariedade!
                                                                                                        
Maria Helena Marques
Prof.ª Ensino Secundário



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