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quinta-feira, 13 de julho de 2017

Ser Mais…

Na sociedade actual sente-se o materialismo a moldar a vida humana, a proclamar que o «status» se conquista com o ter mais.

Perante esta realidade parece loucura, e até contradição, falar de Voluntariado, na medida em que está inserido no espaço do Ser e da Gratuitidade.

Acontece porém que, ao mesmo tempo, é palpável uma insatisfação significativa, bem como um número crescente de pessoas, que se lança na procura de algo diferente, para dar novo sentido à sua vida.

Isto denuncia que o ser humano sente necessidade de Ser Mais, de encontrar um espaço mais nobre e gratificante, para si próprio e para os outros. Para isso vai tentando respostas de realização, e encontra-as também na solidariedade organizada, nas comunidades. Aí compromete-se a arriscar livremente e a caminhar com todos, numa estrada comum de auto e hétero realização. Descobre assim um espaço novo para participar, de modo responsável, respeitando as diferenças legítimas e desenvolvendo a convergência possível.

É a oportunidade de crescer, como pessoa e como cidadão, humanizando-se a si próprio e humanizando a sociedade em que está mergulhado.

Quando se embarca nesta “aventura” de mudança, deixando de ser sujeito passivo e passando a um activo, colocamos as mãos numa atitude permanente de serviço. Descobre-se que vale a pena, e corre-nos nas veias “sangue novo”.

Então, tornamo-nos capazes de transformar as carências em oportunidades, em consequência de um intercâmbio de vida, de saberes e de bens. Abre-se para nós um novo rumo, uma estrada iluminada, a felicidade autêntica.

Quando nos tornamos Voluntários somos cidadãos mais conscientes. Fazemos a democracia funcionar melhor, porque acreditamos que a participação social é o sangue da prática democrática.

Abraçamos um estilo de vida inserido numa aposta permanente na promoção humana de todos, de modo particular dos mais esquecidos e marginalizados. No fundo, acreditamos num novo tipo de relações sociais, baseadas na fraternidade e igualdade. Vai desabrochando em nós uma Economia de Comunhão.

Passamos assim de um individualismo, para a corresponsabilidade, caminhando numa escuta activa, capaz de perceber os problemas das pessoas, grupos e comunidades. Já nada nos passa “ao lado”, mas tudo é “um connosco”.

Os nossos braços alongam-se, para os que estão perto ou mais longe. Somos cidadãos do mundo.

Esta nova atitude faz-nos descobrir que o mundo é, de facto, a nossa casa comum, que desejamos construir e reconstruir, cada dia.

Verificamos que é mesmo verdade a afirmação do nosso cientista Albert Einstein:  «Só uma vida pelos outros vale a pena ser vivida».

Foi esta certeza que a nós dois, como casal, nos levou a lançar para a frente, a partir do ano de 2003.


A nossa Irmã Assunção, da Congregação das Irmãs de São João Baptista e de Maria Rainha, já estava presente em Moçambique, como Missionária, num trabalho empenhado e intenso, a favor da promoção humana das crianças, jovens e famílias. Ela relatava-nos as dificuldades e sofrimento daquele povo africano. 

Isto tocou-nos. Era hora de acordarmos para a partilha real. Afinal só temos uma vida, e ela acrescenta-se quando a damos, e enfraquece no isolamento e no comodismo.

Não vamos negar que tropeçámos em algumas dificuldades. Tivemos incompreensões, críticas destrutivas, até de pessoas mais chegadas. Não faz mal. Tudo oferecemos com alegria.


Hoje, fazendo o balanço, em 2017, dizemos: Vale a pena!

Entregámos a Nossa Senhora, Mãe da Divina Providência, e a São João Baptista, as nossas vidas e trabalho, e seguimos em frente, escutando o conselho de Santa Madre Teresa de Calcutá, que dizia: «Nunca te detenhas».

Isto de sermos pessoas com os outros e para os outros, dá-nos toda a força. Dividimos a vida, para que ela se multiplique.

A situação em Moçambique é trágica.

·        Em consequência da mortalidade precoce, quase metade da população tem menos de 18 anos.

·        Só 32% tem acesso à Escola Primária (1º ciclo).

·        28% morre antes dos 5 anos, por falta de alimentos e cuidados de saúde.

·        38% com menos de 3 anos, é desnutrida.

·        A esperança de vida é de cerca de 38 anos.

·        O número de crianças órfãs é elevado.

·        A malária, a tuberculose e a sida, concluem a situação já de si preocupante, ceifando inúmeras vidas humanas.

A vida ali é um grito constante, quase não ouvido pelo resto do planeta, abafado pela indiferença, que desaba no esquecimento da ajuda urgente.

Algo pode mudar. Só é preciso darmos as mãos. Através de nós, o pão e os sorrisos podem estar naqueles que sofrem as injustiças, da falta do amor activo.

Nós, casal, somos “Voluntários Missionários de São João Baptista”.

Ao grupo de padrinhos, madrinhas e benfeitores que connosco estão a apoiar à distância, as crianças, jovens, famílias e seminaristas de Moçambique, dizemos um grande obrigado.

Para fazerem uma ideia do nosso trabalho desde 2003, como foi referido, temos neste momento:

Região Norte de Portugal: 

·        327 Crianças e jovens apoiados por padrinhos / madrinhas;

·        12 Seminaristas apoiados por padrinhos / madrinhas;

·        17 Benfeitores (reconstrução palhotas, ap. alimentar, medic.).

Região Centro de Portugal

·        200 Crianças e jovens apoiados por padrinhos / madrinhas;

·        25 Seminaristas apoiados por padrinhos / madrinhas;

·        18 Benfeitores (reconstrução palhotas, ap. alimentar, medic.).

Região Sul de Portugal

·        18 Crianças e jovens apoiados por padrinhos / madrinhas;

·        2 Seminaristas apoiados por padrinhos / madrinhas;

·        2 Benfeitores (reconstrução palhotas, ap. alimentar, medic.).

Região Autónoma dos Açores

·        29 Crianças e jovens apoiados por padrinhos / madrinhas;

·        2 Benfeitores (reconstrução palhotas, ap. alimentar, medic.).

Região Autónoma da Madeira

·        14 Crianças e jovens apoiados por padrinhos / madrinhas;

·        1 Seminarista apoiado por padrinho / madrinha;

·        2 Benfeitores (reconstrução palhotas, ap. alimentar, medic.).

Estrangeiro

·        10 Crianças e jovens apoiados por padrinhos / madrinhas;

·        1 Benfeitor (reconstrução palhotas, ap. alimentar, medic.).

Mas precisamos de mais apoios, porque a Missão das Irmãs está a ajudar, só em Nampula, mais de 1500 crianças e jovens, além de muitas famílias carenciadas, idosos e doentes.

Então, fica o desafio.


Deixemos a nossa cultura selectiva, elitista, e passemos a uma cultura comunitária, a favor dos mais débeis.

Como diz o provérbio: «Quem quer fazer algo, encontra um meio. Quem não quer fazer nada, arranja uma desculpa».

Se queremos Vida avancemos, porque Viver é Partilhar!

Podem contactar-nos através de:

e-mail: voluntariosmissionarios.sjb@gmail.com

Tlm – Nuno: 96 034 6168 / Lena: 96 321 2002

O casal, Maria Helena e Nuno Osório Gonçalves - Junho de 2017   

Missão em Moçambique

«Só uma vida pelos outros, vale a
pena ser vivida»   Albert Einstein 








1 comentário:

  1. Fantástico, tanta gente boa a fazer tanta coisa boa pelos outros...
    vale a pena, continuem e não desistam nunca

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