Com a recente
notícia da morte do professor Joaquín Navarro Valls, têm surgido múltiplas
entrevistas por ele concedidas a televisões de vários países. Pelo seu
interesse, animo os meus amigos a pesquisar na internet e, claro, também os
meus leitores. Espero entusiasmar todos deixando aqui uma pequena amostra do
que poderão encontrar.
Navarro Vals já
era um conhecido jornalista quando recebeu um telefonema do Vaticano.
Diziam-lhe que o Papa João Paulo II desejava almoçar com ele no dia seguinte.
Julgando tratar-se de uma brincadeira, pediu à secretária para confirmar se o
telefonema vinha da parte do Papa, o que foi confirmado. Durante o almoço, o
Sumo Pontífice perguntou ao jornalista que ideias tinha para melhorar a
comunicação do Vaticano. Assim surgiu uma conversa franca e animada. Alguns
dias depois, recebeu a notícia de que o Papa o queria ter como porta voz da
sala de imprensa do Vaticano, mas que estava livre para recusar o cargo. Depois
de pensar, aceitou o desafio, mas pediu para ser recebido pelo Papa. Nesse encontro,
manifestou o seu temor por ficar à frente de um trabalho de enorme
responsabilidade. A resposta de João Paulo II serviu-lhe ao longo da vida: não devemos viver obcecados pela responsabilidade, pois ela como que nos
prende, deixa-nos encurralados e pode impedir-nos de pensar e agir (palavras
não textuais). Certamente que iria
cometer erros e milhares, milhões de pessoas de todo o mundo iriam vê-los, mas
a Igreja continuaria a existir.
Este médico
psiquiatra e jornalista passou mais de vinte anos ao lado de João Paulo II,
tendo-o acompanhado também na sua doença, agonia e morte. Surgiu uma grande
amizade entre ambos e profundos respeito e admiração da parte de Navarro Valls
pelo Papa. Preparou muitas das suas viagens mais delicadas, como por exemplo a
Cuba e à Russia. Constatou que o Santo Padre visitou vários países que tinham
regimes ditatoriais, por vezes violentos. Todos eles viriam a mudar de regime após
a morte do Papa.
Alguém notou que
Navarro Vals tinha convivido com três santos: o S. João Paulo II, S. Josemaria
Escrivá e Santa Teresa de Calcutá; e perguntou que tinham em comum para serem
santos. Navarro Valls respondeu que é necessário varrer da nossa mente a ideia
que se faz dos santos, geralmente representados na iconografia religiosa,
sobretudo da época barroca, em momentos excepcionais da sua vida como santa
Teresa de Ávila em êxtase, S. Sebastião com setas, etc.. Eram momentos reais,
mas únicos que nada tinham a ver com a vida normal, a vida que ele presenciara
nestes três santos já canonizados. Os três eram totalmente diferentes, disse
ele, provenientes de países e culturas diferentes, com personalidades e
vocações diferentes, mas sim, tinham uma coisa em comum e que saltava à vista.
Era a alegria. Acrescentou que se costuma pensar nos santos como pessoas fora
do normal, mas com estes, é notório que a santidade é acessível a todos. Disse
ainda que todos nós contactamos com santos ao longo da nossa vida, mesmo sem
nos apercebermos. São pessoas alegres, generosas, honestas, responsáveis,
delicadas, simpáticas, atentas às necessidades dos outros... Sentimo-nos bem ao
pé delas e inspiram confiança; por vezes até nos fazem repensar os nossos
valores e “acertá-los”. Nem todos virão a ser canonizados e reconhecidos mundialmente,
mas não é isso que os torna santos; é a sua fé e vida exemplar que os torna
santos.
Foram muitos e
variados os temas abordados nas entrevistas a que nos referimos e que vão desde
recordações de episódios vividos com os Papas João Paulo II e Bento XVI, a
ideias filosóficas, antropológicas, teológicas ouvidas destes pontífices,
episódios diplomáticos, momentos difíceis como os relacionados com a pedofilia,
etc., etc. Tudo isto tratado numa linguagem acessível, sintética e honesta.
Para facilitar a pesquisa, deixo nota de uma possível ligação:
Espero que vos
seja útil.
Isabel
Vasco Costa
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