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sexta-feira, 7 de julho de 2017

Crer no Próprio Ser e Confiar no Próprio Ser

“As gerações dos jovens de hoje passam por tantas crises que não é possível que nos entendam, mas nós temos a obrigação de, pelo menos, tentar compreendê-los assim. Talvez as possamos ajudar nalguma coisa”.( Edith Stein)

Muitos anos volvidos esta frase continua tão atual! Hoje sinto-me extremamente feliz. A minha neta com cinco anos, concluiu a pré-primária. Convidou-me para assistir à sua festa de “finalista”. Admirada e com alguma curiosidade aceitei o convite. Ao chegar deparei-me com inúmeros pais e familiares que iam igualmente assistir à festa. Que bom, ver que a família participava bem como a própria comunidade uma vez que existiam apoios externos que permitiam a sua efetivação. O corpo docente e demais colaboradores encontravam-se igualmente presentes, como não podia deixar de ser. Também a Associação de Pais estava representada. Era bem evidente o esforço conjunto para que tudo corresse pelo melhor. O palco estava muito bem decorado com inúmeras flores de papel muito coloridas. A música infantil, muito alegre, ecoava no espaço abrilhantando o evento. Na realidade todas estas sinergias faziam prever uma festa de finalistas condigna. Ainda bem!

Nos seus cinco anos a Maria Luísa, trajada de Abelha Maia, apareceu acenando, feliz por ter a família por perto. Sentia-se valorizada e apoiada. Irrequieta, estava ansiosa para mostrar os seus dotes acompanhada pelos seus colegas finalistas quase “diplomados”. Aproximava-se uma nova etapa da sua vida, ou seja, passaria para o primeiro ano da escolaridade. Foi a última sala a subir ao palco. Muito engraçadas as abelhas, esvoaçavam e dançavam à volta das flores ao som da música da Abela Maia, imitando o bzzz… das abelhas.

A festa decorreu com muita alegria com várias representações das diferentes salas. Alguns, muito pequenos, vestidos de pijama, com música a condizer a prepararem-se para dormir agarrados à almofada e ao seu boneco de peluche. Outros simbolizavam um grupo de músicos, os mosqueteiros Dartakan, Heidi, a loja do Mestre André, entre muitos outros. Um espetáculo mesmo muito engraçado apesar das quedas, das distrações, do nervosismo: tudo serviu para abrilhantar a cerimónia que concluiu com a música que ganhou este ano o festival da Eurovisão, “Amar pelos Dois” que simbolizava o Amor. Cantaram todos juntos com um coração nas mãos. Depois de muitas ovações e ternura demonstrada pelos familiares (nalgumas situações vi mesmo algumas lágrimas furtivas a serem limpas), chegou o momento da entrega do diploma aos finalistas. Felizes, aguardavam agora com alguma expetativa uma nova fase da sua vida, depois de umas férias bem merecidas. O acesso à educação, que todos devem poder usufruir, reveste-se da maior importância, constituindo o motor de desenvolvimento das sociedades, recriando a esperança num futuro mais justo e solidário. 

Por contraste, passou pela minha mente a Mensagem do Santo Padre para o 1º Dia Mundial dos Pobres, que terá lugar no dia 16 de Novembro de 2017, instituído na sequência das Celebrações do Jubileu da Misericórdia, com o lema: “Não amemos com palavras mas com obras”. Na sua mensagem para este dia o Papa Francisco refere: “Não pensemos nos pobres apenas como destinatários de uma boa obra de voluntariado, que se pratica uma vez por semana, ou menos ainda de gestos improvisados de boa vontade para pôr a consciência em paz. Estas experiências, embora, válidas e úteis, a fim de sensibilizar para as necessidades de tantos irmãos e para as injustiças que frequentemente são a sua causa, deveriam abrir a um verdadeiro encontro com os pobres e dar lugar a uma partilha que se torne estilo de vida… Portanto somos chamados a estender as mãos aos pobres a encontrá-los, fixá-los nos olhos, abraçá-los, para lhes fazer sentir o calor do amor que rompe o círculo de solidão… Por conseguinte, se desejamos dar o nosso contributo eficaz para a mudança da história, gerando verdadeiro desenvolvimento, é necessário escutar o grito dos pobres e comprometer-nos a erguê-los do seu estado de marginalização. E todavia esta interpela-nos todos os dias com os seus inúmeros rostos marcados pelo sofrimento, pela marginalização, pela opressão, pela violência, pelas torturas e a prisão, pela guerra, pela privação de liberdade e de dignidade, pela ignorância e pelo analfabetismo, pela emergência sanitária, pela falta de trabalho, pelo tráfico de pessoas, pela escravidão, pelo exílio, pela miséria e pela migração forçada. A pobreza tem o rosto de mulheres, de homens e de crianças exploradas para vis interesses, espezinhados pelas lógicas perversas do poder e do dinheiro… A tudo isto é preciso responder com uma nova visão da vida e da sociedade… Os pobres não são um problema: são um recurso de que lançar mão para acolher e viver a essência do Evangelho”.

Termino citando a minha neta que pediu felicidade, amor e educação para todas as crianças do mundo.

Maria Helena Paes



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