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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Sobre o Envelhecimento

Recordo a visita que há anos fiz a uma família composta por mãe e filha. A mãe acamada há vários anos. A filha, com muito amor e ternura, dedicava-se quase exclusivamente a cuidar da mãe. Ofereceram-me um chá, acompanhado por um bolo delicioso feito pela filha segundo as orientações da mãe. Na realidade, não me lembro se era bom, mas acima de tudo, quero dar ênfase que o convívio, a partilha, esses sim foram excelentes e perduram na minha memória. Por um lado a preocupação manifestada pela mãe, muito reconhecida pela enorme dedicação da filha, mas receosa pelo seu isolamento, pelo seu futuro quando já não estivesse entre nós. Por outro lado, a filha que não queria de todo ouvir falar em colocar a mãe num lar. Acreditava sinceramente que Deus a ajudaria um dia, se fosse caso disso, a encontrar um novo caminho. Muito sensibilizada com o que nos era dado partilhar, aconselhámos a filha a fazer um curso de formação para cuidadores informais. Conheceria outras pessoas, adquiriria novos conhecimentos que lhe seriam muito úteis nesse momento. Quem sabe, se um dia poderia vir a ajudar outras pessoas?

O tempo passou. A filha fez a formação sugerida. Estava muito feliz. Tinha aprendido imenso. Podia ajudar mais e melhor a mãe. Conhecera outras pessoas e havia no grupo muita solidariedade para com esta família. O isolamento estava quebrado, a comunidade agora envolvida participava igualmente ajudando a tornar menos solitária a vida de ambas.

O tempo passa. Atravessamos vários ciclos de vida. Este é o momento no que a mim se refere de usufruir da reforma, o que não implica que deixe de colaborar nas atividades que considero pertinentes, dando o meu pequeno contributo para, se possível, se alcançar a melhoria das condições de vida das pessoas. Neste caso concreto, das pessoas com uma idade mais avançada. E ainda há tanto a fazer nesta área face ao envelhecimento da população!

Sem querer perspetivar o futuro a este nível, sabendo que Portugal, por enquanto, está a envelhecer e a perder população, mais uma vez vejo com agrado, que o Grupo de Trabalho de Composição Aberta sobre o Envelhecimento (OEWGA), vai ter a sua 8ª Sessão, como vem sendo habitual, na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, entre os dias 5 a 7 de Julho próximos.

Neste momento desejo apenas dar conhecimento dos temas específicos que irão ser debatidos, num programa ainda provisório. A) Igualdade e não-discriminação. B) Negligência, violência e abuso. Outros temas, serão ainda abordados: Medidas para melhorar os contributos das pessoas idosas no Desenvolvimento Social; Medidas para melhorar a proteção dos Direitos Humanos e a Dignidade das pessoas de idade avançada.

Segundo a HelpAge Internacional “as pessoas idosas devem tomar parte da discussão crescente sobre os direitos humanos. É a única forma de assegurar que a discussão e os seus resultados reflitam na realidade a sua experiência sobre os direitos humanos no processo de envelhecimento.

As pessoas idosas que vivem em diferentes contextos sociais e económicos transmitiram, num estudo feito recentemente, em que participaram 250 mulheres de 19 países que integram a campanha ADA - Adultos Idosos que Pedem Ação -, afirmaram que foram discriminadas em muitas áreas das suas vidas, incluindo o emprego, a assistência médica, serviços financeiros, programas de desenvolvimento e disposição da propriedade. Afirmaram, ainda, que estas atitudes são particularmente fortes entre mulheres viúvas ou solteiras, mulheres idosas em situação de incapacidade, mulheres do campo e imigrantes.

Afirmaram ainda a existência coletiva de um amplo tipo de violência, abuso e negligência, responsáveis em diversos cenários tanto privados - como o lar - como no público: tais como sistemas de transporte e acesso atempado a centros de saúde. Os estados e a sociedade devem garantir a igualdade perante a lei e na prática, e devem ter a obrigação de considerar o impacto de todas as suas decisões especialmente aquelas que têm como base a idade e os idosos.

Está, pois, aberto o mote para que exista uma discussão profícua, no sentido de ajudar a alcançar novas soluções para os problemas existentes a nível mundial especialmente no que se refere à mulher.

Na realidade cada mulher é protagonista da sua história, da sua intimidade, do seu mundo interior. Ela deverá decidir com quem quer compartilhá-lo. Tal como o homem é criada por amor e para amar. Fulton J. Sheen referiu: “O nível de qualquer civilização corresponde ao lugar que nela ocupa a mulher”. E S. João Paulo II referindo-se à mulher escreveu: “É preciso a intervenção ativa da mulher para promover uma nova cultura onde os conceitos de “amor”, “entrega” “serviço”, sejam compreendidos e vividos novamente”.

Maria Helena Paes






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