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terça-feira, 13 de junho de 2017

Procissão das Velas em Honra de Nossa Senhora da Porta do Céu nas Telheiras


Movida pela fé por esta Virgem belíssima cuja imagem data do século XVII, tendo sido encomendada pelo Príncipe de Cândia “a um primoroso escultor” (Frei Agostinho de Santa Maria, fiz-me ao caminho no dia 26 de Maio de 2017, pelas 21h30, até à Igreja Paroquial da Porta do Céu. Ao chegar, deparei-me com uma inscrição sobre a porta que referia: “Este templo é de Maria e chama-se Porta do Céu. Esta casa tal como foi anteriormente construída pelo Príncipe de Cândia, foi derrubada pelo terramoto… Dominus Deus, Deus meus”. Uma e outra vez somos confrontados com uma realidade que nos ultrapassa. Como gostaria de ter conhecido a Igreja original. Mas a vida é mesmo assim, ou seja, devemos dar graças a Deus por apesar da igreja ter sofrido tantas vicissitudes ao longo da sua vida secular, ainda se encontra a cumprir a nobre missão para a qual foi edificada. Na realidade, torna-se mais fácil destruir do que construir mantendo viva a sua história. Bem, mas não venho hoje contar novamente a sua história, mas sim participar na procissão, que se realiza desde o ano 2004. Chegou o momento de honrar e prestar as devidas honras à Nossa Senhora da Porta do Céu, ou seja, à nossa Mãe do Céu.


Quando entrei na Igreja, deparei-me com um andor todo decorado com flores brancas. Que lindo se apresentava! Nossa Senhora, parecia feliz, enquanto anfitriã, à espera dos paroquianos que viessem render-lhe uma homenagem, mas também, para agradecer e pedir a sua intercessão, para as suas intenções e necessidades. Os seus olhos brilhavam, o Menino ao colo, parecia recordar-nos que, apesar de pequenino, tão humilde, era filho de Deus. E Maria tinha em suas mãos uma chave de prata, ou seja, a chave da Porta do Céu. Nos tempos idos, a chave circulava entre as casas dos doentes da zona, sendo em particular depositada nas mãos dos moribundos, para que Nossa Senhora lhes abrisse a Porta do Céu. Trata-se de uma invocação não usual como padroeira de uma igreja, embora já utilizada desde os primeiros cristãos. Recordei a oração do século IV, que consta na sua pagela: “À vossa proteção nos acolhemos Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas nas necessidades, mas livrai-nos de todos os perigos Virgem gloriosa e bendita. Nossa Senhora da Porta do Céu, rogai por nós”.


O sacerdote, entretanto, deu início à Procissão. Um grupo de escuteiros, alguns muito jovens, deram o seu valioso contributo e testemunho, sendo os primeiros a sair, precedendo o andor de Nossa Senhora. Acenderam-se as velas. Que emoção, o andor da Nossa Senhora da Porta do Céu, iria percorrer durante mais de uma hora as ruas do bairro das Telheiras, acompanhada pelos seus paroquianos. Tão simples, contudo tão profundo o alcance desta procissão. Recordei uma frase do Santo Padre na sua recente deslocação a Fátima. “Queridos peregrinos, temos Mãe. Agarrados a ela como filhos, vivamos da esperança que assenta em Jesus pois,… aqueles que recebem com abundância a graça e o dom da justiça reinarão na vida por meio de um só, Jesus Cristo… Como uma âncora, fundemos a nossa esperança nessa humanidade colocada nos Céus à direita do Pai. Seja esta esperança a alavanca da vida de todos nós! Uma esperança que nos sustente até ao último suspiro”. 


A imagem de Nossa Senhora da Porta do Céu continuava a percorrer as ruas de Telheiras ao som de cânticos, orações, recitação do Terço, de meditações, muito iluminada pela luz das velas dos participantes. Por fim voltaria à sua Igreja para que Nossa Senhora entrasse em primeiro lugar para nos receber. Entretanto foi rezada a Ladainha a Nossa Senhora. E mais uma vez, Maria com o seu filho tão afável recebeu-nos em Sua casa, feliz pela iniciativa, pela participação, e certamente com as orações de todos os fiéis, guardadas no seu Santíssimo coração; a chave da porta do céu brilhava, recordando-nos que um dia nos aguardariam no céu. É bem certo que por Maria se vai a Jesus. Os paroquianos de pé firme cantaram os últimos cânticos à Virgem. O sacerdote depois de ter feito todos os agradecimentos, convidou-os a levarem para suas casas, como recordação, uma flor do andor. Ao escrever este artigo tenho-a bem perto de mim aos pés de Nossa Senhora. 

Como o Papa referiu: “Sob a proteção de Maria, sejamos no mundo, sentinelas da madrugada… e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor”.

Maria Helena Paes



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