Pedir perdão a Deus não é algo automático
(ZENIT – Cidade do Vaticano, 11 Maio 2017).- O Papa Francisco na
homilia da missa celebrada nesta quinta-feira na capela da Casa Santa
Marta, partindo da Primeira Leitura, extraída dos Atos dos Apóstolos,
indicou que “A salvação de Deus está em caminho rumo à plenitude dos
tempos, “um caminho com santos e pecadores”.
De fato, Jesus “deixou o Espírito”. E justamente o Espírito Santo
“nos faz recordar, nos faz entender a mensagem de Jesus: começa um
segundo caminho”. A Igreja vai avante assim, disse ainda Francisco, com
muitos santos e pecadores; entre graça e pecado”.
Um caminho necessário “para entender, para aprofundar a pessoa de
Jesus, para aprofundar a fé” e também para “entender a moral, os
Mandamentos”. E o que no “passado parecia normal, que não era pecado,
hoje é considerado pecado mortal”, como a escravidão. “Quando íamos à
escola, nos diziam o que os escravos faziam, eram trazidos de um lugar,
vendidos em outro, na América Latina se vendiam, se compravam … É pecado
mortal.
Hoje dizemos isso. Mas então se dizia: ‘Não’. Ou melhor, alguns
diziam que era permitido, porque essas pessoas não tinham alma! Mas era
preciso ir adiante para entender melhor a fé, para entender melhor a
moral. ‘Ah, Padre, graças a Deus que hoje não existem mais escravos!’. E
existem ainda mais!… mas pelo menos sabemos que é pecado mortal. Fomos
para frente: o mesmo com a pena de morte que era normal, uma vez. E hoje
dizemos que a pena de morte é inadmissível”. O mesmo vale para as
“guerras de religião”.
Em meio a este “esclarecimento da fé”, “esclarecimento da moral”,
“existem os santos, os santos que todos conhecemos e os santos
escondidos”. A Igreja “está cheia de santos escondidos” e “esta
santidade é que nos leva para frente, rumo à segunda plenitude dos
tempos, quando o Senhor virá, no final, para ser tudo em todos”. Foi
assim que o “Senhor Deus quis se mostrar para o seu povo: em caminho”.
Mas há outra plenitude dos tempos, a terceira, a nossa. Cada um de
nós chegará ao momento do tempo pleno e a vida acabará e deverá
encontrar o Senhor. E este é o nosso momento.
“Jesus – prosseguiu Francisco – enviou o Espírito Santo para que
pudéssemos ir em caminho” e é justamente “o Espírito que nos impulsiona a
caminhar: esta é a grande obra de misericórdia de Deus” e “cada um de
nós está em caminho rumo à plenitude dos tempos pessoal”. O Papa então
destacou que é preciso se questionar se acreditamos que “a promessa de
Deus era em caminho” e que ainda hoje a Igreja “está em caminho”.
Quando nos confessamos, também devemos nos perguntar se, além da
vergonha pelos nossos pecados, compreendemos que “aquele passo que eu
dei é um passo no caminho rumo à plenitude dos tempos”. “Pedir perdão a
Deus – advertiu – não é algo automático”.
“É entender que estou a caminho, num povo em caminho e que um dia –
talvez hoje, amanhã ou daqui 30 anos – me encontrarei cara a cara com
aquele Senhor que jamais nos deixa sós, mas nos acompanha neste caminho.
Pensem nisso: quando me confesso, penso nessas coisas? Que estou em
caminho? Que é um passo rumo ao encontro com o Senhor, rumo à minha
plenitude dos tempos? E esta é a grande obra de misericórdia de Deus”.
(Fonte: Radio Vaticano)
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