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sábado, 18 de fevereiro de 2017

Vamos Dar Uma Força

É este o mote para um novo artigo.”Vamos dar uma força a quem precisa”. Esta ideia surgiu quando comentava a possibilidade de, após de concluir as atividades já programadas, no pouco tempo disponível restante, procurar dar algum apoio a uma idosa, que possivelmente, se não a fosse visitar, ir-se-ia deitar, deixando ficar os seus pensamentos à deriva, com sonhos que só lhe fariam mal, porque a afastariam da realidade, uma vez que iria regressar a um passado longínquo, que nada de positivo acrescentaria, em prol do seu bem-estar presente e do desenvolvimento das suas capacidades cognitivas.

Sabendo que este esforço iria exigir muito de mim, preparei-me antes, no sentido de me sentir bem, para poder, de algum modo, ajudar. Um passeio de meia hora, usufruindo do sol de um dia de inverno, muito frio, à beira-rio, forneceram-me a energia necessária para enfrentar os constrangimentos, com os quais me iria, possivelmente, confrontar. Ainda assim, sai um pouco deprimida, com o estado confusional que encontrei, que se tinha agravado. É muito doloroso, ver alguém de quem tanto gostamos, encontrar-se cada vez mais debilitado, com menos lucidez. No meio da confusão, torna-se necessário, escrutinar, o que é real, o que é fruto da imaginação.

Quando saí, senti-me esvaziada, preocupada com o seu futuro, possuindo o sentimento de algum grau de impotência, perante o evoluir da sua patologia, consubstanciada no avançar da sua idade, sem saber se de algum modo teria sido útil. E como tínhamos festejado há cerca de um mês o Dia de Reis, recordo que um dos Reis Magos ofereceu “mirra”, ou seja, o sacrifício que não deve faltar na vida cristã. A mirra traz-nos a recordação da Paixão de Jesus: na cruz dão-lhe a beber mirra misturada com vinho (Cfr Mc 15, 23), e com mirra ungiram o seu corpo para a sepultura (Cfr. Jn 19,39). Refletir sobre a necessidade de sacrifício e de mortificação não significa juntar uma nota de tristeza.

“Mortificação não é pessimismo, nem espírito amargo”. A mortificação, pelo contrário, está muito relacionada com a alegria, com a caridade, com o tornar a vida mais agradável aos outros. Não consistirá igualmente em grandes renúncias que também são pouco frequentes. É composta por pequenos alcances: sorrir a quem nos incomoda, habituarmo-nos a ouvir os outros, evitar os bens supérfluos, fazer render o tempo que Deus coloca à nossa disposição… Coisas, insignificantes na aparência, que acontecem ao longo do dia sem que as procuremos. (F. Fernández Carvajal, Falar com Deus).

Encontrava-me absorvida com estes pensamentos quando recebi da Comissão de Desenvolvimento Social das Nações Unidas, alguma informação do Secretário-geral para o 55º Período de Sessões que teve lugar de 1 a 10 de Fevereiro em Nova Iorque, na sede das Nações Unidas, subordinado ao tema: “Estratégias de Erradicação da Pobreza para se Alcançar o Desenvolvimento Sustentável para Todos”.

A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, reconhece que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluída a pobreza extrema, é o maior desafio que o mundo enfrenta e constitui um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável. Ao colocar a erradicação da pobreza no centro da Agenda 2030 e ao comprometer-se que “ninguém fica para trás” e a “chegar primeiro aos excluídos”, a Agenda estabelece um ideal poderoso pretendendo sociedades pacíficas e inclusivas, tendo como base o respeito universal dos direitos humanos e a dignidade humana, o estado de direito, a justiça, a igualdade e a não discriminação. Assegura que todas as pessoas, independentemente da sua origem, podem concretizar o seu potencial na vida e levar uma vida digna e plena, num meio ambiente saudável, abordando a pobreza de um modo mais coerente, holístico e sistemático, procurando encontrar soluções de problemas mundiais cada vez mais complexos e interrelacionados…

De entre os inúmeros assuntos que irão ser abordados destaco: O Programa de Ação Mundial relativo às Pessoas Deficientes, programa de Ação Mundial para a Juventude, o Plano de Ação Internacional de Madrid sobre o Envelhecimento, Assuntos sobre a Família Políticas e Programas. A Sociedade Civil, dois dias antes, irá realizar um Fórum, que terá também lugar na sede das Nações Unidas, subordinado ao mesmo tema, cujas conclusões dos trabalhos serão apresentadas na mesa da Sessão de Abertura do 55º Período de Sessões promovido pelo Conselho Económico e Social das Nações Unidas.

Fiquei com algum grau de expetativa sobre o modo como irão decorrer estas sessões subordinadas a temas que se revelam, da maior importância para o futuro mundial. É bom acompanharmos, de algum modo, os esforços que estão a ser desenvolvidos.

Entretanto, à nossa dimensão, continuaremos a envidar todos os esforços no sentido de “Dar Uma Força a quem Mais Precisa”.
Maria Helena Paes








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