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domingo, 22 de janeiro de 2017

A importância de escrever à mão

No dia 23 de Janeiro celebra-se o “dia da escrita à mão”. Uma efeméride curiosa, bastante recente, que surge como resposta ao entusiasmo pelas tecnologias e particularmente pelo teclado como substituto da caneta. Poderíamos, mesmo, temer que a arte milenar da caligrafia rapidamente caísse em desuso. E, no entanto, também no âmbito das mais recentes tecnologias surgem aplicativos que utilizam - e em alguns casos incentivam - a caligrafia, programas que transformam palavras escritas no ecrã em escrita digital, ou jogos que estimulam as crianças pequenas a desenhar letras com os dedos no ecrã. E ainda bem! Existem inúmeras razões para valorizar a escrita à mão: são vários os estudos que revelam que os movimentos sequenciais das mãos necessários para a escrita activam as áreas cerebrais responsáveis pelo raciocínio, linguagem e processamento da memória. A ciência mostra, também, que a escrita, como outras  actividades motoras - pintar, colorir, desenhar e até fazer trabalhos manuais - é um exercício fundamental para treinar as redes neuronais do cérebro. E ainda que um texto escrito à mão pode revelar distúrbios nervosos ou certas doenças.

A caligrafia, no próprio acto de desenhar a letra, possui características únicas, individuais, feita de traços e sinais muito pessoais. E por esta característica que tão intensamente nos identifica é possível considerar a assinatura - nome escrito pelo próprio num documento - um acto de manifestação da vontade de assumir uma determinada responsabilidade. Neste tempo conturbado em que vivemos, uma “assinatura” que estabelece verdadeiros compromissos nas relações familiares, sociais ou nas relações internacionais tem especial valor! Para além do que a ciência nos diz, todos sabemos como a escrita à mão desperta ligações emocionais fortes porque cada um, na sua escrita única, deixa um bocadinho da sua personalidade: sabem-no os amantes que tão bem conhecem a letra do amado, sabem-no os pais que distinguem, emocionados, a letra de cada filho e sabem-no os amigos e os professores. Uma razão de peso para cultivarmos o hábito de escrever à mão.

a autora escreve segundo a antiga ortografia.

Rosa Ventura










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