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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

O Natal do Menino Jesus


É Natal! E as ruas enchem-se de luzes, as montras, de tão enfeitadas, tornam os produtos ainda mais apetecíveis. Vêem-se muitos dos motivos alusivos à época: árvores de Natal mais ou menos sofisticadas ornamentadas com as características luzes, bolas, fitas prateadas, coloridas, até a estrela dourada lá bem no cimo, e renas, Pais Natais  ... mas presépios, muito poucos, cada vez menos. Dir-se-ia que o Rei da festa, o menino Deus se tornou quase desconhecido. É necessário entrar no ambiente restrito da família ou percorrer as nossas aldeias para reencontrar o Natal do Menino Jesus, então, até a azáfama das compras e a preparação das festas nos transmite essa alegria tão própria do Natal. E, no entanto, esse anúncio extraordinário de uma “alegria destinada a toda a humanidade” ainda hoje, passados 20 séculos, se repete por toda a terra. Mesmo para aqueles que não são cristãos o espírito natalício é o desejo de algo melhor, de paz, de justiça, de amor, de família reunida, e é, talvez, a esperança num bem desconhecido em que nos deixamos envolver nestes dias.

Nas minhas andanças pela net encontrei, muito a propósito, a mensagem Urbi et Orbi de 1970, do Papa Paulo VI. Actualíssima!  É um texto poético, muito belo e enérgico que vale a pena recordar no momento presente. Para saborear neste Natal de 2016, apenas alguns pedacinhos: “tem, ainda, o cristianismo uma palavra adequada ao mundo moderno? Pode, ainda hoje, corresponder à capacidade receptiva do homem contemporâneo? Pode fazer-se compreender? Quem Nos ouvirá? Quem Nos compreenderá? (...) Cristo pequeno, inerme, mas luminoso Verbo de Deus insinuou sentimentos de bondade e de amor nos corações dilacerados dos homens e disse-lhes simplesmente: que quereis? Queremos ser libertados das ilusões, das frustrações, das injustiças, das repressões a que o mundo moderno, faltando às suas promessas, nos submeteu; queremos ser pessoas livres, verdadeiros homens, gente libertada da fome; queremos fazer do mundo uma família única, Gostaríamos ainda, imploram os homens de hoje, às vezes com desesperadora angústia, de ter uma esperança verdadeira, uma esperança que não morra com o tempo, uma esperança que garanta às naturais aspirações do coração, tanto maiores e mais exigentes quanto maior é a cultura e o progresso do homem de hoje, uma satisfação real e total.”. A cada pedido, a cada anseio do coração humano, o Menino Deus responde “ sou Eu ...”. Concluindo, o Papa, unido aos apelos dos homens de então, que são também os apelos dos homens de hoje, deixa-lhes a pergunta derradeira:  “Não compreendeis, pelas próprias sombras que se projectam assustadoras à nossa frente, que temos Cristo atrás de nós? é este o sentido dos votos de « Feliz Natal» que formulamos para todos vós e para o mundo.”

Sim, vale a pena festejar, com uma imensa alegria, o Natal de Jesus. É preciso que a mensagem de há 2000 anos não se desvaneça mas continue a ser a esperança que dá alento à humanidade: a crentes e não crentes, aos homens de todas as religiões, enfim, a todos os homens de boa vontade. 

A  autora escreve segundo a antiga ortografia.

Rosa Ventura








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