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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Portugal: «Ministro» da Cultura do Vaticano e Siza Vieira pedem diálogo Igreja-Arte

Foto: Diocese do Porto/João Lopes Cardoso
Comemoração dos 20 anos da igreja de Santa Maria, no Marco de Canavezes

Marco de Canaveses, 01 nov 2016 (Ecclesia) – O presidente do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé), cardeal Gianfranco Ravasi, disse hoje no Marco de Canaveses que a Igreja e a Arte devem retomar o “diálogo”, num debate pelos 20 anos da igreja de Santa Maria.

Após uma visita ao templo projetado por Álvaro Siza Vieira, acompanhada pelo arquiteto, o cardeal italiano participou no evento comemorativo ‘Conversas sobre arquitectura’, no qual sublinhou que “durante séculos, arte e fé caminharam juntas, eram duas irmãs de mãos dadas”.

Para D. Gianfranco Ravasi, é preciso combater a doença da “indiferença”, porque arte e fé “têm a missão de mostrar uma epifania do transcendente”, mesmo que o artista não seja crente.

No último século, houve “uma separação”, com a arte a ir “pelas ruas da cidade secular”; já a Igreja “fechou-se nas formas do passado”, inovando sem “gramática” ou voltando a propor “esquemas do passado”.

O ‘ministro da Cultura’ do Vaticano sente um “regresso do diálogo”, um caminho em conjunto, porque a missão da arte é “penetrar no sentido profundo” da realidade.

Siza Vieira, por sua vez, confessou que ficou “assustado” com “o tema arquitetónico” da igreja, que percorre séculos de história, com “muitos exemplos de grande arquitetura”.

O seu interesse nesta matéria foi particularmente alimentando pelas mudanças promovidas pelo Concílio Vaticano II (1962-10965): “Não basta seguir as referências, é necessário inventar qualquer coisa”.

A igreja de Santa Maria nasceu, por isso, num contexto de “dúvida e o diálogo”, porque ninguém pode pensar uma igreja “isoladamente”, segundo o arquiteto português.

Siza Vieira explicou que quis organizar o espaço em torno do eixo porta-altar, sem que houvesse “movimentos confusos”.

“Todo o processo de desenho desta igreja foi um caminho entre coisas, de certa maneira, opostas”, realçou, falando da novidade da reforma litúrgica e da “permanência” de séculos de história, num exercício “muito difícil”, que considera ter sido “conseguido”.

A comemoração do 20º aniversário da igreja de Santa Maria contou com a presença do bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, e do presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, D. Pio Alves.

O programa inclui conferências sobre os temas  “A receção da Igreja de Santa Maria pela crítica da arquitetura”, pelo arquiteto Jorge Figueira, e “Espaço sagrado e transcendência. Uma leitura da Igreja de Santa Maria” pelo cónego Arnaldo Pinho.

OC


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