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terça-feira, 27 de setembro de 2016

Rosa Branca, Rosa Branca…


A música sempre esteve presente na cultura da humanidade, é uma forma de arte amada por miríades de pessoas em todo o mundo, porque as une, as faz felizes e lhes serve de alimento para o pensamento, para a alma e para os sentidos. Fazendo parte do nosso quotidiano, em qualquer idade, latitude ou formação, ela vive sempre dentro de nós e toca profundamente a nossa essência humana.

A música é também considerada por muitos como uma modalidade que desenvolve a mente humana, promove o equilíbrio, proporcionando um estado agradável de bem-estar, facilitando a concentração e o desenvolvimento do raciocínio, em especial em questões reflexivas voltadas para o pensamento.

O Dia Internacional da Música comemora-se anualmente a 1 de outubro. A data foi instituída em 1975 pelo International Music Council, uma instituição fundada em 1949 pela UNESCO, que agrega vários organismos e individualidades do mundo da música.

Os objetivos desta efeméride são: Promover a arte musical em todos os sectores da sociedade; Divulgar a diversidade musical; e desenvolver alguns ideais da UNESCO como a paz e amizade entre as pessoas, a evolução das culturas e a troca de experiências.

No ano em que se comemora o centenário do seu nascimento no Porto, a 25 de Abril, eu não posso deixar de recordar o maestro RESENDE DIAS.

António Martins da Silva Dias, de seu nome, recebeu de sua Mãe – Professora Emília Resende – as primeiras lições de Música, tendo em seguida frequentado as Classes de Violino, Piano e Composição no Conservatório de Música do Porto, onde concluiu o Curso Superior de Violino com a classificação de 19 valores. Ainda adolescente, colaborou nas páginas infantis do “Jornal de Notícias”, de “O Primeiro de Janeiro” e dirigiu programas de variedades radiofónicos.

A FNAT do Porto confiou-lhe a Direcção de todos os Serões para Trabalhadores durante longos anos e, desde a sua fundação até 1983, integrou a Orquestra Sinfónica do Porto. 

Como compositor participou em Festivais Nacionais e Internacionais; nos dois primeiros Festivais da Canção Portuguesa, recebeu uma Medalha da Emissora Nacional pela canção “Maria do Céu” e uma Filigrana pela canção “Regresso”, canção que então lançou António Calvário e que foi gravada em muitos países. No Segundo Grande Prémio RTP da Canção Portuguesa, já disputado, ganhou o segundo lugar com a canção “Amor”, cantada por Artur Garcia. A Junta de Turismo da Figueira da Foz atribuiu o 1º Prémio à sua canção “Figueira”, que foi apresentada por Simone de Oliveira.

Nos Concursos das “Grandes Marchas Populares” onde, entre muitos outros concorrentes, chegou a acumular quatro grandes prémios no mesmo ano (1971): 1º e 2º em Lisboa e 1º e 3º no Porto.

A sua dedicação ao sector infantil destaca-se, particularmente, nos Concursos “Gala dos Pequenos Cantores”, na Figueira da Foz, e “Festival Rabelo Douro”, no Porto, com vários primeiros prémios, entre os quais  “Beijinhos.

Participou com assiduidade no Teatro de Revista e cerca de três dezenas de Revistas têm a sua autoria e foram exibidas com maior frequência em Lisboa (Parque Mayer e Monumental) e no Porto (Teatro Sá da Bandeira). 

A convite do cineasta António Lopes Ribeiro, improvisou ao piano acompanhamento sonoro aos filmes mudos transmitidos nalgumas séries do “Museu do Cinema” e a sua primeira colaboração no cinema data de 1941, no filme “Aniki-bóbó”, de Manoel de Oliveira, com produção de António Lopes Ribeiro.

A participação na Televisão foi diversa, destacando-se os Programas “Música Maestro” e “Os anos não contam”, que inteiramente lhe foram dedicados e preenchidos exclusivamente com músicas de sua autoria.

Para além da sua música continuar a ser divulgada em Espectáculos, Casas de Fado, na Rádio e na Televisão, alguns dos seus êxitos têm sido editados ou reeditados em suporte digital. Salienta-se “ROSA BRANCA”, escolhida por Mariza para integrar o seu CD “Terra”, o qual tem sido divulgado em todo o mundo. 

Por tanto que fez e por tudo o que ainda hoje representa, é um dever recordar este nosso maestro que tanto deu à música portuguesa, aos seus contemporâneos e a todos, na medida em que o seu exemplo e a sua obra permanecem vivos.

O seu nome, a sua presença sorridente e simpática, as suas doces melodias acompanharam muitos de nós ao longo das nossas vidas, pois bem pequeninos nos habituámos a ouvir, a cantar e a dançar ao som divinal da sua orquestra, do seu repertório, da sua forma de estar no mundo e na música, reflexo da integridade da sua pessoa, como homem, como pai, como amigo, como músico e como cidadão, em tudo exemplar.

Maria Susana Mexia





2 comentários:

  1. um bem haja ao Maestro Resende Dias, e que apareçam mais jovens a interpretar músicas deste grande artista, tal como a Mariza (Rosa Branca) e os Lucky dukes (Amor).

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  2. Chama-se "De rosa ao Peito" e foi feita pelo Maestro Resende Dias e José Guimarães para a Florência, que continua viva de boa saúde e a cantar! :)
    https://youtu.be/wpKtX6O8ELQ

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