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sexta-feira, 25 de março de 2016

“Eu sou muçulmano, mas quero encontrar-me com o Papa”

Grande emoção dos hóspedes do centro de Castelnuovo de Porto, dirigido por Auxilium, onde o Pontífice irá na tarde de hoje para lavar os pés de 12 refugiados

  Igreja e Religião


“Eu queria dizer ao Papa que os muçulmanos não são terroristas. Lamento pelo que aconteceu na França e na Bélgica”, escreve em uma carta – tornada pública pela TV2000 – Kamasso guiro, um rapaz senegalês muçulmano de 30 anos, hóspede do Centro de Acolhida para requerentes de Asilo de Castelnuovo de Porto, onde nesta tarde o Papa Francisco irá para a celebração do rito do lava-pés e da Missa da Ceia do Senhor.

A carta de Guiro é apenas uma de tantas que os hóspedes de Cara entregarão hoje a Francisco. Nela o jovem recorda o momento em que abandonou o Senegal “por causa das guerras internas no sul” do país. “Durante a guerra – diz – perdi a minha mulher e o meu pai e fiquei só. Fugi para a Itália para começar uma nova vida, trabalhar e morar em um País de paz”.

“Faz tempo – diz o jovem senegalês – que eu desejava encontrar-me com o Papa, mesmo que eu seja muçulmano, para agradecê-lo por tudo o que está fazendo pelos pobres e pela paz. Desejo ao Papa Francisco – termina a carta – uma vida longa e muita saúde. Agradeço a Itália por ter-me salvado a vida”.

O Papa, portanto, vai lavar os pés de 12 jovens, entre os quais Sira Madigata, 37 anos, muçulmano do Mali, que diz: “Eu estou aqui na Itália há 20 meses. Fiz uma viagem longa e perigosa através do deserto e do mar. Também poderia ter morrido. Para nós, muçulmanos, o que acontecerá amanhã é um símbolo de paz. Sou muçulmano e os meus pés serão lavados por um grandíssimo personagem como o Papa Francisco, líder dos católicos. Isso significa que a convivência é possível em todos os lugares”.

Entre os doze também uma menina italiana Angela Ferri, trabalhadora da cooperativa social que administra Il Cara: “Tenho uma história dolorosa nas costas. Há 20 dias perdi minha mãe e Auxilium quis dar-me este presente. Hoje será um dia especial porque o Papa Francisco é uma das pessoas mais importantes: ele me dá muita força”.

O mesmo entusiasmo anima Luchia Mesfun, mulher eritreia que atravessou o Mediterrâneo grávida para encontrar uma nova vida. Agora está na Itália com sua filha de 5 meses que chamou Merhawit, que significa liberdade: “Estou muito feliz, não há palavras para explicar a minha felicidade. O Papa vai lavar os nossos pés e para nós será um grande evento”, diz.

“Emoção e gratidão” foram então expressas pela Cooperativa Auxilium, que em um comunicado de imprensa declarou: “Este é mais um gesto de misericórdia do Papa Francisco com as milhões de pessoas que embarcam em uma viagem de esperança. O abaixar-se do Papa Francisco para lavar os pés dos migrantes e refugiados, só poderá ajudar a despertar as consciências de todos da indiferença e do não tornar-se responsável por cuidar daqueles que fogem em busca de uma vida melhor”.


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