O Santo Padre pede orações e
solidariedade com a Síria. Por ocasião da Jornada de oração e e reflexão
contra o tráfico de pessoas pede para que este crime e intolerável
vergonha seja vencido
Publicamos abaixo a tradução de ZENIT das palavras que o Papa
Francisco dirigiu hoje aos fieis reunidos na Praça de São Pedro, no
Vaticano, antes e depois da tradicional oração do Angelus do Domingo:
***
Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho deste domingo narra – na redacção de São Lucas – o chamado
dos primeiros discípulos de Jesus (Lc 5,1-11). O fato ocorre em um
contexto da vida quotidiana: alguns pescadores estão na beira do lago da Galileia e, depois de uma noite de trabalho sem pescar nada, estão
trabalhando e lavando as redes. Jesus sobre nas barcas de um deles, a de
Simão, chamado Pedro, e pede-lhe para distanciar-se um pouco da margem e
começa a pregar a Palavra de Deus às pessoas que se reuniram numerosos.
Quando terminou de falar, ele lhes diz para remar mar adentro e jogar
as redes. Simão já tinha conhecido a Jesus e experimentado o poder
milagroso de sua palavra, por isso lhe respondeu: “Mestre, trabalhamos
toda a noite e não pegamos nada; mas em tua palavra lançarei as redes”
(v. 5). E a sua fé não foi decepcionada: de fato, as redes se encheram
com uma tal quantidade de peixes que estavam rasgando (cf. v. 6).
Em face deste acontecimento extraordinário, os pescadores ficaram
cheios de espanto. Simão Pedro caiu aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor,
afaste-se de mim, porque sou um pecador” (v. 8). Aquele sinal prodigioso
convenceu-o de que Jesus não é só um óptimo mestre, cuja palavra é
verdadeira e poderosa, mas que Ele é o Senhor, é a manifestação de Deus.
E tal presença desperta em Pedro um forte senso da sua própria
mesquinhez e indignidade. De um ponto de vista humano acha que deve
haver distância entre o pecador e o Santo. Na verdade, precisamente a
sua condição de pecador requer que o Senhor não se distancie dele, da
mesma forma que um médico não pode distanciar-se de quem está enfermo.
A resposta de Jesus à Simão Pedro é reconfortante e firme: “Não
temas; de agora em diante serás pescador de homens” (v. 10). E mais uma
vez o pescador da Galileia, colocando a sua confiança nesta palavra,
deixa tudo e segue aquele que tornou-se o seu Mestre e Senhor. E assim
fizeram também Tiago e João, companheiros de trabalho de Simão. Esta é a
lógica que guia a missão de Jesus e a missão da Igreja: ir em busca,
“pescar” os homens e as mulheres, não para fazer proselitismo, mas para
restituir a todos a plena dignidade e liberdade, através o perdão dos
pecados. Esta é a essência do cristianismo: espalhar o amor regenerador e
gratuito de Deus, com atitude de acolhida e de misericórdia para com
todos, para que cada um possa encontrar a ternura de Deus e ter
plenitude de vida. E aqui, de forma particular, penso nos confessores:
são os primeiros que tem o dever de dar a misericórdia do Pai seguindo o
exemplo de Jesus, como fizeram também os dois Frades, pe. Leopoldo e
pe. Pio.
O Evangelho de hoje nos desafia: sabemos confiar realmente na palavra
do Senhor? Ou nos deixamos desencorajar pelos nossos fracassos? Neste
Ano Santo da Misericórdia somos chamados a confortar todos aqueles que
sentem pecadores e indignos diante do Senhor e abatidos por seus
próprios erros, dizendo-lhes as mesmas palavras de Jesus: “Não temas”.
“A misericórdia do Pai é maior que os seus pecados! É maior, não
temas!”. Que a Virgem Maria nos ajude a compreender sempre mais que ser
discípulos significa colocar os nossos pés nas pegadas deixadas pelo
Mestre: são as pegadas da graça divina que regenera vida para todos.
APELO
Com profunda preocupação acompanho a dramática sorte dos povos civis
envolvidos nos violentos combates na amada Síria e obrigados a abandonar
tudo para fugir dos horrores da guerra. Desejo que, com generosa
solidariedade, se dê a ajuda necessária para assegurar-lhes
sobrevivência e dignidade, enquanto faço um apelo à Comunidade
Internacional para que não economize esforços para levar com urgência à
mesa de negociações as partes em causa. Só uma solução política do
conflito será capaz de garantir um futuro de reconciliação e de paz
àquele querido e martirizado país, pelo qual vos convido a rezar muito; e
também agora todos juntos rezemos à Nossa Senhora pela amada Siria:
Ave, Maria…
Depois do Angelus
Queridos irmãos e irmãs,
Hoje, na Itália, celebramos o Dia pela Vida, com o tema “A
misericórdia faz florescer a vida”. Uno-me aos bispos italianos para
pedir, de parte dos vários sujeitos institucionais, educacionais e
sociais, um renovado compromisso a favor da vida humana desde a
concepção até o seu fim natural. A nossa sociedade deve ser ajudada a
curar de todos os atentados contra a vida, desafiando uma mudança
interior, que se mostra também através de obras de misericórdia. Saúdo e
encorajo os docentes universitários de Roma e todos os comprometidos a
testemunhar a cultura da vida.
Amanhã se celebra a Jornada de Oração e reflexão contra o tráfico de
pessoas, que oferece a todos a oportunidade de ajudar os novos escravos
de hoje a quebras as pesadas cadeias da exploração para recuperar a sua
liberdade e dignidade. Penso de modo particular nas tantas mulheres e
homens, e tantas crianças! Devemos fazer todo esforço para acabar com
este crime e essa vergonha insuportável.
E amanhã, no Extremo Oriente e em várias partes do mundo, milhões de
homens e mulheres celebram o Ano Novo Lunar. Desejo a todos que possam
experimentar serenidade e paz no seio das suas famílias, que constituem o
primeiro lugar em que se vivem e se transmitem os valores do amor e da
fraternidade, da convivência e da partilha, da atenção e do cuidado com o
outro. Que o novo ano possa trazer frutos de compaixão, misericórdia e
solidariedade. E estes irmãos e irmãs do Oriente Médio, que amanhã
comemoram o ano novo lunar, cumprimentamos com um aplausos daqui!
Saúdo todos os peregrinos, grupos paroquiais e associações
provenientes da Itália, Espanha, Portugal, Equador, Eslováquia e outros
países. São muitos para elencar aqui! Cito só os crismandos, os das
dioceses de Treviso, Pádua, Cuneo, Lodi, Como e Crotone. Estão todos
aqui, vejo-os! E saúdo a comunidade sacerdotal do colégio Mexicano de
Roma, com outros mexicanos: obrigado pelo vosso compromisso em
acompanhar com a oração a viagem apostólica ao México que realizarei
dentro de poucos dias, e também o encontro que terei na Havana com o meu
caro irmão Kirill.
Desejo a todos um bom domingo. Por favor, não se esqueçam de orar por mim. Bom almoço e até mais!
(Tradução ZENIT)
in
Sem comentários:
Enviar um comentário