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terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Pena de morte: o mundo percebe cada vez mais que não é aceitável

Explica o deputado italiano Marazziti em seu livro "LIFE, de Cain ao Califado, rumo a um mundo sem pena de morte"


"Vivemos uma mudança histórica no que diz respeito à pena de morte. A consciência do mundo percebe que a pena de morte não é mais suportável, como aconteceu há muito tempo com a escravidão”.

Disse o presidente do Comité para Assuntos Sociais da Câmara da Câmara dos Deputados da Itália, Mario Marazziti, ao comentar o seu livro “LIFE, de Cain ao Califado, rumo a um mundo sem pena de morte". Trata-se de uma crónica de 250 páginas da editora Mondadori primeiro escrito em Inglês e agora em italiano. O evento aconteceu durante um café da manhã com os repórteres que participaram em Roma de alguns cursos de actualização sobre Igreja e Religião, na Universidade da Santa Cruz.

"Eu tenho encontrado ao longo de 20 anos, explicou o antigo porta-voz da Comunidade de Santo Egidio - activistas contra a pena de morte, cada um fazendo algo de extraordinário, mas sem saber o que os outros estavam fazendo, dos que pediam uma moratória aos abolicionistas".  Ele destacou que a comunidade de Santo Egídio desenvolve um trabalho importante para reunir aqueles que se opõem à pena de morte.

Ao falar sobre os Estados Unidos, o autor lembrou que se trata de um mundo muito fragmentado e que a Suprema Corte dos EUA citou duas vezes, em 2000 e 2004, as normas internacionais sobre o direito, como uma razão para declarar inconstitucional a pena de morte para menores e pessoas com deficiência.

Ele acrescentou que o Estado americano de Nebraska aboliu a lei no dia 30 de Novembro de 2015, e, desde 2007 quase todos os anos um estado também o faz.

"Depois de estar no braço da morte no Texas, eu senti a obrigação moral de dizer o que acontece lá", disse Marazziti, que narra muitos casos em que o condenado muda e "acaba com uma ideia muito apurada de humanidade".

Ele também observou que a gravidade dos crimes nem sempre coincide com a pena de morte e que os executados nem sempre são os piores criminosos. Depende mais da severidade das leis do estado do que dos crimes.

O livro que foi pensado para os Estados Unidos e o Japão, mas depois para outros países, apresenta o tema a partir de treze pontos de vista.

Do ponto de vista dos familiares das vítimas que se paralisam na vingança deste ato; como de outros familiares que passaram do ódio para a cura. "A pena de morte promete executar a "cura", quando na verdade a cura não é imediata, mas requer um processo", disse o autor.

Também inclui os casos de inocentes, com estatísticas e os avanços das investigações graças ao adn, que permite um grande número de anulações de sentenças de crimes graves que foram baseados em testemunhos oculares e confissões. Outro capítulo é dedicado ao braço da morte no Texas.

O deputado italiano a partir dos dados fornecidos, destaca que, dos familiares das quase 168 vítimas do atentado de Oklahoma, apenas 12% concordaram em assistir a execução, demonstrando que a execução não cicatriza as feridas.

Neste processo de consciencialização que leva à abolição da pena de morte, recordou que o primeiro estado foi o ducado da Toscana, em 30 de Novembro de 1786. A primeira resolução de condenação das Nações Unidas chega apenas em 2007.

O autor também manifestou seu temor de que por causa da fraqueza das democracias europeias nesta fase histórica decida-se pela suspensão de algumas liberdades democráticas para fazer a guerra melhor. Um exemplo disso seria construir muros para impedir a entrada de imigrantes, considerando que "há muitos anticorpos diante dessa tentação”. 

in


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