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domingo, 29 de novembro de 2015

Ecumenismo e diálogo inter-religioso: uma urgência na África

A paz no continente africano, como no resto do mundo, é condicionada pelas relações entre as religiões

Roma, 27 de Novembro de 2015 (ZENIT.org)

Vão adiante na África, infelizmente, experiências de tipo fundamentalista que tornam difícil qualquer tipo de cooperação. Ainda estão abertas as feridas dos ataques no Westgate Mall, na Universidade de Garissa e em Mandera, que o pontífice recordou em seu discurso aos representantes das outras religiões em Nairóbi. Ao escolher a nunciatura apostólica como o local do evento ecuménico e inter-religioso, o papa Francisco deu à sua viagem apostólica um significado simbólico muito forte para a cultura africana.

Quando você quer estabelecer um vínculo de amizade sincera e familiaridade com a outra parte, você o convida à sua casa. A missão diplomática da Santa Sé na capital do Quénia é para os quenianos como "a casa do papa" em seu país. O observador e comentarista Ryszard Kapuscinski observou que o africano crê na existência de três mundos diferentes, mas ligados entre si: a realidade visível e tangível, os antepassados ​​mortos e o mundo espiritual. À cabeça desses três mundos está o Ser Supremo.


Sobre o mistério de Deus, cada comunidade tem sua própria cultura, sistema de crenças e costumes e sua própria linguagem e tabus, formando um emaranhado incrivelmente complicado. Os grandes antropólogos nunca falaram de "religião africana" em geral. A essência da África reside na sua variedade ilimitada. Essa variedade, no entanto, tem um denominador comum na forte religiosidade, em contraste com o Ocidente laico.


E é através das religiões que o papa espera estimular o diálogo, a reconciliação, a justiça e a paz na África. A Igreja católica na África é encorajada a continuar construindo pontes de amizade e, através de um ecumenismo espiritual orante e do discernimento da vontade de Deus, envolver-se no "ministério da reconciliação" (2 Cor 5,18) que nos foi confiado por Cristo.


Esta é a base do compromisso ecuménico de que o bispo de Roma é o intérprete e promotor. "Não podemos lutar pela reconciliação, pela justiça e pela paz na África sozinhos como Igreja", disse dom John Onaiyekan, arcebispo de Abuja, Nigéria, no segundo Sínodo da África.


O cardeal nigeriano considerava especialmente o islão se expandindo por todo o continente negro, assim como o catolicismo, em detrimento das religiões tradicionais africanas. Um dos pontos controversos do diálogo é o da solicitação de "reciprocidade" do mundo islâmico, não apenas em liberdade de culto, mas também ao compartilhar a fé, propondo-a em vez de impô-la.


Nos países de maioria muçulmana, existe a discriminação também nos direitos civis. Longe de confirmar a "morte de Deus", o recente surto do fundamentalismo religioso mostra a vitalidade do fenómeno da fé. A paz na África e nas outras partes do mundo é muito condicionada pelas relações entre as religiões.


Promover o valor do diálogo, portanto, é necessário para que os crentes trabalhem juntos em associações dedicadas à paz e à justiça, com espírito de confiança mútua, de apoio, educando as famílias nos valores da escuta paciente e do respeito recíproco. O diálogo com as outras religiões, especialmente o islão e as religiões tradicionais africanas, faz parte integrante da pregação do Evangelho e da atividade pastoral da Igreja em nome da reconciliação e da paz.

Padre Afonso Maria de Bruno

(27 de Novembro de 2015) © Innovative Media Inc.
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