Páginas

terça-feira, 23 de junho de 2015

Papa pede desculpas à comunidade valdense por parte da Igreja Católica

No templo de Turim, o Santo Padre recordou que a unidade é fruto do Espírito Santo e não significa uniformidade e agradeceu as boas relações entre católicos e valdenses

Roma, 22 de Junho de 2015 (ZENIT.org) Rocio Lancho García

O Santo Padre Francisco, em nome da Igreja Católica pediu desculpas à Igreja Valdense, "pelas atitudes e comportamentos não cristãos, até mesmo não humanos que, na história, tivemos contra vocês. Em nome do Senhor Jesus Cristo, perdoem-nos!”

O pedido aconteceu no templo valdense em Turim, onde Francisco chegou no início da manhã para estar um tempo com os fiéis ali reunidos. Esta é a primeira vez que um Papa visita um templo valdense.

O pastor titular da Igreja Evangélica Valdense de Turim, Paolo Ribet, deu as boas-vindas ao seu "irmão" Francisco. Ele lembrou que o Evangelho não é uma doutrina, mas uma pessoa. O moderador da igreja valdense na Argentina, Oscar Oudri, também se pronunciou, convidando o Papa para um encontro quando ele estiver na Argentina.

Por sua parte, o Papa disse que "um dos principais frutos que o movimento ecuménico já colheu ao longo dos anos foi a descoberta da fraternidade que une todos aqueles que acreditam em Jesus Cristo e são batizados no mesmo nome".

Francisco recordou que a unidade é fruto do Espírito Santo e não significa uniformidade. Por isso, ele lamenta que "aconteceu, como continua acontecendo, que irmãos não aceitam a diversidade e acabam fazendo guerra uns contra os outros". E disse que ao refletir sobre "a história das nossas relações", podemos lamentar os conflitos e a violência cometida em nome da fé e pediu "ao Senhor que nos dê a graça de nos reconhecer pecadores e de saber perdoar uns aos outros".

O Pontífice agradeceu a Deus porque as relações entre católicos e valdenses "são sempre mais fundadas no respeito mútuo e na caridade fraterna".

Entre as possibilidades de colaboração entre católicos e valdenses, o Papa citou a evangelização. Outra área, disse o Papa, é o serviço à humanidade que sofre, os pobres, os doentes, os imigrantes. "A escolha dos pobres, dos últimos, daqueles que a sociedade exclui, nos aproxima do coração de Deus, que se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza e, consequentemente, nos aproxima mais uns dos outros".

Por fim, o Santo Padre agradeceu aos presentes pelo encontro, que gostaria que confirmasse um novo modo de ser uns com os outros. “Olhando antes de tudo para a grandeza da nossa fé comum e da nossa vida em Cristo e no Espírito Santo, e só então, para as divergências que ainda suscitam”, afirmou.

O movimento valdense nasceu há mais de oito séculos com a experiência da conversão espiritual de um leigo, Valdo, comerciante, fundador de um movimento chamado "os pobres de Lyon". Em 1532, os valdenses que sobreviveram a perseguição se uniram à Reforma Protestante na sua forma calvinista. Perseguidos e isolados os três séculos seguintes, os valdenses obtiveram os direitos civis em 1848 e se espalharam por todo o país.

Após o encontro na igreja valdense, o Papa foi para o arcebispo encontrar-se com alguns de seus parentes. Com eles, de forma estritamente privada, ele vai celebrar a Missa e almoçar.



Sem comentários:

Enviar um comentário