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sexta-feira, 26 de junho de 2015

Francisco: Que os núncios não sejam uma casta superior, mas sim pastores com a caridade de Cristo

O Santo Padre recebe a comunidade da Pontifícia Academia Eclesiástica e lembra-lhes que para levar a cabo a sua missão devem ‘abandonar a atitude de juiz e vestir a roupa de pedagogo’, e ter a coragem de arar o solo ‘com as próprias mãos'

Roma, 25 de Junho de 2015 (ZENIT.org) Rocio Lancho García

A missão do Representante Pontifício requer encontrar pastores genuínos, com a preocupação de Deus e com a perseverança da Igreja, que sem se cansar, sabem que estão porque Deus não deixa que falte. São palavras do santo padre Francisco à comunidade da Pontifícia Academia Eclesiástica, que recebeu nesta manhã em audiência. Da mesma forma, o Papa pediu para os futuros núncios que procurem pastores “guiados pela bússola interior que orienta a própria vocação de pastor, com a medida exigente que deve ter consigo mesmo para não perder-se no caminho".

Como o Papa disse aos presentes, são preparados "para representar a Santa Sé perante a comunidade das nações e nas Igrejas locais à qual serão destinados”. A Santa Sé é a sede do Bispo de Roma, a Igreja que preside na caridade, que não se sente no vão orgulho de si, mas na coragem quotidiana da condescendência – ou seja, o abaixamento – do seu Mestre. Dessa forma, Francisco disse que "a verdadeira autoridade da Igreja de Roma é a caridade de Cristo”. E explicou que “é a única força que a torna universal e crível para os homens e o mundo; é o coração da sua verdade, que não levanta muros de divisão e de exclusão, mas faz de ponte que constrói a comunhão e chama à unidade do gênero humano”. Este é – destacou – o seu poder secreto, que alimenta a sua tenaz esperança, invencível apesar das derrotas momentâneas.

Por outro lado, também lembrou aos presentes que não são chamados "a ser altos funcionários do Estado, uma casta superior que se “auto preserve" e aproveite dos "salões mundanos", mas "a serem guardiães de uma verdade que apoia profundamente aqueles que a propõem, e não o contrário”.

É importante, salientou Francisco, que não esmoreçam por causa das mudanças contínuas, além disso, "é necessário cultivar raízes profundas, manter a memória viva do motivo do próprio caminho, não deixar-se esvaziar pelo cinismo, nem consentir que seja apagado o rosto daquele que está na raiz do próprio percurso, ou que se confunda a voz que deu origem ao próprio caminho”.

Além disso, o Santo Padre recordou-lhes que devem se preparar para serem pontes, “pacificando e integrando na oração e na luta espiritual as tendências de sentir-se superior aos demais, a superioridade do olhar que impede o acesso à essência da realidade, o pretender saber já o suficiente”.

E para realizar o melhor possível esta missão é necessário "deixar a atitude de juiz e colocar-se a veste de pedagogo, daquele que é capaz de fazer sair da Igreja e dos seus ministros as capacidade do bem que Deus não deixa de semear”.

Além do mais, encorajou-os a não esperar que o solo esteja pronto, mas a ter a coragem de ará-lo com as próprias mãos, “sem tratores e outros meios mais eficazes que nunca poderemos dispor”.

Em conclusão, o Papa recordou que a missão leva-los-ão a todas as partes do mundo. A Europa, "necessitada de acordar". A África, "com sede de reconciliação". A América Latina, "com fome de comida e interioridade". A América do Norte, que "procura redescobrir as raízes de uma identidade que não se define a partir da exclusão". A Ásia e Oceania "desafiadas pela capacidade de fermentar na diáspora e  dialogar com a variedade de culturas antigas".



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