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terça-feira, 23 de junho de 2015

A paz e o desenvolvimento dentro da ecologia humana

O papa Francisco nos alerta diante da tecnocracia e do malthusianismo, dois males que mancham o mundo e a humanidade.

Roma, 22 de Junho de 2015 (ZENIT.org) Antonio Gaspari

Mais uma vez, o papa Francisco surpreende o mundo inteiro. A encíclica “Laudato Si’”, a primeira que aborda pontual e organicamente as questões ambientais, é uma jóia de sabedoria, competência, amplitude de visão e soluções concebidas para libertar a humanidade de ideologias destrutivas e de interesses económicos mesquinhos e fragmentadores.
 
A encíclica abrange, de forma precisa e competente, todas as grandes questões: do aquecimento global ao uso indiscriminado e consumista dos recursos naturais; dos organismos geneticamente modificados ao animalismo que relativiza a dignidade humana; da poluição urbana à poluição social e económica.
 
O papa trata todas as questões ambientais mostrando amplo e detalhado conhecimento a seu respeito. Destaca os limites e oportunidades das diferentes soluções aplicadas e, em especial, convida a comunidade internacional e cada indivíduo a uma responsabilidade social maior, ressaltando que todo dano ao meio ambiente é um dano social e um pecado contra o Criador.
 
De acordo com o papa Francisco, a tecnologia sanou muitos males que afligiam e limitavam o ser humano, além de ser capaz de produzir beleza, mas o tremendo poder que os homens adquiriram nem sempre é compartilhado com os pobres e necessitados: esse poder pode ser usado com tamanho egoísmo a ponto de se tornar motivo de conflitos armados.
 
Tendo em conta os riscos de tecnocracia, o papa critica severamente o uso do ambientalismo para impor políticas de redução dos nascimentos, encorajar abortos, criar mercados para partes do corpo humano, alugar úteros e manipular embriões, alterar a natureza do matrimónio entre homem e mulher, explorar novas e velhas formas de escravidão.
 
Em vez de favorecer uma das partes em conflito, a tecnocracia utilitarista ou o ambientalismo neomalthusiano, o papa propõe uma revolução cultural, unindo os seres humanos numa batalha conjunta para incentivar as melhores qualidades económicas, científicas e sociais a fim de respeitar e cultivar o planeta, livrar as pessoas da idolatria da posse e construir um futuro de paz e desenvolvimento integral.
 
A encíclica afirma claramente que não cabe à Santa Sé decidir quais são as políticas a serem adotadas pelos governos e pela comunidade internacional no tocante aos problemas ambientais, mas, ao mesmo tempo, destaca a revolução operada por São Francisco na relação entre os seres humanos e o meio ambiente, entre as pessoas e o Criador.
 
Numa época em que os seres humanos tentavam se defender das condições adversas da natureza, São Francisco propôs reestabelecer uma unidade entre o louvor e a ação de graças ao Senhor pelos dons (sol, terra, água...) e pelos muitos bens que eles ofereciam à humanidade.
 
A encíclica do papa Francisco se dirige a todos, em particular aos homens de boa vontade: por isso é que o papa expõe o pensamento dos crentes com muita delicadeza, mas é impressionante descobrir como os textos sagrados e os sinais do Criador são tão fortemente imbuídos do amor apaixonado de Deus pela humanidade, a quem Ele deu a vida, um mundo maravilhoso e a capacidade de dar-se ao outro no tempo e na eternidade.
 
A encíclica “Laudato Si’” é uma contribuição entusiasmante para o crescimento social e civil de toda a humanidade. Um texto que marca uma revolução na época em que vivemos e que perdurará ao longo dos tempos.



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