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terça-feira, 31 de março de 2015

Os pais de Santa Teresinha, modelos para todos os pais

Frei Patricio, OCD, superior carmelita no Egipto, explica que "espiritualidade familiar não é ideia, é vida"


Cairo, 30 de Março de 2015 (Zenit.org) Frei Patrício Sciadini


Quase todos os dias ouvimos falar que a família está em crise, perdeu o seu rumo, e que os pais hoje em dia não sabem educar, que os jovens não querem mais ficar em casa e preferem viver longe dos pais e, dizem os psicólogos e a mesma Igreja, que os jovens, vendo as brigas super violentas dos pais, preferem nem se casar. Se diz ainda que o número dos divórcios aumenta cada vez mais e que o matrimonio não é estável, mas passageiro. O que importa é a convivência e a felicidade pessoal e momentânea... E ainda há quem diga com fundamento que a causa do número dos jovens que pegam o caminho da droga e não raramente o caminho do suicídio seja a desestabilização da família, como primeiro centro educacional sério e evangelizador. E a ladainha pode continuar e dizer por ex. que os jovens preferem “as diversões sexuais e afectivas”, mas sem uma ligação consagrada nem de Deus e nem da lei. E se por acaso, por descuido, aparecer uma gravidez, não há problema, o aborto é solução. Por aí vai.

Que a Igreja esteja preocupada com esta situação é comprovado pelo sínodo da família que se pensava que uma simples sessão fosse necessária e o Papa Francisco e os participantes se viram obrigados a prolongá-lo com uma outra sessão e pode ser que nem baste... Há sobre a mesa problemas grandes e graves que vão da homossexualidade às segundas núpcias, ao matrimónio de fato ou matrimónio “aparente, de fachada”. Pais e mães não são mais tão importantes, se pode comprar um pai e mãe de aluguer e tudo está resolvido. Poderíamos continuar no que se diz até escrever um livro, mas a que serve fazer análises se não se encontra a solução e o meio certo?

A Igreja nos oferece uma solução e um remédio eficaz através da canonização dos pais de Santa Teresinha, Zélia Guerin e Luis Martin. Um matrimónio que ao longo da vida conjugal viveu situações difíceis, mas que à luz da fé soube enfrentá-las corajosamente. Há mulheres santas e há maridos ateus, como casos na história da santidade, como por exemplo o pai de santo Agostinho, que se chamava Patrício, era ateu e Monica, a santa que com sua oração conseguiu converter um pouco o marido, mas totalmente o filho Agostinho, que tinha um péssimo caminho. Há casos de marido santo e mulher não santa. Aqui temos um caso especial, os pais, quer dizer marido e mulher, que serão declarados pela Igreja santos. Não uma santidade “honoris causa.” Mas sim uma santidade concreta, real. É interessante o livro “A história de uma família”, que conta a vida da família Martin, provada pelas mortes de recém nascidos, pela doença de Zélia, pela pobreza, vendo um pouco os negócios irem à falência, pelos desentendimentos com os parentes... E os dois, unidos na fé, na esperança e no amor. Dois caracteres totalmente diferentes e entre eles uma certa diferença de idade.

Os dois vinham de uma desilusão de vida religiosa. Sabemos que Luis Martin, homem reflexivo e um pouco solitário, quem sabe também um pouco depressivo, queria ser monge, mas não sabendo latim, foi enviado de volta para casa. O seu mesmo trabalho de relojoeiro o levava a passar tempo sozinho. Zélia, uma jovem boa, empreendedora, mas que sentia no seu coração o desejo da vida religiosa e sem saber o porque foi recusada. Os dois não sabiam que rumo tomar. A mãe de Luis Martin, preocupada pela idade do filho, que beirava os 37 anos, arrumou o encontro entre os dois, noivado rápido, nem três meses, e ei-los casados à meia noite do 13 de Julho de 1858.

Um Luis Martin que não quer filhos e quer viver a castidade, e uma Zélia que não quer filhos, mas o confessor santo que diz “matrimónio é feito para ter filhos”, e vão ter nove. Uma bela história de oração, de sacrifício, unidos na oração, no fazer o bem, preocupados com a educação das filhas.

Hoje é necessário “recriar” famílias que saibam colocar ao centro da vida Deus e os filhos, e não o dinheiro e nem a promoção social, nem o bem estar económico. O amor não é feito de jóias e nem de viagens, é feito de dom de si mesmo que gera a vida. Escrevi um livro sobre os pais de santa Teresinha com a editora Canção Nova, onde dizia que os pais de Santa Teresinha são pais normais, feitos de alegria e de tristeza e são imitáveis para as famílias normais. Nada de excepcional a não ser o amor vivido respeitando o caminho dos filhos. A História de uma Alma, autobiografia de Santa Teresinha, é o melhor testemunho do processo de canonização dos pais desta Santa. Espiritualidade familiar não é ideia, é vida. Todos os problemas da família têm uma única solução: crer no amor. Posso estar errado, mas isto é o que vejo na família de Jesus e de Zélia e Luis Martin.

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