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terça-feira, 24 de março de 2015

Homilia do Papa: Não há justiça sem misericórdia

Nesta segunda-feira na Casa Santa Marta, o Papa disse que "Nem eu te condeno" é uma das palavras mais bonitas porque está cheia de misericórdia


Cidade do Vaticano, 23 de Março de 2015 (Zenit.org)


Comentando as leituras do dia e também referindo-se a outra passagem do Evangelho, o Papa Francisco falou em sua homilia nesta segunda-feira em Santa Marta, de três mulheres e de três juízes: uma mulher inocente, Susana; uma pecadora, a adúltera; e uma viúva pobre necessitada. “Todas as três, disse o Papa, de acordo com alguns Padres da igreja, são figuras alegóricas da Igreja: a Santa Igreja, a Igreja pecadora e a Igreja necessitada".

Os três juízes são ruins e corruptos, destacou Francisco. Há o julgamento dos escribas e dos fariseus que levam a mulher adúltera a Jesus. "Eles tinham dentro do coração a corrupção da rigidez". Sentiam-se puros, porque observavam “rigorosamente a lei" e diziam: "A lei diz isso e se deve fazer isso". Mas "eles não eram santos, eram corruptos, porque tal rigidez só pode avançar em uma vida dupla, e esses que condenavam essas mulheres, depois, iam procura-las. Em segredo, para se divertir um pouco”. “Os rígidos são, usando o adjetivo que Jesus lhes deu, hipócritas: Eles têm uma vida dupla. Com a rigidez, nem mesmo se pode respirar".

Depois, há os dois juízes idosos que chantageiam uma mulher, Susanna, para que se conceda, mas ela resiste: “Eram juízes viciosos - sublinha o Papa - tinham a corrupção do vício, neste caso, a luxúria. Diz-se que quando se há esse vício da luxúria com os anos se torna mais feroz, mais ruim”.

Outro caso é o do juiz interpelado pela viúva pobre. Este juiz "não temia a Deus e não se preocupava com nada, nem com ninguém, mas com si mesmo". Era "um homem de negócios, um juiz que com seu trabalho de julgar fazia negócios". Era "um corrupto de dinheiro, de prestígio". Esses juízes, empresários, o vicioso e o rígido, observou o Papa, “não sabiam o que era a misericórdia".

“A corrupção não lhes permite compreender a misericórdia, ser misericordioso. E a Bíblia nos fala que na misericórdia se encontra o justo juízo. E as três mulheres, explicou o Papa, as figuras alegóricas da Igreja – a santa, a pecadora, a necessitada-  padecem desta falta de misericórdia”.

“Também hoje, continuou, o povo de Deus quando encontra estes juízes, é julgado sem misericórdia, seja no civil, seja no eclesiástico. E onde não há misericórdia, não há justiça. Quando o povo de Deus voluntariamente se aproxima para pedir perdão, para ser julgado, quantas vezes, encontra um destes”.

Encontra os viciados, que “são capazes de tentar abusá-los”, e este “é um dos pecados mais graves”: encontra “os mercadores”, que “não dão oxigénio àquela alma, não dão esperança”; e encontra “os rígidos que punem nos penitentes aquilo que escondem na própria alma”. “Isso – diz o Papa – se chama falta de misericórdia”.

"Queria apenas dizer – concluiu o Pontífice - uma das mais belas palavras do Evangelho que me comove tanto: ‘Ninguém te condenou? Não, ninguém, Senhor. Nem eu te condeno’. Nem eu te condeno: uma das palavras mais bonitas porque está cheia de misericórdia”.

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