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domingo, 29 de março de 2015

Anunciemos a Páscoa do Senhor!

Caros diocesanos e amigos:

Da parte do Senhor que nos colocou no meio de vós e à vossa frente como pastores queremos convidar-vos a celebrar e a viver uma Páscoa autêntica. Desculpai se começamos esta mensagem com algumas perguntas: chegamos à Páscoa trazidos por um percurso quaresmal de conversão a Cristo ou é a Páscoa que vem ao nosso encontro trazida pelo calendário? E como nos encontra ela? Instalados na nossa zona de conforto e precavidos contra qualquer surpresa, ou como pobres que esperam vigilantes a passagem do Senhor para recebermos a Vida abundante que, como filhos de Deus temos a receber em herança?

Sem Páscoa não há futuro.

Para esta sociedade do bem-estar com a psicose da segurança contra todos os riscos, a Páscoa tornou-se uma realidade estranha e insignificante que muitos preferem ignorar para que a vida decorra sem sobressaltos, como está programada, e continuemos todos a apodrecer num imobilismo egoísta e sem horizontes. Como escreveu Fernando Pessoa,
                      
                         Triste de quem é feliz!
                         Vive porque a vida dura.
                         Nada na alma lhe diz
                         Mais que a lição da raiz:
                         Ter por vida a sepultura.


“Páscoa” quer dizer “passagem”. Para o povo de Israel, escravo do Faraó, houve Páscoa porque Deus passou no Egito levando vida e liberdade aos que sofriam e semeando morte e destruição entre os egípcios. E porque Deus passou, também o povo de Israel passou o Mar Vermelho, atravessou o deserto e entrou na Terra Prometida. Para nós cristãos há Páscoa porque o Senhor Jesus Cristo passou deste mundo para o Pai oferecendo-Se na Cruz por nós, por nosso amor, em vez de nós, e ressuscitou para nos dizer que estamos livres dos nossos pecados e podemos passar por onde Ele passou: neste ano de 2015 há Páscoa para nós, se quisermos, e para quantos O quiserem seguir. A passagem que Ele abriu no meio da morte continua aberta para  passarmos de uma vida de escravidão, sem esperança e sem amor, para a vida plena que é a reconciliação e a comunhão com Deus e com o próximo cultivada desde já e progressivamente no seio da Igreja.

Sim, precisamos da Igreja para que haja Páscoa. Nela fomos batizados e nela renovamos a graça batismal no sacramento da Reconciliação. Nela celebramos a Eucaristia e caminhamos como irmãos para a casa do Pai onde Cristo nos espera, intercedendo por nós. Se te reconcilias com o Senhor e cultivas a vida cristã como membro vivo da Igreja, o mundo renova-se e é transformado.

Vençamos a inércia e a indiferença

Muitas vezes o Papa Francisco nos interpela para superarmos a indiferença por uma vida sempre em saída de nós mesmos ao encontro dos outros, sobretudo dos mais pobres, física e espiritualmente. Alguns cristãos ficam fechados nos seus grupos e devoções, sem viverem a alegria da missão. Cristo ressuscitado aparece aos Apóstolos e envia-os a todo o mundo, para levarem a Boa Nova da vida que Ele ganhou para nós. Envia sobre eles o Espírito prometido que os torna evangelizadores com Espírito. Muitos milhões através dos tempos acreditaram na Boa Nova e nós também, através do testemunho dos Apóstolos e da Igreja. Se chegou até nós e a recebemos, devemos transmiti-la. Quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra? (Lc 18, 8)

Esta interrogação deve estar sempre presente em nós para nos incentivar à evangelização. A Europa está envelhecida, demográfica e espiritualmente, e nós não podemos ficar de braços cruzados. Por isso a nossa diocese de Beja encontra-se a celebrar um Sínodo e o Papa Francisco convocou um Sínodo dos Bispos sobre a família e anunciou um Ano jubilar da Misericórdia, que vai começar na solenidade da Imaculada Conceição, no 50º aniversário do encerramento do Concílio Vaticano II.

Cristo ressuscitado é a nossa esperança e a nossa alegria. Na Sua Cruz gloriosa encontramos a sabedoria e a força de que precisamos para dar testemunho d’Ele., Impelidos pela Sua caridade, saiamos ao encontro de quem vive na solidão e na tristeza, com a Boa-notícia no coração e nos lábios: Cristo venceu a morte, ama-te e vem ao teu encontro para transformar a tua vida! Acredita n’Ele e seràs salvo!
 
A paz de Cristo Ressuscitado esteja convosco!

Rezai por nós.


† António Vitalino, Bispo de Beja


† D. João Marcos, Bispo Coadjutor



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