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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

O Papa em Estrasburgo: "Que a pessoa seja o centro e não a economia"

As raízes cristãs promovem a identidade da Europa e a protegem do utilitarismo, terrorismo e cultura do descarte. Convida a defender a vida, a família, a criação. Criar trabalho para os jovens e acolher os imigrantes.


Roma, 25 de Novembro de 2014 (Zenit.org) Sergio Mora, Rocio Lancho García


O Santo Padre Francisco hoje, em Estrasburgo, fez a viagem papal mais curta da história. No total, esteve menos de quatro horas na cidade francesa.

Após o desembarque, às 10h, o Papa foi transferido de carro para a sede do Parlamento Europeu, onde foi recebido pelo presidente Martin Schulz. Ali também havia uma multidão que o esperava, emocionada e com hinos ao Papas. Também alguns funcionários curiosos se aproximaram às janelas para presenciar a chegada do Santo Padre e imortalizar o momento tirando fotos com os telefones celulares.

Depois de ouvir os hinos, o do Vaticano, e o da União Europeia, tocados pela banda militar francesa enquanto a bandeira do Vaticano era içada, o Papa dirigiu-se de carro à entrada de honra do Parlamento: Espace Mariana de Pineda. Aqui foram apresentadas as duas delegações, dos 14 membros do Bureau do Parlamento e dos 8 presidentes dos grupos políticos da Assembleia.

Entre os cumprimentos do Papa aos presentes que estavam nos corredores, Francisco reecontrou-se com a anciã Elma Scmidt, a proprietária da casa que o hospedou em 1986 na Alemanha. Momento em que nenhum dos dois escondeu a emoção e a alegria. Enquanto caminhavam pelo Parlamento, foi possível escutar o Santo Padre falando algumas frases em alemão com o presidente Schulz.

Depois de algumas fotografias, Francisco assinou o livro de Ouro, trocou os presentes e finalmente o Papa se reuniu com o presidente Schulz, na presença de algumas autoridades políticas e eclesiásticas. O pontífice argentino deu um mosaico ao Europarlamento, com uma pomba da paz.

Às 11h15, o papa Francisco entrou no hemiciclo para a Sessão solene do Parlamento Europeu. Depois do discurso de Martin Schulz, o Papa pronunciou seu discurso, que foi interrompido várias vezes por aplausos.

Que a Europa gire ao redor da pessoa e não da economia
Em seu discurso, o Papa convidou os eurodeputados a "construir juntos a Europa, que não gire em torno da economia, mas da sacralidade da pessoa humana, dos valores inalienáveis". Uma Europa "que abrace com coragem seu passado e olhe com confiança o seu futuro para viver plenamente e com esperança o seu presente”.

O Papa destacou que “o ser humano corre o risco de ser reduzido a uma mera engrenagem de um mecanismo que o trate como um simples bem de consumo para ser utilizado, de forma que – lamentavelmente o percebemos muitas vezes – quando a vida já não serve para tal mecanismo ela é descartada sem muitos cuidados, como no caso dos doentes terminais, dos anciãos abandonados e sem atenções, ou das crianças assassinadas antes de nascer”.

As raízes cristãs da Europa
Considerou fundamental "o património que o cristianismo deixou" o que não constitui uma ameaça para a laicidade dos Estados e para a independência das instituições da União”. E que graças “às próprias raízes religiosas”, pode defender-se melhor de “tantos extremismos que se expandem no mundo actual, também por causa do grande vazio no âmbito dos ideais”, porque “é justamente este esquecimento de Deus, em vez da sua glorificação, o que gera a violência”.

Perseguição religiosa
Pediu também para não esquecer-se das “várias injustiças e perseguições que sofrem diariamente as minorias religiosas, e especialmente cristãs, em várias partes do mundo”.

Investir na família e na educação
"Dar esperança à Europa não significa só reconhecer a centralidade da pessoa humana, mas implica também favorecer as suas qualidades”. Por esta razão, é preciso “investir nela e em todos os âmbitos nos quais os seus talentos se formam e dão fruto”, disse.

"A primeira área – indicou Francisco – é certamente a da educação, começando da família, célula fundamental e elemento precioso de toda a sociedade”.

Defender a criação
O Pontífice também entrou na questão da defesa da criação: “Europa sempre esteve na vanguarda de um compromisso louvável em favor da ecologia", esclarecendo que os homens são "guardiães, mas não proprietários".

Trabalho
Sobre o trabalho lembrou que "é hora de promover as políticas de emprego, mas é necessário, acima de tudo, voltar a dar dignidade ao trabalho", que "não se dirija à exploração das pessoas, mas a garantir, através do trabalho, a possibilidade de construir uma família e de educar os filhos”.
 
Migração
"Não podemos tolerar que o mar Mediterrâneo se transforme em um grande cemitério”, disse o Santo Padre, e pediu “legislações adequadas que sejam capazes de proteger os direitos dos cidadãos europeus e de garantir ao mesmo tempo a acolhida aos imigrantes”.

Além disso, indicou que "a consciência da própria identidade é essencial nas relações com os outros países vizinhos", particularmente com aqueles que "sofrem por causa de conflitos internos e por causa da pressão do fundamentalismo religioso e do terrorismo internacional".

Dois mil anos unem a Europa ao cristianismo e concluiu afirmando que "dois mil anos de história unem a Europa e o cristianismo. Uma história em que não faltaram conflitos e erros, mas sempre animada pelo desejo de construir para o bem”.

Portanto, convidou a “promover uma Europa protagonista, transmissora de ciência, arte, música, valores humanos e também de fé. A Europa que contempla o céu e persegue ideais; a Europa que olha, defende, e protege o homem; a Europa que caminha sobre a terra segura e firme, precioso dom de referência para toda a humanidade”.


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